Os olhos castanhos perfuravam o caixão escuro de madeira do antigo Rei. Ao longo de sua vida, Wasuke sempre se preocupou com o bem estar do seu povo. Ele faria qualquer coisa por eles. Esse legado tinha sido passado para o seu filho, Jin, quando entregou seu trono a ele. E, após longos anos, faleceu. A cidade inteira banhada pelo silêncio do luto. Naquele ambiente minúsculo, preces eram feitas pelos próximos de Wasuke, até mesmo a Rainha, esposa de Jin, orava pelo falecido Rei; mas Jin, naquele momento, apenas observava, com uma ânsia em seu anterior, crescendo, crescendo e crescendo, o qual o perturbou por longos e tortuosos anos: a busca pelo seu filho.
Seu pai culpava-se constantemente pelo ocorrido, algo que Jin jamais faria, pois ele entendia. A ingenuidade de Wasuke quando assumiu o trono aos 16 anos o levou até aquele momento. Ele pensou em seu povo, não pensando no que poderia acontecer no futuro, não tinha como culpá-lo. Principalmente com ele querendo consertar seus erros. A diferença era que Jin não gostava da forma de busca do seu pai, no entanto, respeitava enquanto permanecia vivo. Porém, as coisas mudaram. Fushiguro Toji, Comandante da Marinha, aproximou-se de forma sorrateira do atual Rei, respeitando os outros que estavam de luto.
— Vossa Majestade, mandou-me chamar? — indagou, ao ficar com a postura ereta, com as mãos atrás de suas costas. Pelo canto dos olhos, Jin notou a bainha vazia, assim como a falta da pistola. Jin voltou seu olhar para sua esposa que orava para o seu pai. Estavam em uma distância segura.
— Chamei, sim, Comandante. Irei fazer um anúncio amanhã cedo e precisarei de apoio.
— Apoio?
— Sobre meu filho. Faremos mudanças sobre as buscas. Respeitei as decisões do meu pai de usar a Marinha, mas agora que ele se foi farei do meu jeito. — E encarou Fushiguro. — Você sabe qual é o meu plano, Toji. Sem formalidades agora, de um pai para outro, você também faria de tudo por Megumi.
O Comandante da Marinha ficou sério. E naquele momento não havia hierarquia, apenas dois pais preocupados. Fushiguro conhecia Jin desde criança, ele acompanhou de perto toda sua trajetória. Seu sofrimento com a perda do filho. Sua dor quando sua esposa quase pereceu pela perda. Toji admirava a força de Jin por todos aqueles anos. Se algo assim tivesse acontecido com ele, certamente estaria agindo como o outro.
— Como irá explicar isso para os outros? — respondeu apenas isso. Jin cruzou os braços.
— Se nada foi mencionado sobre a utilização da Marinha nas missões suicidas, não dirão nada sobre os piratas.
Fushiguro sabia que ele tinha razão. E, no fim, teria o seu apoio.
— Qual será o comunicado?
— Avise sobre a busca de Yuuji, e os piratas que comparecerem ao palácio dentro de três semanas e derem a sua palavra de que irão trazer meu filho de volta terão uma recompensa.
— Recompensa? — Toji questionou.
— O pirata que conseguir trazê-lo de volta receberá uma quantia significativa em ouro. Além da Marinha ficar um ano fazendo vista grossa com as atitudes da tripulação inteira.
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A maré do seu coração - Sukuita
FanfictionDevido a um acordo feito pelo antigo Rei, Itadori Jin perdeu seu filho quando ele ainda era um bebê. Buscas ao longo dos anos foram feitas atrás de Yuuji; mas sem sucesso. Com Jin assumindo o trono, ele fará qualquer coisa que estiver ao seu alcance...