Confie em Mim

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•Outubro, 1995•

-Tenho certeza que não há barreira contra animagia. -Evan explicava.- Posso ir e voltar, e os comensais nem irão me notar.

Haviam semanas que Evan tinha começado a frequentar as reuniões da Ordem da Fênix e Sirius, definitivamente tinha o notado, Remus ria consigo mesmo ao pensar naquilo. Se lembrava de James, dizendo que Evan e Sirius deveriam terminar juntos. Depois de tudo, talvez ele estivesse, finalmente, certo.

Após as reuniões, era comum que Evan ficasse mais tempo ou chegasse mais cedo do que elas, para conversar com os dois, especialmente, com Sirius. E eles trocavam cartas, bilhetes e olhares durante elas.

Remus sabia que aos poucos, Sirius estava reconhecendo quem era Cass. Tanto que o Black tinha o perguntado algumas vezes sobre "ter estudado com Evan" ou "talvez algo no Três Vassouras? Tenho certeza que passei tempo com ele". No entanto, o mais importante de tudo aquilo era que Sirius se sentia confortável ao lado do rapaz, voltando a rir e ao mesmo tempo, conseguindo se concentrar para ser o que a Ordem e as crianças precisavam que ele fosse.

Essa havia sido a maior preocupação do Lupin desde do início daquele ano e o retorno de Voldemort, como seu melhor amigo se comportaria diante os fatos. Doze anos em Azkaban e com inúmeras baixas na primeira fase da guerra, admirava-o que Sirius não tenha quebrado por completo. Porém, quando eles voltaram para o Largo Grimmauld, o homem passou semanas em silêncio, preso em memórias e traumas familiares que Remus não sabia metade. Por isso, como Sirius lhe contou de como Evan havia enfrentado Walburga e como o fazia bem, Remus queria que o jornalista continuasse por perto.

-Meu pai foi inúmeras vezes nas bases dos comensais. Tenho a localização da maioria, e se ele foi como coruja para vigia-los, acho que como gato, posso assumir o posto de Shadow. -Disse Evan.
-Seu pai assinava como Shadow, não é?-Perguntou Kingsley, se referindo aos jornais, afinal, Eliott Cass era um grande jornalista nos anos 70.
-Sim. -Evan sorriu, levemente orgulhoso. -Era uma forma de tentar esconder a identidade dele...Estava com medo que retaliassem em mim ou na minha mãe.

-Eu sinto muito. -Sirius disse baixo e Evan sorriu, pegando a mão dele de baixo da mesa.

Dora e Remus trocaram olhares, os outros dois eram tão óbvios. Remus mexeu os lábios, citando algo sobre uma aposta e ela revirou os olhos, brava. Então, eles sorriram, segurando a própria risada.

-O que acha, Dumbledore?-Arthur perguntou.
-Eu posso tentar ir também. Ficar de vigia mais distante, esperando no caso de que tudo dê errado. -Disse William, o primogênito dos Weasley, que havia vindo do Egito para ajudar na guerra.
-Hum...Acho que Sirius e Ninfadora podem cuidar disso. -Afirmou Dumbledore, protegendo-o, visto que Bill era muito novo. -Tem certeza que estará seguro, Evan?
-Absoluta. -Evan disse.

Sirius apertou mais a mão de Evan, temeroso e os dois trocaram olhares. Evan parecia firme em sua decisão, mas o Black não muito.

XxX

Em cima de uma árvore, Evan e Sirius observavam com binóculos enfeitiçados a Mansão Goyle. Ninfadora estava no chão, de vigia com a sua varinha.

-Então...Shadow?-Questionou Sirius.
-Sim. -Evan riu. -Meu pai gostava de se comparar sua forma animaga de coruja com uma sombra...E, a mim.
-Você?-Sirius questionou.
-Que tom de incredulidade.- Evan o olhou e Sirius sorriu.
-Só parece um pouco absurdo ninguém te notar.- Sirius deu de ombros e Evan levantou as sobrancelhas.
-É mesmo?-Evan voltou a olhar para a propriedade com os binóculos. -Bom, eu não tinha muitos amigos em Hogwarts. Só um.
-Regulus. -O Black afirmou e Evan assentiu, embora surpreso. -Eu conclui isso pelo que disse a Walburga.
-A odeio. Não tanto quanto você e Reg, provavelmente. Mas...Bom, destruíram meu melhor amigo. -Evan suspirou. -E ela, é uma hipócrita.

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