O Mágico

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Tudo que me foi dado encontrar na história do velho mágico, agora deposito à vossa frente. E tu, boa alma, deixe que este escrito seja teu amigo...

Perguntarás se é presunção ou apenas um relato sincero de uma testemunha ocular. Não, não se engane! O Mágico tinha um dom que Deus lhe confiou em dia de sol. Era dileto por aqueles que o conhecia - e pelos que só ouviram falar de sua diligência com qualquer serviço, também.

O Mágico foi sábio quando disse que "não é por força, nem por violência, mas pelo Espírito" que logramos êxito na vida. Seu poder estava no ato de repetir o que já foi feito. Sem novidades. Sem surpresas. Obedientemente, dava os mesmos passos no solo da nobreza e da humildade. Cantava as mesmas orações com máxima celeste. Sua indumentária era simplista, mas não obsoleta.

Alimentava-se de um pão composto de verdade e eternidade. Era luz seu olhar. Com olhos de fogo, observava tudo e todos. Ele era solícito, que podia fazer? O tempo já não o castigava com dores, muito menos com rugas. Os pássaros vinham até ele sem precisar chamá-los. Estes, quando gorjeavam, já se tornava atemporal também. Contava e ouvia histórias com sabor de gargalhada.

Tanto os avançados em idade quanto os que bastante ainda tinha à aprender, o respeitavam, como se respeita o filho do rei. Ele era Rei! Ele era Filho! Ele era Deus!

Os que não o conhecem dizem que ele morreu. A morte não o alcança! Ele vive. A natureza grita seu nome quando os sons da terra abafam mais a voz de amor. Ele vive. Em você. Em mim.

O mágico não era mágico, era um sacerdote, e profeta também. Por ser benquisto, era imitado. Quem o imitava, também se transformava em mágico, quis dizer, em sacerdote e profeta. Eu o imito. E os milagres acontecem.

Sétimo Rabisco: contos que salvam - Morais NetoOnde histórias criam vida. Descubra agora