Largo Grimmauld, N°12.
•1975•-Sirius! Abra a porta!-Ele a ouviu gritar contra a porta. -Agora!
Abraçando suas pernas com força, ele não saiu de sua cama, segurando sua varinha e com os olhos cheios. Seu corpo tremia, tanto pelo medo e raiva, quanto pelos efeitos da maldição.
Sua vontade era gritar, manda-la embora. No entanto, sua voz sairia engasgada.
-Não me obrigue a abrir. -Ela bateu na porta e quis tapar seus ouvidos.-...Eu prometo que não iremos mais brigar.
-Não acredito em você. -Ele sussurrou para si mesmo. -Eu não farei nada do que você quer, Walburga! -Disse alto dessa vez.Ele não trairia seus amigos. Não se tornaria um fantoche de seus pais, muito menos um assassino como eles eram. Nunca concordaria com nada daquilo, não quando sabia que haviam pessoas, que ele tinha aprendido a amar, que nunca fariam mal a ele, e ficariam tristes se ele seguisse os passos de sua família de sangue.
-Você é um Black! Você vai fazer o que eu mandar! Eu sou a sua mãe!-Ela disse, e Sirius conseguia imaginar os olhos azuis dela, tão parecidos com os seus, brilhando juntamente com a sua varinha.
-E eu sou um ser humano!-Ele disse bravo, saindo da cama e andando até a porta. -Mereço respeito e direito a escolha. Você não pode me obrigar a ser um purista imbecil como vocês são. Se isso significa que eu não sou um Black, que assim seja, o farei com toda felicidade possível.
E a porta se abriu. Walburga estava furiosa.
Os músculos de Sirius estavam tensos e ele sentiu ainda mais vontade de chorar, assim como a urgência de implorar e pedir perdão.
No entanto, ele não fez isso. Ele não se trairia assim.Além do mais, ela não o escutaria, nem teria misericórdia.
Ela nunca tinha.XxX
•1995.•-Carne da minha minha carne. Sangue do meu sangue. Jurou que seria diferente e apenas vejo quão semelhante continua a ser. -Ela disse, de seu quadro.
Um sorriso debochado estava em seus lábios vermelhos e o queixo erguido, encarando sem medo a varinha de seu filho mais velho.
Sirius a odiava. Porra, como a odiava. Harry, seu afilhado e filho dos Potter, e Aurora, sua filha, haviam ido para a Hogwarts, enquanto Remus estava em missão, logo, ele estava sozinho junto aquele quadro.
O quadro da pessoa que ele mais odiou e continuava a odiar, embora já estivesse morta desde do fim de sua adolescência.
-Não sou como você. -Ele diferiu, com raiva. Sem perceber, ele parecia uma criança teimosa e mal criada, embora estivesse com trinta anos há quase cinco anos.
-Não?-Ela levantou as sobrancelhas.-Não sou eu que estou apontando a minha varinha para um quadro de um morto. Insanidade é a única coisa que há em seus olhos. Solidão e fome, assim como um rastro de sangue, só isso que te persegue, como também perseguiu todos aqueles que usaram o anel de Lorde Black.
Sirius estava instável. Sua mente girava, ouvindo as palavras da sua mãe e, embora, diferentemente do passado em que ela invadiu seu quarto e jogou longe a sua varinha, o machucando no processo, naquele momento, novamente, o item estava distante dele.
Ele queria fechar as cortinas. Queria que ela se calasse e o deixasse em paz. Mas a sua mente não permitia. Por que ela não o amava? Por que todos de sua família simplesmente o odiavam como um maldito fardo? Por que ele, sendo como era, não podia ser ainda filho dela?
Sirius sentiu sua garganta ardendo, mas não se permitiu chorar mais uma vez na frente dela.
XxX
"Você não sabe o que pode acontecer, Cass. Precisa falar com ele sobre como se sente."
Evan suspirou ajeitando as próprias roupas na porta do Largo Grimmauld. James Potter que havia lhe dito aquilo, dando esperança ao corvinal para se declarar. Nunca aconteceu, no entanto, não que ele não tivesse pensado nisso... Porém, antes mesmo que tentasse, aquele que estava apaixonado por começou a namorar outra pessoa.
Há quantos anos não falava com qualquer colega de Hogwarts? Talvez...Desde da morte de Regulus, o seu melhor amigo.
E agora, lá estava ele, escolhendo o lado certo e lutar na guerra em nome de seus pais, falecidos na primeira guerra por comensais. Pelas mãos de Barthemius Crouch Junior...Uma pessoa que ele...
