Prólogo.

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Fanfic em homenagem à todos os inocentes mortos na operação, nossas vidas não serão em vão. Enquanto respirarmos, haverá revolução.

Eu já estava com isso em mente a alguns meses, espero que gostem.

Algumas partes foi inspirada em músicas e no documentário, outras foram coisas da minha cabeça mesmo.

Não se esqueçam de comentar e votar,
conto com vocês!


Autora Narrando.

📍 Jacarezinho, Rio de Janeiro, Brasil.
  06 de Maio de 2021.             

Era um dia bonito na favela, as crianças jogavam bola na quadra. O comércio fluía normalmente, como todos os dias.

Pessoas caminhavam, faziam compra, conversavam. Era um dia realmente bonito, se não houvesse a tragédia, mortes e gritos.

Normalmente, o dia amanhecia alegre, mas hoje era diferente.

Não havia brilho, embora o sol estivesse lá. Era como se já tivesse escrito, eles viriam para nos matar.

Um aviso de invasão, os bandidos ali não estavam. Mas eles invadiram, não em vão. A vida de alguns, eles levarão.

Hoje seria o dia, que muitos se revoltariam e escolheriam os piores caminhos para saciar o ódio que os domina.

Trabalhadores, crianças, idosos e jovens. Alvejados pela falta de humanidade, rotulados como bandido a mídia abafa a verdade.

Até quando? Só pedimos à Deus, que proteja as crianças, mulheres, pretos e inocentes dos homens rivais.

Se torna um sonho distante, andar num dia bonito pela comunidade sem tomar um tiro. Se tornando bandido.

Com a mira na nossa cabeça eles alegam que foi tiro perdido.

Engraçado que sempre acha a pele de um favelado, nunca do rico.

Mais de 32 vidas não foi nada de mais, pois não era da tua família.

Eis a pergunta, quem é que nos tira a vida?

Mais uma mãe perde seu filho e ninguém vence essa guerra.

Rayck.

Voltando do trabalho cedão, patrão liberou por conta da operação. Podia ser mó perigoso voltar tarde, nós num ia saber a hora que isso terminava.

Já liguei pra coroa avisando que chegaria cedo, deixar ela mais tranquila.

Morava a papo de 1h30 do trabalho, han. Era ônibus até Manguinhos depois eu dava calote no trem.

Ia ver minha mulher hoje, mina completava 9 meses de gestação. Tava felizão como, ia conhecer meu menor essa semana mermo, coração fica como? Realizado.

Doidão pra falar da casa que eu comprei pra nós longe da favela, tranquilona. Maior paz viver longe daqui.

Claro que queria levar minha coroa, meu caçula pra morar lá pô, viver longe dessa guerra toda. Mas por enquanto num dá.

Tinham avisado que a operação ia rolar era 7h30 da manhã, papo reto até agora tava suave. Eram 8h da manhã, tinha nem trabalhado hoje. Só cheguei lá e bati cartão, patrão mandou voltar.

Fiquei aliviado, ia voltar antes de começar. Ia ficar mec de casa.

Cheguei na estação e como? Começou o tiroteio, fui correndo abaixado pelas ruas até em casa.

Vi um mano morrer na minha frente, papo reto. Maluco era vendedor do Bar da rua do valão.

Xandy: Colfoi padrin, eu sou inocente pô. Trabalho ali na rua.

Pará: Ali na boca? Aí Silva, ele trabalha ali na rua da boca. — Mirou com o fuzil na cabeça dele.

Silva: Pode matar, Pará. É tudo igual mermo, se não for bandido se torna. Antes eles que nós.

Vi matarem o mano na minha frente pô, qual foi. Corri pra caralho dali.

Achei que passei batido, tava quase chegando em casa.

Fui andando rápido e mexendo na mochila pra achar a chave.

Nada pô, quando cheguei em frente e ia gritar minha coroa, senti doer minhas costas.

Papo reto, maior dor insuportável.

Cai com a visão como, turva pra caralho. Engasgando com meu próprio sangue.

Tyler: Qual foi Fernandes, era trabalhador porra.

Fernandes: Foda-se compadre, joga um fuzil nele e fala que era bandido, que antes ele que tu.

Última conversa que ouvi, até apagar de vez. Para sempre.

6 De Maio. [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora