O Demônio Vermelho.

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Onde eu cresci, a caça as bruxas estava em alta, qualquer pessoa tecnicamente defeituosa, era tida como motivo de chacota para toda a vila.

O que foi a minha situação por diversos anos...

Nasci com três marcas de nascença, uma longa embaixo de cada olho e uma pequena em minha testa. Sem contar que essa maldita inquisição contra as bruxas me tirou um braço a cerca de dez anos... Cresci sozinho, ser um órfão já era motivo demais de desonra na região, mas o mundo parecia adorar me jogar cada vez mais desgraças, por cerca de quinze anos, fui a pessoa alvo de todos os insultos e ofensas que a vila precisava para se divertir.

Até que ela apareceu...

Quem iria se importar com um simples artesão sem um braço quando se tem uma mulher como aquela por perto?

Seus cabelos castanhos longos e brilhosos, olhos gentis e com um brilho que nunca sumia, um corpo delicado porém forte e saudável, um conhecimento inigualável sobre todas as ervas da região e sobre medicina, sem contar a personalidade gentil e doce, não existia alvo melhor para aquelas donas de casa e para os pervertidos que não podiam ver uma mulher bonita e sozinha, mesmo que ela nunca estivesse sozinha, essa era a nossa suposta bruxa, a neta da antiga curandeira, Amber.

Eula Lawrence, filha do antigo maior caçador da região, dona de uma força inigualável e uma personalidade ligeiramente péssima, a única pessoa que defendia nossa suposta bruxa, mesmo contra a vontade de todos, incluindo sua própria família. Dizem que a suposta bruxa, é na verdade apaixonada pela filha da casa Lawrence, além de apaixonada, seu amor é recíproco, porém ninguém da vila aprovava o envolvimento das duas.

Isso apenas comprovava ainda mais a suposição de que Amber era na verdade uma bruxa na visão dos conservadores, diziam que ela tinha enfeitiçado Eula e que iria roubar sua vida após tomar seu coração.

Sinceramente, eu não me importava muito com tudo isso, as fofocas da vila e tudo que aqueles velhos pensavam era de certa forma inútil para mim. Já agradecia muito por terem parado de pegar no meu pé, não sei quanto tempo passaram cantando algo do tipo "Xiao sem braço", era irritante, mas não tinha o que eu fazer, era menor e mais fraco que as outras crianças, sem contar que era verdade, eu não tinha um braço.

Eu não me importava com ninguém naquele lugar, estava a doze anos vivendo sozinho naquele lugar, abandonado desde os três anos, perdi um braço com cinco, de que aquele lugar me ajudou? A comida que tinha quando criança vinha de furtos que geravam diversos cortes e hematomas devido as surras por ter roubado, quando perdi o braço, tive que aprender a fazer brinquedos de madeira com pedaços de lenha que encontrava na floresta, afinal sem o braço, não conseguia mais furtar, isso tudo com poucos cinco anos de vida, existe quem diga que a igreja ajuda pessoas em situação igual a que eu me encontrava, mas não era o meu caso.

De certa forma eu era incrível, aprender a fazer algo complicado com apenas cinco anos, eu poderia ser um gênio, mas ninguém naquele lugar me veria daquela forma.

Eu não tinha nada contra Amber, mas não a ajudava, não, não iria aguentar ser alvo novamente dessa vila nojenta e dessas pessoas horríveis. Para ser sincero, eu sou estava a anos farto daquele lugar, mas não tinha para onde ir, ouso admitir que a primeira oportunidade de sair daquele lugar, não importa a forma que fosse, eu iria agarrar de todo e quais quer jeito.

- Você pensa demais na bruxa, 'pra uma pessoa que poderia facilmente virar alvo.

Uma voz doce me fez sair de meu transe, a dona, não podia ter uma personalidade pior. Filha do chefe da vila, Lumine era a que mais perturbava a vida da suposta bruxa, segundo as fofocas ditas pelas idosas e pelas donas de casa, a loira odiava ver toda aquela atenção e comoção dos homens sobre Amber, os garotos, diziam ser inveja, pois por mais bonita que Lumine fosse, a morena sempre era superior a garota loira.

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