Mexeu a cabeça com força e respirou fundo, afastando os próprios pensamentos sobre o passado.Decidido, entrou na sede da Ordem, da qual tinham passado o nome por um bilhete, afinal, o lugar era protegido por Fidelius.
Sabia que tinha chegado cedo, a reunião só seria a noite, mas...Queria tentar falar com Sirius antes. Quem sabe conseguir uma entrevista para o Pasquim, visto que o homem tinha sido inocentado há quase dois anos e nunca ninguém conseguiu uma entrevista com ele ou, Evan poderia falar com ele sobre...Não! Não se daria esperanças.
-Você decepcionou a todos...Deixou Regulus morrer. Você deveria ter morrido no lugar dele!-Ouviu aquela voz. Uma voz que o enchia de raiva até os dias de hoje.
A voz dos berradores de Regulus. A voz que deixava o seu melhor amigo mais e mais triste, além de afastado. A voz...Que afastou Regulus de si e depois, o matou indiretamente por suas decisões forçadas.
Marchou em direção a sala, sem se importar em parecer intrometido. Estava cansado de ver as pessoas que gostava sendo maltratadas por outras que não mereciam.
Ao entrar, de uma vez só, lançou uma chama com a ponta de sua varinha em direção ao canto do retrato, queimando sua pintura.
-Lave a sua boca antes de falar de Regulus e Sirius. -Disse sem se importar, interrompendo qualquer grito do quadro.
Sirius olhou abismado para o rapaz, até pelo que se lembrava, desconhecido. Walburga ficou de pé em seu quadro, pronta para xinga-lo.
Era um rapaz de cabelos curtos e castanhos claros. Usava um suéter azul escuro com uma blusa social branca por baixo. Seus olhos eram verdes bem escuros e ele tinha algumas pintas no pescoço.
-Quem você pensa que é?! Seu mestiço sangue ruim?!-Ela questionou.
-Evan Richard Cass, jornalista do Profeta Diário...Filho de Eliott Cass. Se lembra de mim, Walburga?-Evan andou até o lado de Sirius, que não estava entendo nada ali.
-Shadow...-Walburga disse, em um sussurro quase assustado.
-Oh sim. Você se lembra do meu pai. Então, sabe muito bem com quem está se metendo. -Evan sorriu, debochado. -Logo, tenha certeza que irei liberar tudo que Eliott deixou de publicar, caso eu a escute falando mal de Sirius ou Regulus...Fui claro?
Walburga se calou e Evan andou até o retrato, os dois trocaram olhares ferozes e então, ele fechou as cortinas. O rapaz só não queimava o quadro de uma vez, porque sabia que ela ainda era uma fonte importante de recursos, mas, Merlin, como a odiava.
Então, ele se virou, olhando para o homem a sua frente que estava de joelhos no chão.
-Você está bem?-Evan se abaixou para ajudar Sirius.
Sirius assentiu em silêncio, tentando entender quem aquele rapaz era...Era tão familiar.
-Eu te conheço?-Perguntou confuso.
O sorriso de Evan vacilou por breves segundos. Sirius não se lembrava dele.
-Eu escrevo para dois jornais. Deve ter ouvido falar do meu nome, Lorde Black. -E ele voltou a sorrir. -O senhor Lupin me convidou para a Ordem...E bem, aqui estou eu.
Sirius sabia que havia mais, o rapaz conhecia Walburga e o seu irmão. Parecia saber muito sobre os Black. Parecia saber muito sobre ele.
-Você realmente está bem, Lorde Black?-Perguntou o garoto, que ele precisou parar para admirar. Grandes olhos verdes e cabelos castanhos claros, quase loiros. Era lindo e corajoso.
Não temeu nenhum julgamento e soube usar bem as suas palavras para calar Walburga e, isso, ele admirava.
-Sirius, me chame de Sirius.-E ele sorriu, aceitando a mão de Evan para se levantar.
-Evan. -E o bruxo devolveu o sorriso, que Sirius descreveu mentalmente como adorável.
-Me desculpe pela...Walburga. Aceita um chá ou bebida? Acho que você precisa receber um recebimento adequado aqui na Ordem. -Sirius disse e Evan riu.
-O seu sorriso já é um recebimento muito mais do que apropriado, Sirius, se o senhor me permite dizer. -Evan provocou.
Merda. Sirius já adorava aquele garoto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Canis Majoris.
FanfictionEvan Richard Cass era um jornalista renomado do Profeta Diário e sócio do Pasquim. Ele não precisava fazer parte da Ordem da Fênix. Ele não precisava ajudar em nada na guerra contra Voldermort. Mas ele queria. Ele precisava. Pelo seu melhor amigo. P...