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Domingo.

03:00.

Mingi

Respiro fundo antes de abrir os olhos e estico a mão na esperança de encontrar ele deitado ao meu lado, mas não acontece.

Franzo as sobrancelhas e olho em volta, vendo a porta da sacada aberta e San do lado de fora. Está chovendo fraco e são três da manhã, ele não está usando nada além de um short de dormir.

-O que está fazendo aqui? -pergunto me juntando a ele, sentindo a brisa gelada da madrugada misturada com a chuva me atingir.

-Estou pensando um pouco, tentando colocar algumas coisas no lugar. -ele diz com o olhar perdido entre os prédios da cidade, levando o cigarro a boca com os dedos trêmulos.

-Você não acha que pensa demais as vezes? -questiono e ele me olha, prendendo a fumaça na boca por uns segundos e soltando em seguida.

-Acho, mas eu não consigo evitar. Não consigo parar de pensar em várias coisas. -ele diz desviando os olhos de novo e então respira fundo- Não consigo parar de pensar em como vamos seguir daqui para frente, se vamos conseguir ter um futuro legal e se ter filhos ainda vai ser uma discussão entre nós. -os olhos escuros me encaram outra vez, com os cabelos grandes caindo um pouco sobre os olhos.

Coloco uma mecha do cabelo dele atrás da orelha e ele sorri pequeno.

-Filhos é algo que podemos deixar para depois. -sussurro e ele assente.

-Mas, dentre tudo isso -os olhos dele me encaram com tamanha intensidade que me sinto pequeno demais para tanto em um simples olhar- Eu não consigo parar de pensar em nós dois fodendo e depois fazendo amor naquela cama. -ele diz e eu engulo em seco, observando ele tragar o cigarro da maneira mais sexy que existe.

-Foi tão bom assim? -pergunto e ele assente deixando um sorrisinho tomar conta de seus lábios.

-Bom é pouco, foi incrível. -ele diz e volta a me olhar, piscando devagar.

-Você não quer voltar lá pra dentro? Está frio aqui fora. -falo estendendo a mão e ele apaga o cigarro na pequena poça de água formada no chão.

Ele olha para as luzes da cidade que estão um pouco borradas pela chuva fraca e então fecha os olhos, inspirando profundamente.

-Você está feliz? -ele pergunta segurando minha mão, entrelaçando nossos dedos.

-Se eu disser que sim estaria mentindo, mas eu também não estou triste. Estou apático agora porque estou com sono então.. me pergunte quando acordamos. -falo com um sorrisinho e ele assente.

-Vem cá. -chamo o puxando para meus braços, envolvendo seu corpo em um abraço.

Ele apoia o rosto em meu ombro e respira fundo, me apertando contra si como se tivesse medo de me perder.

-Está tudo bem, huh? Nós vamos ficar bem, transar pra caralho vai ser o nosso único problema agora. -sussurro deixando um beijinho no cabelo dele e ele dá um sorrisinho.

-Certo. -ele diz e então caminhamos de volta para a cama, deitando de frente um para o outro embaixo do cobertor quente.

-Durma bem, amor. -sussurro quando San se aconchega em meu peito e ele sorri outra vez.

-Durma bem também, babe. -ele sussurra de volta, fazendo meu estômago gelar antes do sono me atingir outra vez.

Me fazendo sentir as famosas "borboletas no estômago" que quando causadas por ele, não fazem o mesmo estrago de quando causadas por outra pessoa.

~x~
09:00.

Abro lentamente os olhos, sentindo meu coração bater rápido quando respiro fundo e sinto o cheiro fraco de cereja do cabelo dele invadir minhas narinas.

Sorrio sozinho e o puxo para mais perto, feliz por ele não ter acordado outra vez e ter ido para qualquer lugar.

-Porque está sorrindo sozinho? -a voz dele ecoa pelo quarto e eu olho para ele.

-Hum? Bom dia. -sorrio ainda mais e ele sorri também.

-Bom dia, dormiu bem? -assinto e ele volta a deitar a cabeça em meu peito.

-Você dormiu bem? -pergunto e ele assente.

Um silêncio estranho se instala entre nós enquanto ambos respiramos fundo a cada cinco segundos, sem saber o que dizer.

-Porque você acordou durante a madrugada e foi até onde eu estava? -ele pergunta quebrando o silêncio constrangedor e eu engulo em seco, dando de ombros como se não fosse nada.

-Sendo sincero, eu fiquei desesperado porque achei que você tinha ido embora. Sei que você se sente sufocado as vezes e sempre ia embora depois de passar a noite comigo. Eu só.. fiquei com medo de que você tivesse ido embora sem se despedir outra vez.

-Sinto muito. -ele encolhe os ombros e me olha sob os cílios- Ir embora agora não é mais uma opção. -ele dá um sorrisinho e eu sinto meu coração se esquentar.

-Fico feliz em saber que agora você quer ficar. -falo e ele pisca devagar.

-Eu sempre quis ficar, Mingi. A diferença é que antes eu era imaturo e inseguro demais para saber como fazer isso. -a voz dele está calma e um pouco rouca enquanto ele desenha algo em meu peito exposto.

-Você está feliz agora? -faço a mesma pergunta que ele me fez há algumas horas e ele respira fundo.

-Nunca estive tão feliz em toda minha vida. E você? -ele me olha e eu respiro fundo outra vez, deixando que meu sorrisinho apaixonado fale por mim antes mesmo de sair alguma palavra da minha boca.

-Sou a pessoa mais feliz do mundo. -falo e ele sorri.

-Claro que é, agora você namora comigo. -ele diz com um sorrisinho e eu reviro os olhos.

-Choi San. -chamo e ele me olha.

Me sento na cama e ele faz o mesmo, ficando de frente para mim. Seguro sua mão e entrelaço nossos dedos antes de encarar os olhos dele profundamente, tentando manter a seriedade.

-O que foi, amor? -ele pergunta e eu dou um sorrisinho, acariciando a mão dele.

-Você quer ser meu namorado? -pergunto e ele me olha surpreso- Ou melhor, quer ser minha pessoa favorita? A pessoa que vai fazer meu coração acelerar, as borboletas perigosas do meu estômago se agitarem e a pessoa que vai me tirar do sério todos os dias? -ele fica alguns minutos e silêncio e então sorri antes de responder.

-Não.

-O que?

-Não.

-Como assim "não"? -pergunto desesperado e ele começa a rir, cobrindo o rosto enquanto ri da minha cara.

-Não aceito ser menos do que isso, Song Mingi. -ele diz parando de rir aos poucos e eu reviro os olhos.

-Porra, pensei que você estava falando sério. -falo num suspiro aliviado e ele se deita sobre mim, me encarando enquanto tenta segurar o riso.

-Eu amo muito você, sabia? -ele diz e sinto meu coração parando de bater e o tempo parar ao nosso redor.

Nem mesmo o barulho da chuva fraca ou do vento entrando pela sacada me fizeram desviar os olhos dos dele. Como se o momento agora fosse uma confirmação de que recomeçamos a nossa história, com as fatídicas borboletas em tons de roxo e azul nos rodeando.

As borboletas que a partir de agora, serão o nosso único problema.

-Eu também amo muito você.

Our Problem • SanGi •Onde histórias criam vida. Descubra agora