O que pessoas tristes são capazes de fazer?

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"Não és bom nem és mau… És triste e humano." Olavo Bilac.

Março de 2013, 10h, dia 10.

O famoso barzinho da esquina normalmente ficava lotado nas sextas-feiras, sendo o dia mais movimentado da semana depois das dezoito horas quando trabalhadores e universitários se juntavam para tomar uma birita. Byun Baekhyun chamou os colegas na intenção de encher a cara, isto porque precisava esquecer das aflições corriqueiras e de ajuda na volta para casa.

Os cinco amigos reunidos numa pequena confraternização em grupo rodeavam a mesa cheia de cerveja e comida típica da grande cidade de Busan. A festa que eles e os demais desfrutavam com muita devassidão, estava cercada sonoramente pelos melhores do Rock Internacional.

— Ei, ei. Ficaram sabendo da nova namorada do chefe? — Sussurrou Jongin, um moreno de cabelos escuros e rebeldes, inclinando-se sobre a mesa para que apenas os parceiros ouvissem. Até o momento, ele ainda estava sóbrio.

— Namorada? — Indagou Baekhyun, tomando um gole nervoso da cachaça, em simultâneo, segurando o cigarro com os dedos trêmulos. Seu pescoço, olhos e nariz ficavam ridiculamente vermelhos quando entrava num processo rápido de embriaguez, dando-lhe uma aparência debilitada. — Qual delas? Ele tem tantas. — Murmurou, forçando um sorriso.

Do KyungSoo era o chefe do departamento administrativo da EYE'S, uma das empresas de artes visuais mais importantes do mundo, a sede principal ficava na Coreia do Sul e as filiais pelo mundo. Haviam rumores de que esse tal KyungSoo e a secretária dele marcavam rápidos encontros em sua sala particular, conseguiam ser tão discretos que passavam mais de meia hora trancados no escritório.

— Temos alguém que não sabia... — Lamentou Chanyeol ao exibir uma falsa expressão de tristeza. Levantou o copinho e brindou com o parceiro ao lado, Jongin. Pareciam se divertir da situação lamentável do colega. — Todo mundo viu eles saindo juntos na terça.

Baekhyun negava-se a acreditar na fofoca.

Quanto mais soubesse dos beijos que o chefe trocava com outras pessoas, mais seu coração doía e sua alma contorcia-se em agonia intrínseca. Eles tinham ciência do Byun ficar entristecido quando ouvia aqueles rumores, no entanto, diziam conselhos genéricos de superação para que o mesmo não ficasse tão atribulado. Mas claro, depois de muitos risos e piadas sobre seu platonismo.

Apesar do sentimento, ele deixava transparecer descontentamento a ponto de estar pálido, de olhar caído e o punho cerrado sobre a mesa como se estivesse prestes a socar o primeiro a falar sobre Do Kyungsoo - o filho da puta que mexia dolorosamente com seu coração -, outra vez.

Odiava escutar certas fofocas, devido às ondas de tristezas amargurantes e carências sufocantes que encarava no decorrer dos dias.

Ficava melancólico e pensativo à medida que o ponteiro do relógio transitava entre átimos, buscando abrigo nas drogas para fugir de uma realidade problemática. Tentou procurar ajuda por meio da internet, mas os sites sempre diziam a mesma base: desabafar, chorar, nunca deixar os sentimentos te sufocarem e se fosse possível, deveria buscar ajuda psicológica. Na teoria tudo se mostrava fácil, mas para Byun, a prática era duas vezes mais difícil.

— O que foi, Baek? — Oh Sehun, o estagiário do patrão, perguntou num tom debochado. — Qual é? Todo mundo sabe, eles vivem no pega-pega. — Disfarçou o sorriso mínimo ao beber seu Red Bull.

Junmyeon completamente bêbado, empurrou Jongin, interrompendo-o quando iria comentar algo. — É aquela gatinha da recepção? Ire-rene? — Sua fala estava mais embolada que o estômago de Byun ao ouvir o nome daquela mulher. — Sem querer vi os dois se beijando perto do banheiro… — Cochichou entre risos.

ANECDOCHE: não há pior inimigo que um falso amigo.Onde histórias criam vida. Descubra agora