Sentada na cafeteria do campus o observava, e apreciava cada detalhe e cada movimento. Aos seus olhos, ele parecia um garoto de comercial, daqueles que ninguém consegue olhar sem dizer "uau". E realmente, ele atraia algumas outras da universidade, de fato.
Bebericava um espresso macchiato (como todos os dias, aparentemente deveria ser sua bebida preferida), enquanto anotava algumas coisas em seu livro da faculdade de direito. A caneta escorregando entre seus dedos, seus lábios molhados por estar tomando café, seus olhos fixos no livro, tudo aquilo mexia com ela. Porém...
– Ei testuda, você conseguiu terminar o trabalho de anatomia? – foi retirada de seus devaneios por ninguém menos que Ino Yamanaka. A loira que era sua melhor amiga desde a infância, sempre estudaram juntas e passaram a fazer a mesma faculdade de medicina, além de dividirem o mesmo dormitório no campus.
– Ino, você me assustou! – Sakura disse tentando recuperar sua compostura.
– Ah não, testuda?! Outra vez você aqui observando ele? – disse apontando nada discretamente para o rapaz que cursa advocacia, sentado sozinho em uma mesa distante na lotada cafeteria. – Você parece uma psicopata desse jeito.
– Para, Ino. Eu não tenho culpa se toda vez que eu venho na cafeteria ele aparece. Nossos horários se encontram, só isso.
– Ou é você que vem para a cafeteria toda vez que vê ele? – a Yamanaka arqueou as sobrancelhas, deixando a Haruno sem graça. Um rubor surgiu na face de Sakura – Qual é, você tem que seguir em frente. Você já está nessa há meses e nunca muda, você não consegue trocar uma palavra com ele, e ele mal sabe seu nome! Ou você parte para cima e toma uma atitude, ou deixa isso pra lá, porque atitude, é uma coisa que esse gatinho definitivamente não tem! – Ino dizia com total confiança em suas palavras – E digo mais, você mal sabe o nome dele!
– É... Você tem razão... – A Haruno disse com desânimo, apoiando seu rosto em sua mão – Acho melhor deixar isso para lá...
– Com certeza! – Ino disse com muita empolgação – Agora vamos, temos aula de embriologia.
As duas levantaram, Sakura pegou todos os seus livros e deu uma última olhada para a mesa de seu amado, que não estava mais lá. Procurou com o olhar rapidamente pela cafeteria, mas havia tantas pessoas que não o reconhecera no meio da multidão.
Lembrou do que a amiga havia dito sobre esquecer um pouco sobre isso, então deu de ombros e se virou. Entretanto, ao se virar, acabou batendo em algo que vinha em sua direção. Seus livros todos no chão, todos melados de café, assim como suas roupas. Foi então que percebeu, não havia esbarrado em algo, e sim em alguém.
Todos os olhares na cafeteria se voltaram para aquela cena, e Sakura permaneceu estática por demorados segundos, tentando raciocinar o que estava acontecendo naquele momento. Seu rosto, sem dúvidas estava vermelho como um pimentão, e não tinha a coragem de olhar em quem havia batido.
– M-me desculpe... – disse com a voz fraca de tanta vergonha que sentia. Se amaldiçoava por dentro, por ser tão distraída assim.
– Vê se olha por onde anda! Você não enxerga não? – proclamou uma voz masculina, uma voz bonita e meio rouca, mas que emitia um tom de raiva – Merda, tô todo molhado, a culpa é sua.
Sakura estreitou o olhar, trêmula. A pessoa com quem havia acabado de esbarrar era um rapaz alto, de cabelos negros e olhos ônix, sua pele alva não possuía nenhum rubor, ao contrário dela. A olhava com uma cara de poucos amigos, e devido a esse olhar, Sakura tomou antipatia do tal.
– Você não percebe que foi um acidente?! – retrucou o grosseirão, com um tom de voz alterado. – Você que veio na minha direção com esse café queimando!
– Olha onde nós estamos? Queria que eu estivesse segurando o quê? Um copo de cerveja?!
Sakura estremeceu-se da cabeça aos pés. Foi quando uma pessoa passou ao seu lado transportando alguma bebida. A raiva tomou conta de seu corpo, e quando percebeu, havia pegado a bebida do estranho e derramado na cabeça do rapaz. Se uma hora havia reclamado de estar molhado, agora estava ensopado.
– Vamos embora daqui, Ino. – Sakura disse pegando seus livros no chão, que estavam um pouco molhados, mas felizmente não muito. Saíram com pressa do local.
