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A pequena luz estava menos radiante naquela manhã. Sentada na cadeira infantil, apoiada (sem qualquer empolgação) sobre a mesa também tão baixa enquanto segurava o lápis que movia com os pequenos dedos pela folha de papel.

-Hm...- soltou a Senhorita White, baixinho, indo até a luminosidade em seu campo de visão. Se agachou ao ali ao lado, observadora -Tudo bem, meu amor?- perguntou, doce e calma

-Oh, sim. Por que, professora? Eu fiz algo?- recebeu em resposta num tom surpreso e preocupado

-Não, querido, apenas estava preocupada. Você me parece um tanto desanimado...- respondeu, calma, como sempre

-Estou bem, é só que...- hesitou um pouco. Era bobo, ao menos para si, e não tinha certeza se deveria dizer

-Sabe que pode me dizer o que estiver sentindo, não sabe?- fez questão de lembrá-lo com carinho na voz, o menor suspirou

-Daqui a pouco estaremos no fundamental, todos já estão quase em definitivo e eu... Eu ainda estou aqui, ainda sou apenas uma luz sem qualquer sinal de que cor se tornará.- posicionou o lápis ao lado do desenho que abandonou pela metade -E se ninguém gostar da cor que eu me tornar? E se eu não gostar da cor que me tornar? Ou pior, e se eu nunca chegar a me tornar uma? Não quero permanecer como luz pra sempre. Quero deixar de irradiar tanto e ser normal, diferente mas igual aos outros... Isso faz sentido?- a professora ergueu as sobrancelhas

-Faz, faz sim, querido.- ela sentou em definitivo, talvez a conversa durasse mais um tanto -Vê as gêmeas, roxo e rosa? Elas são parecidas, não é? Ainda assim, tem sua individualidade. O azul é o mais introvertido de todos; amarelo tem tanta energia que ninguém consegue acompanhar. Cada um tem suas características únicas que poderiam afastar todos os outros, no entanto, todos vocês continuam sendo amigos, certo?

-Certo.- assentiu sem deixar de prestar atenção

-Pois então, vocês são importantes uns para os outros, porque todos sabem que não se encontra cores iguais pela esquina. E ao invés de afastar os outros por serem diferentes, não é melhor reconhecer como são únicos e valorosos?

-É, acho que sim...

-Você tem amigos incríveis por serem o que são como mais ninguém é, meu doce. Se reconhece isso sobre eles, eles reconhecerão sobre você e lhe ajudarão a reconhecer sobre si mesmo. Não importa quanto tempo demore, que cor se torne ou o tom em que se definirá, tudo bem?

-Obrigado, senhorita White!- sorriu brilhando mais do que nunca -Espera, tenho mais uma pergunta.

-Sim?- se dispôs a responder enquanto preparava-se para levantar

-Por que se tornou professora?- a questão caiu na outra como um motivo para sensação de nostalgia tomar conta, então, ela sorriu

-Eu assumi a cor branca, como pode ver, isso significa que me mostro como todas as outras. E imaginei que se me tornasse professora, meus alunos poderiam se encontrar em mim, e assim, eu os ajudaria a encontrar o caminho para acharem a si mesmos. Respondi sua pergunta?

-É, respondeu sim.

-Ótimo! Agora vá brincar, querido!- sorriu e voltou para onde estava antes enquanto era observada pelo menor que também levantou, mergulhando em pensamentos por alguns segundos

-Hey, gente!- disse ele empolgado, correndo em direção ao grupo de amigos não muito distante -Eu acho que quero ser professor.

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