°•Dead of Night•°

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Song¹: Rival - Ruelle
Song²: Dead of Night - Ruelle

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— Esteja aí, Eli... — a água gelada cobria todo o corpo pálido e sem vida de Cardale, enquanto Victor torcia para que o garoto abrisse os olhos. — Por favor, não me decepcione.


Os fios castanhos estavam opacos e sem vida, os lábios que eram normalmente vivos, se encontravam em tons de roxo e branco. Eli não havia gritado. A dor esteve estampada no seu rosto, mas ele continuava quieto.

O relógio tocou alto, assustando o loiro que, tão concentrado em observar o corpo morto do seu amigo, estava suscetível a qualquer som inesperado.

Esse era o momento, ele precisava trazer Eli Cardale de volta.

Com esforço, ele tirou Cardale da banheira e o colocou no chão, que não se comparava com a frieza do seu corpo pálido. Pegou as compressas quentes e os cobertores, secou todo o corpo de Eli e por fim o embalou parcialmente. Ativou a compressa quente nas duas extremidades do seu corpo e em pontos vitais: cabeça, nuca, pulsos, virilha.

Victor ligou o aquecedor; o corpo de Cardale precisava estar no ponto certo de temperatura. Vale não parava de tremer, podia sentir a pele gelada do seu amigo nos seus dedos quentes. Os fios castanhos grudados na testa, caindo sobre os olhos.

Victor arfou em desespero.

Suas mãos, trêmulas, esticaram até as canetas de epinefrina; ele as segurava forte contra os dedos, com medo de as perder.

Victor esperava ansioso pelo ponto de temperatura de Eli, ele a checava de instante em instante. Seu corpo suava mais e mais com todo o nervosismo, entretanto, ele precisava fazer aquilo.

Quando Eli lhe pareceu quente o bastante, Victor começou a ressuscitação. A carne sob suas mãos ganhava calor, fazendo o corpo parecer menos um picolé e mais um cadáver. Seus dentes trincaram ao ouvir as costelas rachando abaixo de suas palmas. Depois de muitas repetições, Victor posicionou uma das canetas de epinefrina na perna de Eli.

Um, dois, três.
Nada.

Começou a massagem novamente, xingando Eli de todos os nomes mais feios possíveis, em tom baixo e retraído; Victor já era silencioso por natureza, mas era ainda mais quando estava tenso e sob pressão.

Não funcionava.

Victor pegou a segunda caneta e a espetou na coxa de Cardale.

Um, dois, três.
Nenhum sinal.

A bebida que Victor havia ingerido antes de começar o processo com Cardale estava voltando amarga por sua garganta, com uma sensação de desespero. Suas esperanças estavam esgotadas, e ali, olhando o corpo do seu amigo morto, Victor lembrou de quando o viu pela primeira vez na faculdade. Eli que vinha com uma mala e um sorriso; Eli, que acreditava em Deus e que tinha um monstro dentro de si assim como Victor, mas que conseguia escondê-lo melhor. Eli que gostava de si porque era um monstro e não escondia isso.

Então, segurando ainda mais forte a última caneta, Victor a espetou no peito de Eli, com força.

Uma, duas...três vezes, três canetas. Três tentativas. Três falhas.

Pequena Morte | EverValeOnde histórias criam vida. Descubra agora