capítulo único

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Marco sempre estava um passo à minha frente, independente do quanto eu treinasse ou me esforçasse, ele sempre me vencia, sempre! E isso é tão irritante e frustrante. Sinto meu corpo queimar em pura fúria toda vez que aquele maldito tem a cara de pau de marcar mais uma vitória sobre mim.

Mesmo que nossos tipos pokémon não possuam nenhuma vantagem sobre o outro, parece que ele consegue virar totalmente a batalha para si com suas estúpidas estratégias. independente do quanto eu me esforçasse, ele sempre estaria a minha frente e me derrotaria.

E sempre foi assim, desde crianças até quando partimos em nossa jornada aos 10 pros 11 anos, exatamente no mesmo dia. Nascemos e crescemos em cidades próximas, eu em Lavaridge e ele em Rustboro, nossos pais são amigos de longa data, além de rivais, afinal, ambos eram líderes de ginásio em nossas respectivas cidades. Foi essa proximidade geográfica e de nossos progenitores que me apresentou a ele. 

Éramos parecidos em diversos aspectos, mas havia um que era totalmente perceptível: nossa paixão ardente pelo tipo fogo. E tal paixão nos aproximou ainda mais, naquela época ainda nos considerávamos amigos e passávamos horas e horas conversando sobre quais pokémons capturariamos quando crescessemos e pudéssemos ter nossa própria jornada. 

Entretanto, as coisas começaram a mudar quando chegou nossa vez. Seguimos juntos até o laboratório do professor pokémon e quando chegamos lá encontramos um problema: só havia um inicial de fogo. 

Em outras palavras, apenas um de nós receberia o pokémon inicial de nossos sonhos, o outro teria que escolher entre o de grama e o de água. Foi uma decisão difícil, mas, no fim, fora ele quem ficara com Torchic. 

Eu não pude conter minha irritação no dia e explodi, falei coisas que não deveria e sai de lá levando algumas pokébolas, disposto a capturar eu mesmo meu primeiro pokémon de fogo. Era inaceitável que eu começasse minha jornada com qualquer outra tipagem. 

Tanto o professor quanto Marco tentaram me parar, dizendo que era perigoso tentar fazer aquilo sozinho, sem nenhum pokémon para me proteger, mas eu não me importei e fui em frente, embrenhando-me na floresta em busca do meu primeiro companheiro. 

Depois de muito procurar, finalmente havia encontrado o que tanto procurava: um pequeno Fletchinder que bebia água tranquilamente no riacho. Me aproximei sorrateiro, segurando a pokébola com firmeza, apertando o botão para que ela se maximizasse e a pudesse utilizar. Quando estava perto o suficiente, lancei-a em sua direção, contudo, a ave rebateu a bola com suas asas e se virou em minha direção, usando uma de suas habilidades. 

Um forte vento era produzido por suas asas pequenas e tentei usar meus braços em frente ao meu rosto para me proteger. Algumas pedras batiam contra meu corpo e arranhavam minha pele, logo a ave de fogo lançava chamas em minha direção e eu não tive tempo para escapar daquele golpe. 

Foi quando Marco apareceu e novamente me venceu naquela disputa quase moral travada pela situação que nos encontravamos. Seu novo companheiro havia derrotado Fletchinder facilmente e o loiro o capturara em seguida. Eu estava frustrado, irritado, humilhado e, para piorar minha situação, aquele bastardo ainda teve a coragem de me oferecer consolo como o fraco e derrotado que eu deveria parecer para ele.

Nunca vou me esquecer do sorriso estúpido que ele trazia no rosto e na forma como havia sugerido que eu ficasse com o Fletchinder que ele havia capturado. 

Aquilo foi a gota d'água. 

Como eu poderia aceitar um pokémon que não fora capturado por mim? Ainda mais uma oferta de pena. Era humilhante demais começar minha jornada de um jeito tão patético. 

Com isso parti novamente em busca de outro pokémon. Durante boa parte do meu novo trajeto pude escutar os passos de Marco me seguindo, como se eu precisasse de sua ajuda, como se eu fosse fraco e frágil, como se eu precisasse ser protegido. Quando me virava para mandar ele parar de me seguir, o maldito dava de ombros e dizia que não estava me seguindo, apenas estava coincidentemente indo pelo mesmo caminho que eu. Uma óbvia desculpa esfarrapada, nem ao menos estava caminhando pela trilha, apenas andando aleatoriamente por aí.

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