Agridoce | WEUS

01: Comece a me caçar, assim como eu te caçarei.

DongJu não tinha dormido na noite anterior, suas pernas ansiosas passavam a noite balançando impedindo que pregasse os olhos pelo menos um segundo, tudo isso por causa daquela festividade que ao seu ponto de vista era pura bobagem. Nunca teve a vontade de participar, era permitido fazer isso desde que completou a maioridade, mas diferente do seu irmão que adorava se divertir correndo naquele festival — mesmo sem achar um cheiro interessante para si —, DongJu simplesmente não tinha interesse algum em seguir o odor de um completo desconhecido.

Sabia que o fato de não ter interesse em participar daquilo preocupava seus pais, já que era muito aterrorizante para eles ter um filho vivendo sozinho para sempre, o Son mais novo até gostava da ideia, contudo, tinha sido inscrito naquele evento bobo daquela vez, então pelo menos uma vez na vida iria participar daquilo, como uma promessa para agradar sua mãe. Já tinha bolado todos os planos possíveis para não ser achado e nem achar ninguém durante toda a noite do festival.

— Parece que passaram em cima de ti. - KeonHee ditou risonho, entrando no quarto de DongJu juntamente de HwanWoong e DongMyeong. — Myeong contou que a mãe de vocês colocou você no festival, você já arrumou alguma desculpa para fugir?

— Eu irei. - Os três lhe olharam chocados, suas orelhas se achataram no topo da cabeça. — Mas irei me esconder para ninguém me achar, não tenho vontade de ter alguém amarrado a mim nesse momento.

— Você poderia dizer isso simplesmente. - Yeo pulou em cima dele na cama. — Nós iremos participar também esse ano. - Apontou para si e para o Lee que havia se jogado no chão junto de DongMyeong. — Giuk também vai?

— Ele disse que iria, mas capaz de desistir quando lembrar que precisa correr. - DongMyeong retrucou arrancando risadas dos outros. — Sério, a pessoa que se enrolar com ele, vai ter que carregar ele no braço depois, nunca vi um serzinho com tanta preguiça, ele nem tem espírito de uma para ser tão assim.

— É o espírito felino que me consome. - Os presentes no quarto viraram o olhar para a porta, GiWook vinha com uma mochila nas costas. — Me expulsaram de casa mais cedo hoje, vou dormir por aqui.

— Não tomou banho de novo? - O garoto simplesmente ignorou o melhor amigo e sentou-se no chão junto deles. — Podemos te encobrir caso você não queira participar.

— Não precisa, eu só vou querer um moletom do GiWook para cobrir meu cheiro um pouco mais... O cheiro cítrico dele vai facilmente cobrir o meu.

— Mirtilo com limão, isso me deu foi fome. - KeonHee reclamou. — Você realmente não quer conversar com a pessoa interligada a ti, né? - O outro apenas negou, afundando a cabeça na almofada, não sabia quem era e não tinha o mínimo interesse para saber. HwanWoong apertou um pouco seu ombro e sorriu levemente, ele não era bom com palavras, mas sabia que o amigo precisava de apoio naquele momento.

Estava sendo obrigado a algo que evitava.

Passaram a manhã toda concentrados em distrair DongJu, apesar dele ter alegado estar tudo bem e que não precisava daquela comoção toda, entretanto, foi só o cair da noite chegar, que a fachada de calmaria do Song mais novo caiu por terra.

— Você vai vestir um moletom e amarrar o outro na cintura? - Giuk entregou seus dois moletons com a testa franzida, DongMyeong suspirou enquanto observava o irmão resmungar sem dar ouvidos a eles. KeonHee e HwanWoong já haviam ido até o começo da corrida e os três tinham ficado para trás por causa dos planos de Dongju.

— Vou precisar de algumas coisas também, preciso ser rápido em armar algumas artimanhas para escapar. - Pegou a mochila que havia preparado mais cedo, assustando os outros dois com todas aquelas cordas e facas.

— DongJu, não cometa um assassinato, por favor. - DongMyeong choramingou. — Você poderia pelo menos conversar com a pessoa, sabe? Dizer que não tem interesse e pronto.

— Nem pensar! Você sabe como são as pessoas nesse ritual, cheio de feromônios prontos para se embolar com seu escolhido.

Enfim os três saíram de casa, caminhando em passos rápidos — com DongMyeong arrastando os outros dois — até a largada do evento, encontraram KeonHee e Hwanwoong junto de SeoHo, o mais velho estava avisando de alguns perigos que poderiam ter pelo meio da mata, como buracos e algumas plantas com espinhos.

— Você é o instrutor do ano? - O Song mais velho indagou para o híbrido de cobra, esse que apenas sorriu largo e negou.

— Participo por muitos anos, acho que desde que completei a maioridade... Bem, não mais anos que o velho do YongHoon, mas poderia dizer que estou tão sem esperança quanto ele quanto a isso. - Gargalhou.

— Por que ainda participa, hyung? - DongJu ousou perguntar enquanto os outros se encaravam sem saber o que falar. — Digo, se está tão sem esperança, por que continua vindo todo ano?

— Quem sabe. - Deu de ombros. — Talvez meu extinto teimoso não me deixe aceitar que talvez não tenha um par. - Ouviram os chamados dos anciões da vila. — Bem, lembrem-se de tomarem cuidado, mesmo que seja uma corrida de aromas, não é bom se machucarem por esses buracos.

— Tudo bem hyung. - Os mais novos ditaram em uníssono, se despedindo do mais velho logo em seguida, enquanto o mesmo ia em direção a um YongHoon choramingando.

— KeonHee, creio que essa seja sua chance. - HwanWoong sussurrou para o azulado de orelhas longas, apontando discretamente para aquele que já havia levado o coração do seu amigo há anos. — Tome a dose de coragem hoje, você sabe o cheiro dele, certo?

— Como posso esquecer? Maple não é um aroma comum por aqui e ele cheira tão doce assim. - O Yeo apenas sorriu com a moleza do amigo. — Espero que ele se atraia pelo meu.

— Claro que vai, relaxa com isso. - Bateu no seu braço, enfim prestando atenção nas instruções dos anciões. A regra da corrida era clara: sinta o cheiro, escolha o que atrai seu instinto e corra atrás. Sem necessidades de lutas, uma alma sabe qual o cheiro certo para si.

DongJu nem ao menos escutou até o final, precisava sair antes caso quisesse tempo para bolar suas armadilhas e o local de esconderijo até o final da corrida.

— Sinto pena de quem for vim atrás de mim. - Gargalhou pulando todos os buracos que SeoHo havia sinalizado para que não fossem perto, o Song tinha percebido de primeira que aquele era o local certo para si. — Algumas cordas e folhas, qualquer bobão ou bobona vai ser pego. - Ditou confiante.