Yuri: o menino que queria orar

17 0 0
                                    

Yuri tem doze anos. Alegre e muito gentil, todos gostam dele. Tem o hábito de ir à igreja todos os cultos. Quando Yuri vai à igreja, ele é bem recebido por todos. Abraços e elogios são o que recebe quando frequenta as reuniões.

Um dia Yuri decidiu não ver mais seus amigos da igreja. Não! Não era o amor por Deus que esfriara no coração de Yuri, foi algo que aconteceu no culto de oração que o desagradou e consequentemente o desanimou.

O fato desse garoto visitar aquela congregação, é porque ele via verdade em tudo, e amor sincero. As músicas, as pessoas, os sermões, tudo provia esperança para o pequeno Yuri. Então por que Yuri decidiu não ir mais para a igreja?

Como ele sempre estava presente na igreja e todos o estimavam, até cogitavam a ideia do seu batismo na primavera, um dos líderes da congregação e responsável pelo culto daquela noite, o convidou para orar.

Tamanha foi a decepção de Yuri, quando outro líder o proibiu de orar, tirando-o apressadamente do púlpito, alegando que Yuri não é apto a orar por não ser membro batizado.

Apto? Precisa estar apto para conversar com Deus? E como faço para "estar apto"? A última vez que soube de uma atitude como essa, foi com os puritanos do século XVII, vindos da Inglaterra. As fogueiras e forcas para punir os que eles julgavam "não aptos", nada de nobre deixaram no legado religioso.

Muitos caem na amarga ilusão de que já desfrutam de popularidade "americana verde e amarela". Não sou popular como muitos querem ser. Também não é minha pretensão! Sou público, sem o medo carcereiro das filtragens "amigos", "somente eu", "personalizado". Também não sou louco para correr o perigo de tropeçar na calçada da hipocrisia. Sou réu confesso. Gosto de elogios. De curtidas. De comentários; até de compartilhamentos. Mas desejar os aplausos jogados ao vento de quem age com uma prolixidade humana barata. Não! Definitivamente, prefiro ser impopular popular no meu mundo. Sabe? Aquele mundo que trocamos por uma irrealidade egoísta.

Por isso afirmo veementemente que muitas vezes se faz necessário quebrar o protocolo de vez em quando.

Sétimo Rabisco: contos que salvam - Morais NetoOnde histórias criam vida. Descubra agora