Ela estava impregnada na minha cabeça como se fosse um grande problema, e bem, ela era. Scarlett era apenas uma dançarina recém chegada na minha boate que, ao mesmo tempo em que enchia a casa, ela habitava meus sonhos dançando somente para mim. A mulher de pele alva e cabelos tão negros quanto a escuridão possuía um par de olhos verdes que estavam me atormentando desde o maldito dia em que ela fez a sua estreia na Xo club, com uma lingerie vermelha escarlate acompanhada de uma máscara que lhe cobria a face.
-Irmão, escutou o que eu disse? - Meu sócio, e melhor amigo Lamar, balançava a mão direita na minha frente.
-Claro que sim - Passei a mão pelos meus cabelos tentando disfarçar a minha falta de atenção - O carregamento que vem para a boate tá na cola dos tiras.
-Mas não devemos nos preocupar tanto - Lamar roçou levemente a ponta dos dedos no queixo - Ouvi dizer que uma das equipes aceita um agrado. Só temos que descobrir qual departamento está na nossa cola.
-Sal me garantiu que o carregamento dele era tranquilo! - Bati a mão na mesa com raiva - Agora tenho que aguentar esses filhos da puta na minha cola.
Levantei irritado e acendi um cigarro, caminhando devagar e vendo alguns funcionários começarem a arrumar o espaço. Isso iria virar um inferno em poucas horas, o que significava muito dinheiro no meu bolso.
-Construímos essa merda do zero, cara - Falei para Lamar sem olhar para ele - Isso só era a porra de um prédio abandonado quando começamos a vender nossas paradas aqui e depois descobrimos que juntando as drogas com as garotas era um negócio bem lucrativo - Soltei uma risadinha antes de tragar o cigarro e continuar - Éramos apenas moleques de 19 anos.
-E 12 anos depois veja onde estamos - Pude quase ver com clareza o sorriso vitorioso que ele soltou - Somos os filhos da puta mais ricos e poderosos do sudeste do Canadá.
-Não vão nos pegar tão fácil - Soltei um sorriso convencido.
E era verdade. 12 anos de trabalho duro fizeram dessa boate um lugar frequentado por políticos, juízes e magnatas que tinham poder sobre esses merdinhas que queriam fechar o meu pequeno império. Todos esses infelizes viam a boate como um refúgio onde eles usavam drogas até desmaiar, e as minhas meninas tiravam o máximo de dinheiro deles. Como se as esposas já não fizessem isso o bastante. Idiotas.
Aqui o sexo não era permitido, elas só estavam autorizadas a dançar e se despir, mas o que quisessem fazer com eles da porta para fora já não era problema meu, contanto que antes disso tirassem no mínimo milhares de dólares deles para o meu próprio benefício.
-Você acha que a tal Scarlett vai sair com o filho do senador hoje? - Lamar comentou em um tom casual - Há duas semanas que ela entrou aqui e há duas semanas que aquele engomadinho não perde uma noite dela.
-O que ela faz da porta para fora não é da nossa conta - Tentei manter minha voz tranquila, enquanto eu ignorava a pontada de raiva que crescia dentro de mim.
Aqueles olhos verdes me atormentavam há dias, e quando ela dançava eu fazia questão de manter meus olhos voltados para o palco, fingindo que ela dançava só para mim. Eu não estava acostumado a transar com as funcionárias da boate pois tinha em mente que elas eram apenas negócios. Não me levem a mal, não sou machista, admiro e respeito todas as mulheres, porém essa parada aqui era uma relação de troca. Elas precisavam ganhar dinheiro de algum modo e eu também. Apenas nos ajudávamos.
-Se você diz... - Lamar carregou a voz de um tom desconfiado - Nos conhecemos há 12 anos, cara, não há nenhum segredo que você consiga esconder de mim ou eu de você. - Ele disse em um tom baixo, e logo em seguida ouvi seus passos e a porta se fechando atrás de mim. Eu estava sozinho.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Weeknd Oneshots
Short StoryUm compilado de contos que envolvem Abel "The Weeknd" Tesfaye em diversas situações. Algumas clichês, eróticas, dramáticas, outras realistas ou fantasiosas. -Conteúdo +18 -Contém sexo explícito, drogas e uma boa dose de drama -Capa feita pela @woma...