ⁿᵒᵃⁿʸ || 𝗨𝗠𝗔 𝗡𝗢𝗜𝗧𝗘 𝗗𝗘 𝗠𝗘𝗡𝗧𝗜𝗥𝗔𝗦 ✔

31. Any☀️

Eu não me sentia sozinha, todos à minha volta tremiam como eu, alguns em situações piores até, a menina ruiva ao meu lado acabou de vomitar no banheiro

𝗦𝗵𝗶𝘃: por que eles fazem isso com a gente? - mesmo sentada as pernas de Shivani não param de tremer e ela só não está mais roendo as unhas porque eu já dei dois tapas na sua mão ao levar em direção a boca

A exatos dez dias atrás os 34 jovens aqui incluindo eu, estávamos apresentando nosso TCC e hoje saiu o resultado, era nosso chute na bunda vindo da universidade, o final da vida de universitária. Eles poderiam fazer como todos os outros cursos, postar no portal as notas e cada um surtar sozinho em casa com o resultado mas não, precisavam dramatizar até isso. Juntaram todos os alunos do último período a maioria eu conhecia de uma aula e outra que tínhamos juntos, então alguns sorrisos de medo compartilhado rolavam pra todo lado

𝗔𝗻𝘆: pra rirem da nossa cara - bufo

Meu celular vibra na minha mão, olho pra tela acesa e lá está uma mensagem de Noah

"à noite você é minha, vamos comemorar sua aprovação"

Sorri olhando as palavras, ele não me desejou boa sorte como qualquer outro faria, ele me mostrou que confia no meu potencial, como se não houvesse a opção de que eu não havia passado. Pensei em responder mas a grande porta do auditório se abriu, o babaca do professor Filipi apareceu acompanhado da diretora do curso a qual quase nunca viamos, nos cumprimentaram e nos mandaram entrar

Fui uma das últimas por ter que esperar Shivani conseguisse levantar e dar o primeiro passo, se isso demorar a garota vai desmaiar. Sou interrompida de entrar e sou jogada no canto do grande espaço, ficamos escondidos mas não tanto que não pudéssemos serviços

𝗙𝗶𝗹𝗶𝗽𝗶: dependendo do seu resultado não serei mais seu professor - Filipi sussurra apertando meu braço

𝗔𝗻𝘆: o que significa que não vou mais precisar te ver - puxo meu braço com força e ele ri, Shivani olha incrédula pra situação mas eu a puxo pelo braço, voltamos a caminhar em direção aos outros

Nos sentamos nos assentos do meio, completando uma última fila de alunos no auditório. Três dos nossos professores estão em pé em cima do palco cada um com uma folha na mão

Eu sei que fui bem, sei que me esforcei e que a chance de um "não" é pequena, minhas notas sempre se mantiveram altas mas mesmo assim minhas mãos suavam frio e minha nuca formigava com tanta pressão e medo

Lembro quando contei pros meus pais que tinha mudado de curso, eles me apoiaram como sempre mas lembro de uma certa decepção nos olhos do meu pai, não pela escolha do curso mas pelo enfoque. "Pra que vai fazer artes cênicas se não vai estar em cima de um palco?" No começo nem pra mim fazia muito sentido mas depois lembrei da minha infância e adolescência, eu sempre montei show de talentos na escola, ajudava a professora com as peças teatrais sobre feriados nacionais e livros clássicos. Eu gostava de arte, de talento mas não de me amostrar, sempre admirei quem estava por trás de tudo, a pessoa faz tudo funcionar e não precisa aparecer