Encaro o enorme portão a minha frente, alguns poucos carros ocupavam o jardim... Nessa altura o enterro já havia acontecido. Me identifico na portaria e os portões se abrem dando passagem para o uber. Era incrível como o condomínio continuava o mesmo, tudo igual mesmo sete anos depois.
Quando minha família morreu vítimas de um assalto nesse mesmo condomínio minha vida mudou, eu fui considerada um milagre por ter sobrevivido. Sou grata a isso, mesmo convivendo com a dor da perda todos os dias. Logo após a morte, minha avô decidiu que o melhor era que eu saísse do país, já que poderia estar em risco. Fui para NY realizar meu sonho de cursar medicina e hoje cá estou eu formada e de volta ao Brasil.
Desço do uber que me ajuda com as malas e vou em direção a porta de entrada. No momento em que abro a porta todos os olhares se voltam para mim. Minhas tias correm para me abraçar.
— Ahhhh Mari, como é bom te ver. — Tia Luiza diz. Sorrio em resposta entrando na casa.
— É bom ver vocês também... Queria que fosse em outras circunstâncias. — Não havia muita gente, só minhas tias e seus maridos.
— Sentimos muito por você não ter chegado a tempo. — Tia Ana diz me abraçando.
— Talvez seja melhor assim...
Cumprimento meus tios que me abraçam dizendo palavras de conforto.
Eu sempre fui muito próxima de minha avó, mesmo morando em outro país sempre mantivemos contato todos os dias. Ela sempre deu o melhor para cuidar de mim depois que meus pais se foram. Acontece que eu estava tão acostumada a perder as pessoas que amo e já não sentia mais o impacto da morte.
— Vou te levar ao teu quarto! — minha tia Luiza diz.
— Obrigada Tia! — ela sorri e me abraça novamente com os olhos cheios de lágrimas.
— Sinto muito. — limpa as lágrimas.
— Está tudo bem... — respiro fundo. Vamos ficar bem ok?
— Vou te deixar descansar. — ela sorri e fecha a porta.
Apesar de estar realmente cansada não passa pela minha cabeça descansar, afinal eu tinha que me despedir.
Mari: Amigas?
Laise: já chegou???
Mari: Já... será que dá pra você me levar num lugar?
Laise: Nossa amiga to enrolada aqui na empresa... E a Nara teve que ir pra SP.
Mari: to sem carro
Laise: Matheus tá atoa e ta indo.
Mari: valeu te amo
Laise: ❤️
Peguei um óculos de sol e um caderno na minha mala e desci as escadas indo até o jardim. Não demorou muito para uma BMW parar na porta.
— Uau! Subiu o patamar ein Matheus — ele me abraça rindo. Não só financeiramente... QUE HOMEM É ESSE? Balanço a cabeça reprimindo meus pensamentos.
— To bem contratado. — e bem malhado penso. Dou risada, afinal ele era contratado e sócio de uma empresa da família. Entro no carro
— Pra onde? — ele me encara sabendo a resposta.
— Você sabe...
O caminho é silencioso. Não tínhamos muito o que conversar, não éramos distantes, ao contrário Matheus foi um dos meus melhores amigos na adolescência, mas a vida deu seus pulos e a única coisa que tínhamos em comum era ter perdido os nossos pais no mesmo incidente e as gêmeas claro.
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Perigo Iminente
RomanceEla perdeu tudo, do conto de fadas para um conto de luto. Tentou recomeçar a vida fora, mas os fantasmas do passado sempre estiveram ali, mesmo que adormecidos. Ela não vê sentido em se proteger e não dá a mínima, sua preocupação é não fazer mal a a...