A refeição

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Na fase 2 da Copa dos Contos Edição de Natal, os autores devem escolher entre os temas "UMA NOITE EM FAMÍLIA" ou "GRINCH VEIO SABOTAR", e adequar a história um gênero: Romance, Terror ou Mistério, tudo isso em 500 palavras ou menos.

Tema e gênero escolhidos: GRINCH VEIO SABOTAR e TERROR

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Após uma noite farta de Natal, todos dormiam profundamente, empanturrados com a ave da ceia e o pavê da sobremesa. O silêncio da noite penetrava na casa, projetando calma e tranquilidade.

Aquele seria um alvo fácil. O Grinch iniciou a escalada rumo ao telhado. No meio do caminho, parou diante de uma janela. O menino dormia tranquilamente, assim como todos da casa. O monstro verde abriu um largo sorriso amarelo.

Continuou subindo até o telhado, onde andava a passos leves com as mãos encolhidas à frente do corpo. Enfiou-se chaminé abaixo, até seus pés tocarem as cinzas da lenha

Ao sair da lareira, bateu a cabeça no balcão. Ainda massageando a testa, sentiu o doce aroma do panetone com frutinhas na mesa de centro. Umas das poucas coisas que tornavam o feriado minimamente suportável para o Grinch.

Lambendo os beiços, pegou o doce e engoliu de uma só vez. Era delicioso, mas nada se comparava ao sabor de carne fresca, ainda mais quando sua refeição estava recheada de peru e pavê.

Os degraus berravam a cada passo que dava. Não sabia se a madeira estava velha ou se era efeito do panetone. Espreitou-se pelo corredor, e silenciosamente dirigiu-se ao quarto do menino que avistara mais cedo. Já podia sentir o gosto da carne jovem dançando em sua boca, enquanto ouvia a doce sinfonia de seus gritos.

Com uma das mãos, pegou sua faca, e com a outra, arreganhou a porta. Foi certeiro na cama do garoto. Apenas na cama.

Haviam lençóis, colchão, travesseiro... mas nada do menino.

A criatura verde ficou inconformada, até perdeu o apetite. Fizeram-no de trouxa. Outra vez.

Desceu as escadas a passos largos e pesados. Como estava de saída, não ligava de acordar quem quer que ainda estivesse cochilando.

Quando chegou no piso, o Grinch parou.

O menino estava acordado, em pé, diante dele.

— Cadê o meu panetone? — a voz do menino era tão inocente quanto se pode imaginar.

O Grinch viu a oportunidade de saborear sua refeição noturna.

— Eu comi! Eu vi o panetone na mesa, me deu vontade de comer, então eu comi. — Dobrando o corpo para frente, continuou — Vai fazer o quê, pirralho?

O monstro peludo primeiro abriu um sorriso sedento, depois arreganhou os dentes na direção do menino, até que parou para gritar. Gritar de dor.

Ficou de pé num segundo e olhou para baixo. Viu a ponta da faca atravessando sua barriga. Sua própria faca. Lançou-se para frente e separou-se da arma. Caiu no chão e virou-se, o pai da criança esboçava um sorriso estático.

— Meu filho quer o panetone dele. Por favor, devolva.

O Grinch tentou se levantar e correr para a porta, mas a mãe, na penumbra, acertou sua cabeça com um machado.

— Ai meu Deus! — ela exclamou alegre — Que bagunça!

O pai abriu a barriga peluda do Grinch com a faca e acariciou a cabeça de seu filho, que saboreou sorridente seu panetone com frutinhas.

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(Total de palavras: 497)

Os enfeites de natal que caíram da árvoreOnde histórias criam vida. Descubra agora