– Você é doida! – Ino disse rindo, certamente havia adorado a cena. – Mas você viu como ele era gato? Nossa...
– Gato? Humf... – bufou – nem conheço ele e já o detesto! Aonde ja se viu?! Droga! Agora vou ter que voltar para o dormitório só para trocar minhas roupas, não vou conseguir assistir a aula de embriologia.
Ino começou a rir de sua amiga enfurecida, foi então que ouviram passos, com pressa as seguindo, acompanhados de um "Espere!". Sakura congelou-se, imaginou ser o garoto da cafeteria, vindo com um balde de café para jogar em cima dela, mas quando se virou, se congelou ainda mais.
Quem vinha correndo não era ninguém menos que sua paixonite. O garoto de olhos perolados e cabelos castanhos compridos, vinha com pressa carregando um livro molhado de café em suas mãos.
– Ei, desculpe o incômodo, mas você esqueceu isso na cafeteria... – Ele disse, parando próximo a Sakura, com um sorriso ladino no rosto. Sua voz era doce e muito gostosa de ouvir. Suas pernas ficaram bambas e sentiu sua pressão cair, só por ele estar próximo o suficiente. Nunca havia sequer conversado com ele, e como poderia imaginar que naquela cena, ele teria prestado atenção nela e teria a gentileza de lhe trazer seu livro?!
– A-ah... Obrigada eu... – engoliu seco – nem sei como agradecer... – deu um sorriso tímido para o rapaz.
– Não precisa me agradecer... – Ambos ficaram estáticos, por alguns segundos trocando olhares, quando foram interrompidos pela terceira pessoa.
– Bom, Test- digo, amiga, estou indo para a aula de embriologia... Você vai no dormitório se trocar né? Uma pena que não vou poder te acompanhar, mas quem sabe ele te acompanhe, né? Você não gosta muito de andar desacompanhada... – Sakura ficou vermelha feito um pimentão. Em sua mente, proferia palavras maldosas para a amiga, que mantinha um sorriso vitorioso no rosto.
– Seria um prazer acompanhá-la. – O rapaz disse, surpreendendo as duas.
– Ótimo! – Ino disse e saiu de perto com a maior velocidade que conseguiu.
Eu não acredito que isso está acontecendo, eu não acredito que isso está acontecendo, eu não acredito! – Sakura repetia em sua mente enquanto andava junto com o rapaz. Ambos calados, decidiu ao menos quebrar a torta de climão que a amiga havia criado.
– Ah... A propósito me chamo Sakura... – disse colocando uma mecha de cabelo atrás de sua orelha, sem direcionar seu olhar para o rapaz.
– Eu sou Neji. Você estuda medicina, huh? – disse com muita convicção em suas palavras, o que deixou Sakura um pouco surpresa. Será que ele também reparava nela?
– Como você sabe? – Questionou-o, com borboletas batendo em seu estômago numa frequência absurda.
– Sua amiga disse que ia para a aula de embriologia. Foi apenas uma suposição. – Todas as borboletas morreram. Bufou silenciosamente – eu faço direito, estou no segundo período.
– Puxa, que interessante... – disse como se não soubesse dessa informação, fingindo estar surpresa – eu estou no primeiro período de medicina, ainda não conheço muitas coisas daqui da universidade.
– Bom, já que não conhece muito, que tal conhecer? – Sakura olhou para Neji, e magicamente as borboletas ressuscitaram em seu estômago. – Amanhã a noite vai ter um drive in aqui, se quiser me acompanhar eu ficaria honrado.
– Sério?! – seus olhos brilharam com o convite.
– Te pego amanhã às oito, ok? – Neji disse horário e Sakura memorizou com carinho. Ele a deixou na entrada do prédio, e ela entrou com a maior felicidade.
Pelo menos aquele incidente do café tinha servido para alguma coisa, sentia-se mais feliz do que nunca. Quem poderia dizer que, até essa manhã não havia trocado nenhuma palavra sequer com Neji, e agora, sairia com ele para um encontro!
As borboletas em seu estômago batiam mais e mais rápido toda vez que lembrava do convite feito por ele.
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Amizade Colorida - Sasusaku
Подростковая литератураUma troca de olhares foi o ponto máximo que havia conseguido com seu amor. Já estava farta de tudo aquilo, daquele sentimento não-recíproco e de sofrer por uma pessoa que mal sabe seu nome. Mas, devido a acontecimentos inoportunos, tudo muda. E ela...