01. Esse não é o nosso primeiro beijo

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Naquela noite ㅡ quase madrugada ㅡ, um aroma forte e confuso impregnou as narinas de Park Jongseong. Era estranho, mas viciante tal como se fosse uma espécie de droga, capaz de mantê-lo dessa forma por horas; imóvel, e completamente rendido. Isso se ele não fosse uma pessoa extremamente racional e de enorme autocontrole.

Heeseung cheirava à cigarros e bebida barata, apesar de seus lábios terem um gosto peculiar e artificial de cereja; talvez ele tivesse mascado um chiclete ou chupado uma bala ㅡ era o que Jay deduzia. Ele não era de fumar, Jay sabia que não; talvez só não tivesse tido a mesma coragem que o próprio para ter recusado quando o Sr. Dok os estendeu seu maço branco. Heeseung podia até ser do tipo que fuma socialmente, mas Jay jurava que nunca o tinha visto dar uma tragada naquele objeto imundo ㅡ não até há algumas horas atrás.

Isso o fez pensar no tanto de coisas que ele não sabia sobre o outro. Jay ficou quatro anos em Pohang*, o que ele esperava? É claro que seu amigo não seria o mesmo de antes; as pessoas mudam.

Hoje mais cedo, durante o jantar da empresa, seus colegas de trabalho resolveram jogar verdade ou desafio, e como Jay nunca foi uma pessoa de muita sorte, o desafiaram a dar um selinho nos lábios sempre sorridentes de Lee Heeseung, e como ele não quis dar a impressão de ser covarde logo em seu primeiro mês de trabalho, obviamente aceitou o desafio. Desde que descobriram que ambos eram amigos, um rumor bobo sobre já terem tido um relacionamento amoroso eclodiu em seu escritório, e muito provavelmente esse foi o motivo de um desafio tão intimista. Apesar deles se conhecerem desde que se entendiam por gente, Jay não podia dizer que ficou totalmente confortável com o ato ㅡ principalmente porque ele nunca gostou de chamar a atenção, e dois caras se beijando infelizmente ainda é uma coisa que chama muita atenção na Coréia do Sul.

Depois que todos foram embora, os dois foram juntos para casa, visto que são vizinhos da mesma rua. O que o mais baixo não imaginava era que o selinho que havia dado mais cedo, não tinha sido o suficiente para o moreno alto e de camisa abarrotada. O segurando com firmeza pela gola do sobretudo bege, ele o puxou até si na ruela que antecede seu endereço, e beijou-o com tanta ênfase como nenhuma outra pessoa jamais fizera em sua vida.

Enquanto o ar gelado castigava seus corpos que insistiam em ficar quentes, as mãos bobas e compridas de Heeseung caçavam outras formas sutis de provocá-lo, quase convidando para uma passada em seu quarto mais tarde.

ㅡ Heeseung, o que está fazendo? ㅡ indaga, o afastando pelos ombros.

O homem de face pequena e pele enrubrescida desviou o olhar de seus olhos para seus lábios inúmeras vezes, mas não fez questão alguma de responder ao seu questionamento. Inclinou-se mais uma vez em sua direção e roçou os lábios na região próxima ao nariz fino de Jongseong, provocando nele um arrepio leve.

ㅡ Heeseung, é sério... Por que me beijou? ㅡ insiste.

ㅡ E isso importa mesmo?

ㅡ O quê?

ㅡ Você me beijou de volta; foi recíproco.

ㅡ Foi por educação.

ㅡ Quem beija alguém por educação, Jay? ㅡ ele ri, embriagado.

ㅡ Eu.

ㅡ Mentiroso ㅡ ele apoia uma das palmas na parede às costas do mais sério.

ㅡ Você está bêbado.

ㅡ Correção... nós estamos bêbados ㅡ aponta, cheio de diversão nos selvagens olhos escuros ㅡ Mas isso não muda nada.

Jay solta um suspiro alto e contrariado.

ㅡ Não vai dizer por que me beijou?

ㅡ Nós nos beijamos; e foi de língua ㅡ ressalta ㅡ E essa não é a nossa primeira vez; nós também fazíamos isso quando éramos mais novos...

This is NOT our first time • HeeJay Onde histórias criam vida. Descubra agora