13 de outubro de 2011
Os raios solares tocavam o rosto de Jimin como um carinho empático, buscando enviar conforto por meio do calor naquela manhã de outono.
O adolescente, nos seus recém completados 16 anos, não conseguia sentir nada além do gosto amargo alojado em sua boca. Como uma mão fria apertando seu coração e lhe afogando em um líquido viscoso de rancor, ele nem ao menos consegue perceber o instante que transborda – quando suas bochechas umidecem pela decepção.
Era para ser um dos melhores dias da sua vida. O único dia do ano onde ele poderia se sentir minimamente especial para as pessoas ao seu redor. Afinal de contas, aniversários são sobre isso, não é mesmo? Sobre celebrar a vida daqueles que você ama e que te trazem sentimentos bons? Então, por que justamente com ele tinha que ser diferente?
A alguns metros da árvore sob a qual ele buscava esconderijo, aqueles que o Park pensava se importar tagarelavam sobre como ele estava sendo infantil por ficar chateado com algo tão bobo. E daí que eles haviam esquecido que hoje era o seu aniversário - mesmo que ele houvesse mencionado diversas vezes sobre nas últimas semanas? Era somente mais um dia e ele deveria estar se preocupando com a organização de alguma festa para comemorar, com uma boa tática para que conseguissem algumas bebidas.
O estudante abraça os próprios joelhos e se amaldiçoa por não ter percebido antes o quanto estava sendo usado. Por não ter estranhado os inúmeros pedidos para que lhes pagasse lanches, fosse buscar coisas, fizesse a maior parte dos trabalhos em grupo, para que lhes emprestasse seus jogos favoritos (os quais ele dificilmente conseguia pegar de volta), que relevasse os comentários sobre a sua aparência (afinal de contas, amizades são assim, é uma mera implicância "sem maldade").
É muito mais fácil enxergar os problemas quando você não está no centro de toda a confusão.
Mas, o que poderia esperar? Se até mesmo os seus pais faziam pouco caso de seu aniversário, não seriam pessoas sem o mínimo de laço sanguíneo com ele que tratariam o dia 13 de outubro como algo diferente. Ele funga, somente naquele instante se dando conta de que estava chorando há bons minutos.
É quando uma mão desconhecida estende um lenço de papel na sua direção e um olhar confuso ocupa seu rosto.
Erguendo as orbes escuras até o rapaz acocado diante de si, suas bochechas esquentam por algum motivo desconhecido. Talvez pelo vento ligeiramente gelado característico do outono.
— O-obrigado – A voz doce de Jimin se faz audível quando ele aceita a oferta e logo usa para se livrar da coriza.
— Posso te fazer companhia? – O desconhecido, com um sorriso quadrado inseguro em seus lábios, pergunta.
Sua primeira e única reação deveria ser negar, agradecer pela proposta e dizer que preferia ficar sozinho.
Jimin sempre odiou ser visto chorando, desde muito novo ouvindo dos mais velhos que "meninos não choram" e que ele precisa enfrentar seus problemas "como um homem". Aos poucos, ele foi se vendo cada vez mais isolado – com nada além da sua própria companhia quando as lágrimas chegavam.
Porém, por alguma razão que o Park não conseguiria entender naquele momento, sua cabeça acenou em concordância e não houve desconforto.
— Qual o seu nome? – Ele pergunta, depois de alguns instantes de silêncio.
— Taehyung, Kim Taehyung – Os lábios volumosos do outro sorriem, um quadrado imperfeito e ainda assim cativante.
Um sorriso que faz o coração de Jimin doer menos, que lhe faz enxergar novos tons de laranja ao seu redor e finalmente sentir o calor do sol tocando sua pele.
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film out - vmin;
FanfictionQuando memórias são tudo o que lhe restam, Park Jimin se encontra sem-rumo. Em um quarto cheio do que foram um dia e um coração dilacerado pela perda, ele precisa seguir em frente. Mas como deixar para trás sem dizer o "adeus" mais difícil de toda a...