beijos e biscoitos

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As luzes festivas mudavam de cor de acordo com o passar dos segundos. A sala estava envolvida por risadas infantis e havia diversos desenhos pendurados em cordões presos nas paredes brancas; enfeitando a sala sem cor que envolvia as crianças que corriam de um lado para o outro, com seus rostos sujos de tinta e glitter.

Todoroki Shouto rolou seus olhos pela sala barulhenta e se encontrou com os enormes olhos verdes que o fitavam de um jeito pouco discreto. Um sorriso envergonhado formou-se em suas linhas labiais e seus olhos retornaram rapidamente para a sua filha, que estava sentada no chão, colorindo uma folga A4. Os cabelos claros da pequena caíam sobre a folha insistentemente — ela nunca cortava seu longo cabelo loiro, mesmo que a incomodasse.

Yakemi retribuiu o olhar de seu pai e levantou a folha, revelando assim um desenho um tanto deformado. Havia dois homens e uma garotinha de cabelos loiros no meio. Shouto conseguiu perceber que ela estava a desenhar ele e o pequeno professor de artes que continuava o fitando minuciosamente. A garota levantou e correu até seu professor para mostrar o desenho que acabara de fazer. Todoroki levantou-se e foi ao encontro de sua filha com o professor.

— Olha, papai! Esse é o senhor e esse é o Tio Izu! — ela mostrou o desenho enquanto sorria animada.

Olhando de perto dava para ver que os bonecos eram três palitos com cabeças redondas, havia alguns riscos perto das cabeças — o que Todoroki julgava ser cabelo, já que ambos possuíam riscos com cores distintas. O boneco maior possuía apenas riscos vermelhos, o que deveria ser metade de um cabelo. — No meio das bolas haviam dois pontinhos e uma linha meio torta, que parecia ser um sorriso.

— Filha, por que esse bonequinho aqui só tem metade do cabelo? — Todoroki questionou e a garota encheu suas bochechas rosadas de ar e cruzou seus braços, logo dizendo em um tom pouco rude:

— Oras, papai! Não posso pintar o branco no branco!

— Yakemi, por que você não vai pendurar sua obra de arte no cordão de desenhos? Aposto que as outras crianças ficarão com inveja do seu desenho! — a voz do professor saiu de uma forma gentil, mas havia uma pitada de cansaço nela.

A loira cuspiu todo o ar para fora e seus olhos azuis claros brilharam, com um sorriso enorme, ela correu para longe.

— Está sendo difícil dar conta de tantas crianças? — Shouto perguntou enquanto observa o homem baixinho, que agora subia na mesa de um modo desajeitado.

— Nem tanto. Ser professor é cansativo, mas eu amo. — Ele disse enquanto ria soprado e calmo. Seus olhos se fecharam lentamente e Shouto o admirou.

Midoriya Izuku era o novo professor de artes de Yakemi. Desde o dia em que Shouto esbarrou no pequeno, a imagem do mesmo insistiu em ficar na sua mente como um fantasma de natal. Algumas sardas cobriam a pele bronzeada do esverdeado e escorregavam por seu nariz pequeno e empinado, assim se estendendo pelas suas bochechas. Seu cabelo sempre estava bagunçado e cheirava a café — o que era engraçado, já que Shouto amava o aroma de café e hora ou outra ele se pegava tentando cheirar o cabelo do professor.

— Eu entendo, não consigo dar conta de uma, imagina você que consegue controlar 35 alunos! — ele falou com espanto e riu, sua atenção se voltou as crianças que corriam pela sala ou continuavam a desenhar.

— Sua filha pode ser uma grande artista, sabia? Ela ama desenhar — Izuku comentou enquanto fitava Yakemi, que pendurava seu desenho em algum lugar vago no varal de desenhos.

— Eu sei. O quarto dela é uma zona. Sempre tenho que comprar cadernos de desenho novos toda a semana, ela consegue usar todas as folhas em três dias! — Shouto falou levemente irritado e recebeu um olhar paciente do professor.

natal especial; tododekuOnde histórias criam vida. Descubra agora