- Heloísa Venosa
─ Você não vai embora garota!! ─ eu tentava me soltar de seus braços mas só conseguia sentir sangue saindo do meu rosto e socos dolorosos me atingindo
─ Por favor.. me deixa ir embora ─ eu tocia por falta de ar e minha voz saía fraca agora
─ Eu ja disse, você vai ficar presa aqui! ─ Finalmente ele me solta e vejo o sair pela porta da sala
Respiro aliviada e corro pro meu quarto, pego uma mala e coloco tudo que via. Eu sempre tive tudo do bom e do melhor mas.. nunca tive amor pelo menos não do meu tio, quando meu pai e minha mãe foram pro morro ele fez de tudo pra pegar minha guarda
Ele dizia que quando eu fizesse 18 anos me venderia por um alto valor a uns homens nojentos, tentei fugir várias e várias vezes mas tudo só piorava. Com o tempo fui aceitando mas hoje depois de quase ser abusada deu pra mim, vou atrás da minha família
Saio do meu quarto e vou até a cozinha, lá tinha uma passagem que dava pro lado de fora da casa e provavelmente meu tio não conhecia então.. oportunidade perfeita. Eu tiro a tampa e coloco minha mala dentro do corredor e com uma dificuldade consigo passar, ligo a lanterna do meu celular e sigo em silêncio total até finalmente ver uma luz, corro até lá e saio imediatamente
Atravessei umas duas quadras e achei melhor pedir um táxi, tinha um passando ali na rua então aproveitei e o chamei quase berrando.
─ Obrigada, por favor me leve pro morro à leste ─ o motorista me olha como se não entendesse mas logo segue o destino
Aproveito pra ligar pro meu irmão, a gente sempre conversava até mais que meus pais.
📲
Gustavo: Alô, Helô?
Heloísa: Gu eu to indo pra aí, pode me esperar no pé do morro? Depois te explico melhor
Gustavo: Eita menor, beleza depois me explica isso aí
📲
Desligo o telefone e vejo que estamos quase chegando, olho pra janela e tá um sol raiando que as ruas parecem tá até queimando
O carro para e agradeço o homem dando uma nota de cinquenta reais, quando saio vejo vários homens armados e fico com receio de entrar
─ Opa a delicinha não pode entrar não ─ disse me comendo com os olhos, isso não era divertido
Gustavo: Ela ta comigo, minha irmã
─ Satisfação menor, se quiser prazer so chamar ─ o moço disse mais uma vez me olhando de cima a baixo
Heloísa: Gustavo!! ─ corri até ele e o apertei até não aguentar mais
Gustavo: Vem sobe, me explica o porque tão do nada você apareceu ─ disse pegando minha mala
Heloísa: eu não aguentava mais ficar naquela casa Gu.. tudo piorava a cada dia que passava ─ suspirei
Gustavo: Agora ce ta segura viu? to aqui pro que tu precisar
Dei um sorriso fraco e continuamos subindo até chegar numa pracinha, eu podia ver de longe quem tava lá ERA A SARA! Que saudades da minha irmã
Heloísa: SARAAA! ─ corri até ela e dei um abraço forte
Sara: Helô!! Que saudades que eu tava de tu ─ ela retribuiu meu abraço e me deu um tapa na bunda que no momento me doeu
Heloísa: aii ─ fiz uma careta de dor
Sara: Helô? O que aconteceu? ─ ela começou a analisar meu rosto e viu minha barriga que tava meio roxa
─ Heloísa o que é isso? ─ me perguntou aflita
Gustavo: O que foi? ─ ele se aproximou com mais 2 caras
Heloísa: nada, Sara que ta exagerando
Sara: Exagerando?? Gustavo olha isso aqui ─ ela apontou pro meu corpo todo
─ Caralho novinha quem te fez isso que nois mete o tiro agora mermo ─ um cara alto e bonito disse
Gustavo: Ele te fez isso? ─ vi o ódio em seu olhar e olhei pra baixo
Heloísa: não, foi sem querer que eu caí ─ continuava olhando pro chão
Gustavo: quando tu mente olha pro chão, foi ele Heloísa?
Todos me olhavam esperando uma resposta ─ sim.. foi ele, mas deixa isso pra lá
Gustavo: eu vou matar esse desgraçado ─ quase quebrou o banco que tinha ali e depois veio me dar um abraço junto com a Sara, me senti acolhida pela primeira vez em muito tempo
─ Belê já que ninguem vai me apresentar eu mermo me apresento, satisfação sou o Coringa e esse aqui é o Índio ─ o moço alto diz e aponta pro seu amigo moreno que ta do seu lado
Índio: Satisfação conhecer tu, sou o namorado da Sara ─ ele passa o braço pelo pescoço dela
Heloísa: então quer dizer que dona Sara largou a putaria? ─ cruzo meu braços e faço cara de decepção
Sara: Acontece
Gustavo: Belê agora vamo pra casa, o pai e a mãe deve ta querendo te ver menor
Assenti com a cabeça e fomos pra casa que era bonita e grande, Gustavo abriu o portão e segurou minha mão me fazendo entrar
Lá estava eles, meus pais.. era estranho saber que em 16 anos eu não via eles ou que eles não tentaram ir atrás de mim mas eu fiquei feliz em ver eles, e principalmente bem
Heloísa: Oi.. aqui estou eu
Mia: FILHA FINALMENTE! QUE SAUDADES QUE EU ESTAVA DE VOCÊ PEQUENA ─ ela veio até mim e me abraçou com tudo, ela chorava e chorava
Grego: Filha, finalmente voltou pra casa ─ Ele me puxou pra um abraço e alisava meus cabelos em gesto de proteção e carinho.
Heloísa: Eu voltei e agora é pra ficar, tava morrendo de saudade de todos vocês
VOCÊ ESTÁ LENDO
O dono do PCC
أدب الهواةHeloísa saí de casa e volta as origens, conhecendo novas pessoas no morro que vai deixar de ponta cabeça