Capítulo 10

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           - Então ele é...? - Perguntei para a pirralha que estava lendo aquele livro.

                   - O filho da Cinderela e do príncipe encantado. - Respondeu apontando para a imagem do livro que mostrava o casal. - Eu vejo uma ou outra semelhança.

                   - Eu não vejo, eu diria que ele parece com aquela irmã da Cinderela, a...Griselda? - Tentei lembrar e ela riu. - Não estou mentindo, ele não é loiro e não tem olhos claros e o caráter dele é duvidoso.

                  - O príncipe não tem cabelos loiros e nem olhos claros. - Pontuou e eu dei de ombros. - Você não parece confiar nele.

                  - E não confio, esse não é o mesmo Theo de antigamente... - Falei cerrando os olhos e olhando para o homem que estava alguns acentos a frente ao lado de Cho. - Esse Theo tem alguma coisa estranha, está escondendo algo.

                   - É paranóia sua. - A pirralha disse por fim fechando o livro e se ajeitando na poltrona. - Eu vou dormir, me acorde quando chegarmos, porfavor.

                 Pediu e fechou os olhos, logo dormindo.

               Surpreendentemente conseguimos chegar no aeroporto e embarcar no avião. Cho e Emília já estavam esperando a uns vinte minutos e demos sorte de a viagem ser em menos de uma hora.

                 Cho Finalmente me contou que Theo era louco o suficiente para não duvidar da história e aceitar sem nem pensar duas vezes, ele só tinha uma condição, chegar na cidade e ficar lá até o final dos seus dias. Essa é uma das coisas que me fazem duvidar dele, mas agora tínhamos que pensar em como achar Gina e então convencer ela a vir com a gente.

*********

                 Ainda estávamos no avião, Cho havia trocado de lugar com a pirralha, eu não queria deixar, mas elas não me escutaram e agora eu estou de olho no Theo. Vai saber oque ele pode fazer, eu não confio nele.

                 - E então foi isso. - Ela termina de dizer e abaixa a cabeça, olho para minha melhor amiga e me sinto culpado. - Não culpo ele, é melhor assim.

                  - Está fazendo isso para protegê-lo. - Digo e ela da de ombros. - Cho, sabíamos oque estaria acontecendo se saíssemos nessa coisa toda, sabíamos oque estaria em jogo.

                   - Eu sei que fiz certo, mas justo na vez dele. E eu sei que posso ser uma emocionada do caralho, mas ele era o certo, ele é o certo e agora eu não o tenho mais. - Limpou uma lágrima solitária que estava caindo e me olhou. - Será que quando tudo isso acabar ele volta pra mim? Ele ainda vai me querer?

                  - É claro que vai. Cho você é o ser humano mais doce e gentil que eu conheço, se ele não te quiser, ele que vá se ferrar. - Ela sorri minimamente e deita a cabeça em meu ombro. - Você é minha melhor amiga, se quiser que eu torture alguém pra ficar com você, eu vou torturar alguém.

                - Isso foi a coisa mais linda que você já me disse. - Confessou em tom de brincadeira e acabamos dando risada.

                  - Eu tô muito sentimental mesmo.

                 - Mas o seu emprego ainda está garantido. - Me lembrou.

                   - Obrigado por isso. Ah, quase ia esquecendo, Pesquisei sobre Gina, não Encontrei nada. A menina parece um fantasma, não tem nada na internet sobre ela.

                   - Claro que não tem, provavelmente ela mora na Hungria por causa disso. Não quer ser achada. - Concluiu e eu me jogo no encosto do acento e suspiro. - Mas não é impossível.

                   - Você tem um plano. - Olho para ela e vejo um sorriso crescer em seu rosto.

                   - Claro que eu tenho um plano.

*********

                  Hungria...confesso que nunca pensei que estaria pisando em solo húngaro, mas aqui estamos. Sempre pensei nesse lugar como uma coisa pesada demais, odeio estar aqui e tenho certeza que não sou o único.

                   Tomara que não seja difícil achar Gina, estou torcendo para sair daqui em menos de dois dias.

                  - Hazz? Oque você acha? - A pirralha perguntou chamando minha atenção e percebi que nem sei do que eles estavam falando. - Não prestou atenção né?

                  - Não, do que vocês estão falando? - Perguntei voltando minha atenção para eles.

                   - Votando para saber onde vamos comer. Cho votou em comida italiana, Theo votou em comida chinesa e eu votei em pizza. E você?

                   - Pizza, está ótimo. - Os outros dois adultos fizeram uma cara de descontentamento e começaram a resmungar, então a pirralha batia palmas em alegria. - Aquieta o facho menina, eu em.

                   - Eu sabia que iria escolher pizza, eu sei que você ama pizza. - Começou a dizer e bufei voltando a olhar para a janela e vendo o lugar, mas não deixando de ouvir o falatório da garota. - Quando eu fui até sua casa, você estava comendo pizza e tomando vinho, talvez seja a sua combinação preferida. Ou talvez seja só porque você foi demitido e estava deprimido e...

                    - Ok, cala a boca. - Digo tampando a boca da menina que cruzou os braços e ficou me encarando. Escutei uma risada abafada e olhei para Theodore de forma ameaçadora e o mesmo levantou a mão em rendição. - Não é pra dar corda pra ela, idiota.

                   - Desculpa, é que ela me lembra muito você. - Disse sorrindo e então vira o rosto e começa a observar a cidade.

                 Não...não somos nenhum pouco parecidos. Tiro a mão da boca da pirralha e decido não dar atenção para aqueles idiotas, a única que me entendia é Cho, mas a mesma está em seu próprio mundinho provavelmente cor de rosa e cercado por corações e um Richard a aceitando devolta. Só deus sabe o quanto eu estava tentando a implorar para Cho voltar para Londres e reconquistar o amor dela devolta, alguém tinha que acabar com um final feliz e eu sabia, em algum lugar eu sabia que não seria eu.

                 Uma mãozinha aperta a minha e não preciso olhar para saber de quem é, ela me conhece a tão pouco tempo, mas já sabe quando eu preciso de apoio. Só que dói tanto saber que eu não sou bom suficiente para ela, não sou bom o suficiente para ser o padrinho dela ou ser um segundo pai. Dói tanto saber que eu estou fazendo isso por um motivo tão egoísta. Dói saber que no final eu vou embora e não vou conseguir ficar ao lado de nenhum deles, porque eu prefiro magoar eles a me magoar e isso dói demais.

               Retribui o aperto da mão, eu só queria nunca ter conhecido nenhuma dessas pessoas e Talvez, só talvez eu seria um pouco mais feliz.

              Porfavor, não me achem um chato sem graça e infeliz, é que eu já me dei mal diversas vezes na minha vida e só de pensar que eu poderia ser feliz em algum lugar diferente, faz meu coração doer, me faz querer amaldiçoar alguém por tirar essa possível super felicidade que eu teria. Porquê se fosse igual aos livros de conto de fadas que eu lia quando mais novo, eu seria feliz até o último segundo da minha vida. Não quero acreditar que alguém foi capaz de tirar isso de mim.

                Porquê não seria tão feliz assim...e eu não teria uma segunda opção se todos os meus planos dessem errado.

   

Once Upon A Time - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora