3. Imperceptível.

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Antes de começar: Eu achei importante deixar esse adendo aqui para que não houvesse estranheza ao lerem. Os nomes dos familiares do Louis foram alterados, sendo assim, o personagem terá duas mães, e nenhuma delas carrega o nome da mãe dele fora da ficção, em respeito à mesma.

Bom, no mais é só isso. Até as notas finais e boa leitura

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Passos apressados e raivosos eram dados por Louis ao sair do pequeno prédio. A neve caía de forma lenta naquele dia, no entanto o frio ainda podia ser sentido o fazendo agarrar-se em seu casaco, mesmo que o vento não o afetasse de maneira severa.

Suas sobrancelhas franziam-se em descontentamento e um leve teor de raiva. Acabara de sair de uma reunião com sua mãe e chefes de matilhas vizinhas, o alfa foi cobrado por notícias de seu esposo. Fazia um mês que se casaram e Louis nunca havia apresentado sua Luna devidamente à matilha, todos o queriam conhecer e aquilo de certa forma incomodava o alfa, não por ciúmes ou qualquer  sentimento de posse que houvesse, ele simplesmente não se alegrava em mostrar como prêmio alguém que ele ao menos queria.

Seria como uma recompensa à suas mães, e ele definitivamente não queria aquilo.







Os dedos finos e longos se enrroscavam no suéter verde musgo, seus olhos estavam baixos, presos nas unhas perfeitamente pintadas na cor rosa. Suspirou olhando para a janela que dava até o deck em frente à casa, a neve costumeira ainda caía do lado de fora. O cheiro do almoço pronto inundava a cozinha; os pratos estavam devidamente postos na mesa apenas à espera do outro integrante da casa.

Harry tinha a sua rotina ali, após cada refeição feita ele esperava pacientemente o esposo para que a fizessem juntos. O ômega passava a maior parte dos seus dias amuado, o corpo se mantendo em pé apenas pela força de vontade em não cair e sucumbir à dor que o apossava aos poucos.

Além disso a marca transmitia a Harry todas as emoções de Louis, o que não ajudava em nada tendo em vista que o ômega sentia agonia e estresse na maior parte do tempo, sabia que aquilo provinha de Louis.

Ele sentiu quando o cheiro forte de café e avelã trespassou as paredes de sua casa; as botas pesadas batendo sob o piso de madeira trazendo consigo um som estrondoso que misturado com a áurea fatigante transmitiam raiva.

Logo a figura imponente do seu alfa se fez presente no cômodo; os olhos banhados do único sentimento que Harry havia recebido de Louis durante todo esse mês juntos.

''Olá alfa, eu-'' Sua fala foi cortada antes mesmo de se completar.

''Nós iremos sair hoje, agora. Peço que por favor suba e se arrume, ômega.'' Sua voz era como sempre calma. Rouca e firme, o olhar cravado em qualquer canto que não nos olhos de Harry.

''Sair? Mas- Mas e o nosso almoço?'' Soltou em um tom baixo, os olhos postos sob a mesa arrumada com seus melhores talheres.

''Ele fica para depois. Iremos à um jantar hoje a noite.'' A frase curta saiu acompanhada de um suspiro; ao parecer, Louis não queria passar disso: frases curtas ou poucas palavras.

Levantar nunca se tornou tão difícil para Harry; o bolo formado em sua garganta enquanto procurava uma maneira de tornar as palavras de Louis mais gentis em sua imaginação. Os pés cansados subiram os degraus de forma apressada, acompanhando sua respiração.

Assim que desceu, com seus casacos e botas de inverno, o ômega encontrou seu esposo a sua espera no deck. Seu olhar continuava distante, atravessando a visão dos pinheiros à sua frente de forma cortante.

Partiram então em direção à velha caminhonete que os ajudaria a cortar caminho pela floresta até o vilarejo. Os vidros abertos permitiam que o vento soprasse em seu rosto e Harry aproveitou aquilo, o silêncio cortante foi ignorado por ele, dando lugar à admiração pela paisagem que corria do lado de fora. Era a primeira vez que Harry visitaria o vilarejo de sua mais nova matilha.

Tolerate It • (l.s) ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora