Verão, 1989Se, nesse exato instante, abordasse qualquer pessoa daquela faculdade para questionar quem é Kim Dahyun, certamente ouviria coisas como: a garota estranha, brega - ou, para as mais cruéis - a baranga do curso de fotografia.
Aquela que sempre se vestia com roupas exageradamente largas, vários números maiores do que seu próprio corpo, blusas coloridas, embora raramente portassem alguma estampa. Não sabia nada sobre maquiagem, por isso estava sempre com a cara lavada e usava sempre um esmalte neon ridículo.
Seus cabelos estavam corriqueiramente presos e suas feições eram sempre sérias e fechadas.
Algumas más línguas também fariam comentários ofensivos sobre sua sexualidade e sobre seus olhos.
A questão é que Dahyun é assumidamente bissexual e como combo perfeito para o preconceito, também possui heterocromia, condição em que a parte colorida de um olho - íris - é diferente do outro.
Seu olho esquerdo possui um tom intenso do castanho, já o direito é tão verde quanto uma pedra de jade.
Os olhos de Dahyun são, provavelmente, uma de suas características mais marcantes. Eles são verdadeiramente fascinantes para quem sabe olhar para além do incomum.
O ser humano, por muitas vezes, tende a não saber lidar com o diferente, por que isso nos tira de nossa zona de conforto e nos exige um raciocínio intelectual e emocional que difere do que estamos acostumados.
Tendemos a ver aquilo que não compreendemos como incorreto, uma vez que não conseguimos reconhecer. Por tal razão, pessoas más costumam chamar a morena de aberração, pelo simples fato de não aceitarem o que não conhecem.
É assim que a maioria de seus colegas costuma defini-la e é assim que ela mesma passou a se definir.
Dahyun sempre observou suas colegas vestirem minissaias, saias na altura do joelho, blusas de um ombro só, babados e mangas bufantes, vestidos lamê, lantejoulas, meia-calça e muitos acessórios, como maxibrincos dourados, batons vermelhos, os olhos pintados de um tom azul-elétrico, cílios postiços e as maças do rosto realçadas por blushes cor de tijolo, os delineadores de olhos e boca fortemente destacados, assim como as sombras e a base para o rosto.
Elas eram simplesmente lindas e por muitas vezes, a Kim dormiu abraçada aos seus cobertores, enquanto chorava descontroladamente, desejando poder ser pelo menos metade do que elas eram.
Ela nunca havia se importando com coisas do tipo. Sempre se vestiu da maneira que queria e fazia o que desejava, pouco se importando com o que as pessoas pensariam, mas doía saber que era um erro, uma imperfeição da natureza. Ela havia nascido quebrada e por isso todos a odiavam?
Era certo que a odiassem por algo que ela não podia controlar? Dahyun não sabia e talvez nunca descobrisse, mas talvez fosse melhor tentar apenas esquecer isso.
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𝗉𝗈𝗋 𝗍𝗈𝖽𝖺𝗌 𝖺𝗌 𝗌𝗎𝖺𝗌 𝖼𝗈𝗋𝖾𝗌 | 𝗱𝗮𝗵𝗺𝗼
FanfictionPara a maioria das pessoas, a heterocromia de Dahyun era considerada uma aberração, mas Momo era completamente apaixonada por todas as suas cores, desde as que estampavam suas roupas largas até aquelas que coloriam seu interior. [ graphic & banner b...