6 De Maio. [M]

Cap 1

Não esqueçam de comentar e votar, conto com vocês!

Pedro. 🤬

Eu queria que tivesse sido um sonho pô, apenas um pesadelo.

Ver o corpo do meu irmão sem vida, com o uniforme do trabalho me gerou ódio, revolta.

Minha coroa só chorava, gritava pra caralho. Orava, e eu não conseguia ter reação. Era só íra dentro de mim, isso só crescia.

Vi os irmão que cresceu comigo no chão, sem vida. Eram estudantes, moradores, comerciantes, trabalhadores, tudo morto. Não tinha um bandido.

Foi o tiroteio mais intenso em anos, mais sangrento também pô.

Era inocente pra caralho na rua, morto. Dentro de casa, na estação de trem. Qual foi mano, ninguém vê uniforme de trabalho na mira do fuzil?

Ou todo favelado só pode ser bandido? Nós só tem esse destino?

Esqueci pô, nós não tem oportunidade de ser algo além. Mas na mente deles nós tem oportunidade pra caralho se sair de 200 conto de aluguel pra um apê na Sul de 2 mil.

Quando nós fala que rola preconceito, é vitimismo. Maior k.ozinho que rola, dizem que nossas vidas só importam se seguirmos o caminho do genocídio. Matar dos nossos pra continuar vivo, assim que funciona, pô.

Relembrar as horas de tiroteio é foda, eu vi meu irmão chegar desesperado, eu vi o tiro. Eu vi pô, eu vi falarem que era trabalhador.

Isso não foi operação, foi assassinato. Vieram pra matar e não se importaram se era inocente, culpado. Nós pra eles é tudo rato, só serve pra morrer.

Isso que fico puto, nós mora do lado da Cidade dos Polícia, vários cana brota pra vender arma e em seguida vem matar dizendo que fez apreensão, operação.

No ano do vírus, a morte chegou. No suspiro do covid ou no grito ao tomar tiro, era esse o destino do pobre e favelado.

Nós mora no país do confundido, não sei por que nós se ilude que o dia de amanhã é diferente.

Fiquei paradão ouvindo a mídia falar sobre, mais de 30 mortes é eles

Querem saber nossa vivência no crime, se não encontram, inventam.

Pra nós é assim, injustiça acima de injustiça. Mídia nenhuma ajuda nós pô, é isso aí mermo.

Por isso eu digo, verme é verme não importa a forma que tá vestido, o que tá portando. De verme nós num tem que ter medo não pô, nojo mermo. Ódio!

Depender de mim morre tudo. Ainda mais agora.

Amanhã a mídia ia conseguir umas visu à mais vindo fingir que se importa com o que rolou.

Vários flash na mente, consigo ver os traçante passando na parede aqui de casa e ainda ouço as orações de proteção da minha coroa.

Várias mãe aqui ficou sem filho, qual foi...

[...]
07 de Maio de 2021.

Minha coroa fez questão de vir pô, acompanhei. Fizeram vários cartazes, papo de protesto mermo. Maior orgulho a favela tentar mostrar que nossas vidas significam algo, pena que não causa resultado nenhum. Continuamos morrendo.

Monte de repórter, só em tragédia mermo.

Até agora nenhum filho da puta foi detido pela chacina.

Repórter: Hoje, após a operação de ontem já aconteceu 7 enterros ao longo desta tarde. Foram 27 vítimas ao todo do ocorrido de ontem, 25 mortes confirmadas até agora. Iremos entrevistar algumas famílias que perderam alguém ontem. — Viraram a câmera pra mim. — O senhor, depois do ocorrido de ontem, teria algo à dizer?

Pedro: Foi operação não, dona. Foi chacina, corrige ai.

Pm: Fala direito com a moça. Ela tem nada a ver se vocês perderam alguém. — Meteu maior marra.

Pedro: Falar direito? Vagabundo ontem esculachou, matou morador e vem cobrar fala mansa? Han, cês tão muito mal acostumado mermo. Meu irmão morreu na porta de casa pô, trabalhador. Eu vi, eu ouvi falarem que era trabalhador e que iam botar como bandido. Eu vi pô, cês botar o fuzil nas costas dele pra usar de álibi.

Vanessa: Meu filho, não fala nada não.. — Tentou me acalmar. — Já mataram seu irmão, pra te matarem depois é dois segundos.

Pedro: Tem que ficar quieto não, mãe. Papo reto, eles quer isso. Favelado oprimido, querem que nós fique do lado deles sendo que eu faço a pergunta, quem é que nos tira vida? Han, ela não teve nada a ver com as mortes por que não é da família de vocês. Queria ver se ia ter essa calma toda.

Pm: Eu posso prender por desacato a autoridade, senhor.

Pedro: Prende, pô. Ela perguntou se eu tinha algo pra falar e eu tenho, vai prender por conta disso? É desrespeito quando nós não tá do lado dos seus? Queria ver se fosse bandido entrando na casa dos rico e fazendo essa chacina. Filha do mano viu ele morrer dentro de casa, pediu pra num morrer, cara era trabalhador na feirinha pô. Cês mataram inocente, foi operação não. É chacina nessa porra.

Pm2: A favela não é comando vermelho? Vermelhou então. — Debochou.

Pedro: Papo reto, vou sair da lógica com vocês não. Verme se pega na curva.

Pm: Foi ameaça, jovem? — Ajeitou o fuzil.

Pedro: Leva e interpreta como os vermes preferir. Nós não tá tendo muita opção entre matar ou morrer. — Sorri de lado.

Sai saindo dali, ia ficar ali no maior bate boca não, papo retão.

Não importa o que nós faz, nós fala, eles só escutam o que quer.

Vão torna o favelado da forma ruim que eles querem que nos vejam.