Ela estava morrendo, de novo.
E como que em um déjà vi sádico e cruel, ela morria mais uma vez para salvar os seus amigos... Sua família.
Os olhos aterrorizados dos que passavam por isso pela primeira vez contrastavam com as expressões de impotência daqueles que apenas viam a cena se repetir a sua frente.
Para ela a morte era muito mais fácil do que a outra opção.
Desde que o oráculo lhe mostrará como seria se ela escolhesse sacrificar os amigos ao invés de si mesma, a imagem perturbadora do que parecia um pesadelo sem fim não a deixava dormir.
E ao comparar a sensação de morrer com a do luto... A morte já não lhe parecia tão ruim.E foi o que ela escolheu como sina, o fardo que carregaria e lhe assombraria pelo resto de sua vida, dia após dia vivendo com a sensação de que aquele poderia ser seu último.
Isso a fez agradecer por cada manhã que acordou respirando.
Por cada missão que voltou com vida.
A garota que se sacrificava.
Esse era seu nome de guerra, o seu título.
E a sua maldição.
Ela caminhou pela neve no campo de batalha onde a guerra ainda estava sendo travada, as três lâminas fincadas separadamente em suas costas de uniam na parte da frente de seu corpo, o sangue vermelho vinho manchava o chão branco em um contraste mórbido.
E em um último ofegar, com o último lampejo de força que ainda restará em seu ser ela lançou o último feitiço daquela existência.
- Tutela méis carorum - ela sibilou em um sussurro assistindo a grande bola de luz prateada cobrir todo os seus aliados de batalha os dando uma proteção extra para que pudessem resistir até o fim e vencer.
Assim que as palavras surtiram efeito e o feitiço já não necessitava mais de sua energia, ela se deixou desabar caindo de joelhos a primeiro momento sentindo todos os seus sentidos a abandonarem. Então ela abraçou mais uma vez a morte, sua velha amiga, sussurrando o desejo de que fosse a última vez, mas no fundo sabia que assim que abrisse os olhos já estaria em sua próxima vida.