Um Alien de Natal

I

Até os planetas mais medíocres são capazes de ensinar grandes lições.

Nunca me esqueceria de seu sorriso no momento em que me falou aquilo. Ela estava feliz, observando o campo de flores elétricas que brilhavam em meio à escuridão.

— Ei, tá me ouvindo? — disse Ihlu, me resgatando de meus devaneios. — Estamos nos aproximando da galáxia, senhor.

— Certo, traçar rota direta para o planeta Terra. Quanto antes resolvermos isso, melhor. Estou ativando o tradutor universal.

Observei as luzes da Via Láctea, formando um redemoinho cósmico. Uma imagem que, decerto, a agradaria se estivesse me acompanhando nessa jornada indesejada. Não que tivesse qualquer grandeza naquela galáxia, ao contrário do que os seres medíocres que vivem nela pensam, mas até mesmo o menor resquício de pó estelar era o suficiente para agradá-la.

— No que estava pensando, Stuns? — Meu parceiro tentava, pela centésima vez, puxar assunto. Me perguntava quando ele finalmente entenderia que sua presença não era nada mais do que uma ordem que nunca pude recusar.

— Em nada, apenas imaginando como são esses tais humanos.

— Ouvi dizer que eles se acham o centro do universo.

— Que coisa mais ridícula. — Aquilo me arrancou uma risada. — A estrela deles é apenas um bebê comparado à nossa.

— Pois é, eles nem aprenderam a contar a passagem de tempo ainda. Um de meus amigos que já visitou o planeta disse que alguns deles acreditam que o planeta só tem uns 2000 anos.

— Que merda são anos?

— Tá aí uma boa pergunta para fazer quando chegarmos lá. Falando nisso, prepare-se para entrar na atmosfera.

Nossa nave não demoraria 2 segundos para alcançar a superfície daquele planeta minúsculo, mas bastou esse tempo para que fossemos atingidos por uma bola de luz que explodiu em dezenas de flocos flamejantes e coloridos. O impacto acertou um dos núcleos de energias e logo a gravidade fez o restante do estrago.

Caímos sobre um campo de plantas, arrastando todas pelo caminho enquanto a nave marcava o chão do planeta.