Capítulo 4 Jaulas e Maldições

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Trim... Trim... Trim... Rebecca tateava no escuro quarto do hotel, à procura do telefone. Trim...

— Estou indo, estou indo - dizia ela. Finalmente encontrou o telefone. Do
outro lado, escutou a voz de Betty.

— Desculpe incomodar, mas acho que você deve saber o que está acontecendo.

— Que horas são? - perguntou Rebecca, procurando o interruptor de luz.

— Bem, aqui são dez horas - foi a resposta de Betty. Rebecca acendeu a
luz e olhou para o seu relógio de pulso.

— Opa!, aqui já é uma hora da madrugada. O que está acontecendo?

Rebecca e Elaine estavam na parte leste dos Estados Unidos, dando palestras. Tinham se deitado havia apenas uma hora, o suficiente para que fosse muito difícil acordar. Ambas estavam exaustas, pois estavam chegando ao fim de uma semana exaustiva de seminários.

— Ester e eu fomos à sua casa esta noite. Estou muito preocupada com o
casal que Sara (não é este o seu nome real) está hospedando lá.

Rebecca ainda estava um pouco confusa de sono.

— O que você quer dizer com isso? Sara sabe que quando está cuidando
da casa para nós não deve permitir que ninguém entre em casa sem a nossa a
permissão pessoal.

— Eu sei, mas acho que ela está sendo ludibriada e controlada - explicou
Betty. - Ela acha que este casal serve a Jesus Cristo. O homem diz ser um
"profeta de deus", mas eu realmente questiono a que deus ele está servindo.

Rebecca pôs-se sentada, agora bem alerta. O que acabara de escutar
despertou toda a sua atenção.

— De onde veio esse sujeito, e há quanto tempo ele já está lá? -
perguntou.

— Bem, não sei exatamente de onde ele veio, mas já está lá há dois dias.
Ele e a esposa viajam em um trailler. Parece que Sara os conheceu há uns dois ou três anos. Esse "profeta" diz que foi enviado à sua casa por "deus".

— Então o que fez ele, que a levou a crer não ser ele um verdadeiro servo
de Jesus Cristo? - perguntou Rebecca.

— Várias coisas. Em primeiro lugar, a esposa dele senta-se no sofá revirando os olhos para cima e para dentro, murmurando algo parecido com
encantamentos, agitando-se para a frente e para trás cada vez que o marido dela está explicando algo. Tentei duas vezes falar com ela, mas ela não respondeu. Parecia estar em alguma espécie de transe. O que mais me chamou a atenção foi quando ele começou a nos contar que havia tido um cachorro, que amava muito. Ele nos disse que "deus" havia lhe dito que ele amava aquele cachorro em demasia. Então teria que sacrificá-lo, tal como Abraão teve que sacrificar Isaque.
Ele disse que levou o cachorro para fora, matou-o e sacrificou-o! Ele também nos disse que vê o mundo espiritual o tempo todo. Falou muito de ter visto lobisomens. Disse que vê demônios o tempo todo e que vê os lobisomens no plano do espírito. Os cristãos não vêem no mundo espiritual o tempo todo dessa forma. Eu nunca consegui obter uma declaração dele a respeito de a quem ele serve. Ele sempre se esquivou de minhas perguntas dizendo ser "um profeta de
deus".

— Oh, não! - Rebecca lamentou. - Sara não achou isso bastante estranho? Especialmente essa história de sacrificar o cachorro?!

— Não; é aí que reside o problema - foi a resposta cautelosa de Betty. - Eu não ficaria surpresa se ela nem mesmo o tenha escutado dizer isso. Ela parece
estar totalmente controlada por aquele sujeito. Ela pensa que tudo o que ele diz é maravilhoso. Eles intercalam um "glória a Deus", e um "aleluia" a cada coisa que dizem. Mas posso afirmar a você que há uma opressão demoníaca terrível em sua casa.

Vaso para HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora