Sinto meu sangue pulsar pelo meu corpo como marteladas em meus ouvidos assim que deixo a multidão de gritos e aplausos para trás e entro no grande salão do estádio Olímpico de Seoul, caminhando lentamente até o nosso camarim enquanto sinto o olhar dos cantores dos outros grupos nas minhas costas.
Com um dos sete troféus que recebemos em mãos, evito encarar qualquer pessoa que não seja algum dos meus membros nos olhos.
Não é por vergonha. Mas simplesmente não tenho coragem de me gabar por ter recebido a maioria dos prêmios da noite. De vez em quando até me sinto mal em relação aos outros idols, que já chegam aqui sabendo que estão concorrendo conosco.
Mas lá no fundo, bem lá no fundo, eu gosto de toda essa atenção em mim.
Eu gosto de saber que estou sendo observado pelas pessoas mais famosas do país. Gosto de saber que, nesse exato momento, todos estão cochichando sobre mim, sobre minha performance, sobre meu figurino, meu cabelo, minha aparência, minha voz... e sobre o garoto que está ao meu lado.
O mais bonito do mundo. E, aos meus olhos, o mais bonito que já pisou nesse planeta.
Como se compartilhasse do mesmo sentimento que eu, Taehyung anda com a cabeça erguida, mas encarando apenas o caminho à sua frente. Não ousamos olhar para os outros idols. Não quero deixar ninguém sem graça, e muito menos ele.
A música de fundo está abafada, enquanto nossos fãs deixam o estádio aos poucos após o fim da premiação, juntamente com os fãs dos outros grupos e solistas.
É a primeira cerimônia de prêmios importantíssima que participamos ao vivo com nossos fãs na Coreia desde que retornamos do semi-hiatus.
Ano passado estávamos nos Estados Unidos nessa época do ano. De férias.
Applauses é uma música intensa, devo admitir. Uma title impactante que lançamos no primeiro semestre do ano, nosso primeiro comeback desde o lançamento solo de cada membro.
A batida é forte e lenta, e os vocais são mais intensos ainda. A letra relaciona imortalidade sobrenatural com imortalidade da fama, e, juntos, escrevemos a música expressando como a ideia de ficar conhecido para sempre, mesmo após a nossa morte, é assustadora.
Estou grudando de suor. Meu cabelo comprido azul marinho está colado na minha testa abaixo da franja, de forma que a parte de cima ainda esteja solta, deixando um volume legal e aparentemente seco para quem me vê de longe. Taehyung não está diferente, mas ele decidiu deixar o cabelo liso, então as pontas estão praticamente encharcadas de suor e balançam em seu rosto.
Nojento, mas lindo.
Ele fica lindo de qualquer jeito. E eu já estou cansado de dizer isso para ele.
Uma garota daquele novo grupo NMIXX passa em nossa frente, procurando um pé de seus sapatos. Ela ergue o olhar e derruba a garrafa de água da mão quando nos enxerga.
— Meu Deus— ela se afasta de ré, lentamente— Meu Deus do céu.
Não digo nada, apenas sorrio sem jeito.
É engraçado, não vou negar.
Mas a graça vai se perdendo quando esse tipo de coisa se torna constante.
Não me sinto confortável de ver as pessoas surtando toda vez que dão de cara comigo e meu nome passa pela cabeça delas.
Eu ainda sou um ser humano normal, não um Deus.
E eu sei que um pouco dessa exaltação toda é o fato de que Taehyung está do meu lado.
Não é todo dia que você vê um membro do BTS na sua frente. Muito menos dois deles de uma vez.

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BUGATTI ➟ taekook oneshot
FanficÉ tarde da noite, sob o céu estrelado do inverno sul-coreano, quando Kim Taehyung e Jeon Jungkook decidem celebrar suas vitórias na premiação mais importante do país. Após dias e mais dias de ensaio, apresentações, doses de álcool no organismo e mui...