capítulo único

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As contrações eram cada vez mais intensas e frequentes, as mãos do ômega tatuado estavam sobre sua barriga arredondada, sentindo os chutes e as dores que aconteciam antes do parto. 

Law respirava com dificuldade, tentando controlá-la de alguma forma para diminuir a dor ou se focar em algo que não fosse em sua barriga. Ao seu lado estava Luffy, o seu alfa tão amado por si, ele estava radiante, brilhando como o próprio Sol com o seu sorriso radiante de futuro pai. 

Eles haviam planejado e muito aquela criança, afinal, era de Law que se tratava e de seu corpo, ele quem daria o veredito final. Haviam até mesmo "usado" a sobrinha para que o alfa pudesse praticar e mostrar que sim ele poderia cuidar de uma criança. 

Fora um longo caminho até ali, mas finalmente haviam chegado naquele ponto do relacionamento, depois de anos juntos, depois de tudo o que enfrentaram, estavam seguindo para conhecerem o próprio filho, para o verem nascer. 

— Mal posso esperar para ver nosso filho, será que ele vai puxar a mim ou a você, Tral? Espero que ele seja a minha cara — comentou o moreno em um tom empolgado — mas seria legal se ele nascesse com as suas tatuagens.

— Lu-ya... Tatuagem não é genético... 

— Tá, e daí? 

— E daí que não passa de pai pra filho, Lu-ya.

— Ah... Entendi, faz sentido... Tá doendo? 

— Pra caralho — respondeu o ômega ofegante, apertando levemente as mãos. 

O alfa mais novo fez um bico como se pensasse a respeito do que Law lhe respondera. O tatuado apoiou a cabeça no encosto, deixando o ar sair por sua boca em lufadas curtas e rápidas. 

— Ei, Tral, se lembra de quando nos conhecemos? 

— Por que isso agora? É claro que eu me lembro... Nunca me esqueceria da manhã em que te vi... 

[...]

O ômega estava furioso naquele dia, além de se sentir impotente perante o que acontecera. Ele era um dos melhores cirurgiões do hospital, então por que seu chefe o havia demitido tão repentinamente? Não, Law não acreditava na desculpa esfarrapada de que era corte de gastos, haviam muitos outros que ganhavam mais e não eram tão eficientes quanto o tatuado, não fazia sentido ser ele a ser mandado embora se fosse essa a desculpa.

— Me vê mais um desses — pediu o ômega trincando os dentes e empurrando o copo de dose vazio a sua frente, o qual logo foi preenchido com o líquido forte — maldito, filho da puta... Quem ele pensa que é pra me despedir do nada? 

O moreno agarrou o copo, virando seu conteúdo em sua garganta, o engolindo sem pensar duas vezes, estava decidido a fazer algo que normalmente não faria: encher a cara até esquecer seu nome ou esquecer a vontade que tinha de voltar naquela sala e jogar tudo para o alto, inclusive seu chefe. 

Law no fundo sabia o porquê havia sido demitido, por medo e por inveja. Era óbvio que o chefe do setor não o quereria por perto sabendo dos riscos que corria em ser substituído ou do tatuado ser promovido e mandar em si. Law sabia desde o começo que seu chefe exalava um certo ar de covardia e desespero toda vez que estavam em um mesmo local. 

E isso era o que mais o deixava furioso, aquele maldito jogo estúpido para ver quem se sobressai. 

— Mais um — pediu o moreno estendendo o copo vazio para o garçom. 

Copos e copos se seguiram, a embriaguez logo ficou aparente no rosto do tatuado, começava a tombar seu corpo sobre o balcão e resmungar irritado, xingando Deus e o mundo pelo ocorrido. 

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