Godard, O Gigante

Parte 1

《O Deus de cima, aqui embaixo, assistindo uma de suas criaturas enganáveis: Brincar de serem Deuses.》

Selva de Pedra,

                 lugar coberto de ribanceiras, cachoeiras, pequenas cascatas, chafarizes naturais, braços de rios, foz e nascentes. As vegetações: rasteiras (arbustos, capins, gramíneas); briófitas (musgo, samambaias) e algumas plantinhas coloridas que alguns livros chamam de Cogumelos (e dizem também que não são plantas (?)). Aqui também tem árvores, mas não como as da Floresta Verde... ih, depois falo dela!
       Como não fosse de se esperar, este lugar é recheado de pedras, rochas, cascalhos etc. Inclusive, nós moramos embaixo de um rochedo gigantesco que meus pais, e o povo todo da cidade, chamam de Páscoa. Chegando perto de Páscoa (que sempre está dormindo) — você tem que levar uma folha bem grande —, faça cócegas no nariz dele (enquanto ronca), que logo quando acordar irá abrir a boca para espirrar. Depois, só entrar na Vila dos Gigantes — rápido, porque senão Páscoa te suja todo de poeira com o espirro, e você só consegue acordá-lo uma vez (já aconteceu de eu ficar preso fora da Vila, todo empoeirado).
       
Vila dos Gigantes,

                   as casas são redondas, feitas de pedra São Thomé de cores prata, cinza (tudo muito bonito e limpo). No Parque Central, um chafariz com águas azuis e peixes que de noite brilham coloridos como o arco-íris — é tudo sempre prata, branco, cinza, grafite, preto. Dizem, que se jogar um Pedral seu pedido se realiza. (Clareta, pedras preciosas brancas, encontradas em quedas d'água das Cataratas, usadas como Moeda dos Gigantes, P$ 1,00 {difícil acesso para humanos, valendo fortuna inestimável se encontrada}).

Eu sou Godard,

                   um gigante. Os Gigantes são conhecidos como criaturas grandes [sério?], temperamentais e conservadoras, um 'grande' erro — bom, do conservadorismo tem suas verdades. Nós protegemos os nossos, e os vossos sem ação de proteção, contra uma das outras criaturas — adiante falarei sobre — tão horripilantes quanto a inveracidade dessa descrição.
       Como disse, somos Gigantes; mas, numa descrição de quem vivencia, agora: os Gigantes são seres antigos, de alimentação herbívora, população média de pouca natalidade quanto mortalidade — já que vivemos por mais de 150 anos. Digo que somos, uma sociedade Matriarcal/Patriarcal com base no Ancianismo — o de maior idade da tribo é o mais sábio, com isto soberano —, dentro do sócio-capitalismo envolvendo administração da moeda Pedral (P$). Temos estudos em livros e papiros, sobre: biologia, mitologia, gramática, exatidão, filosofia... muito pouco sobre a criação e mapeamento do mundo. Mas os ensinamentos mais importantes são passados oralmente.         O que se entende sobre a criação da população dos Gigantes, é que existimos para manter o equilíbrio.           Trabalhamos em higiene, administração (geral) e alimentação, em revezamento com os Sentinelas. Somos Guardiões do Equilíbrio Natural (vou explicar melhor, ao decorrer).
        Já a parte geográfica, como eu disse não há muitos livros sobre. O que sabemos — passado pelos mais velhos, oralmente — é o que vemos quando trabalhamos na Sentinela.        Sentinela, trabalho dos Gigantes. Vigiamos a passagem dos seres da Floresta Verde e da Floresta Cinza, guardando-os, impedindo de um lado passar para o outro, em prol do Equilíbrio Natural. Por isso A Selva de Pedra é localizada entre as duas regiões. Todos fazem os trabalhos em revezamentos, tanto os serviços da Vila quanto os de Sentinela. Assim não há desigualdade, vivendo em harmonia e paz há séculos.

Floresta Verde,

                    encantadora, viva. Não há lugar mais bonito na face da Terra (imagino). Toda enfeitada em árvores vívidas verdejantes, ornada em pássaros coloridos cantarolantes.
        Isso tudo é o que dá para ver e/ou imaginar da Sentinela. Pois A Lei do Equilíbrio Natural proíbe a passagem de qualquer ser diferente, à sua não região (como já explicado). Então ninguém sabe o que tem na Floresta Verde.
       Já procurei livros na Biblioteca Ancian, nada.