Depois que me recuperei, olhei para o corpo roxo de Ihlu, buscando saber se ainda o encontrava com vida, uma parte de mim ficou alegre ao ver que ele estava respirava. Quando saímos, ele quase gritou de raiva ao ver o que tinha acontecido.

— Isso não pode ser um bom sinal.

— Não me diga — Olhei para o novato, o calor queimando em meu rosto. — Você consegue consertar?

— Sim, mas vou precisar de tempo... O que era aquilo?

— Fogos de artifício — Uma voz desconhecida respondeu em meio às plantas e eu gritei ao ver uma criatura horrível, com pele clara, pelos sobre a cabeça e, o pior, 5 dedos na mão.

— Puta merda, que susto. Bicho feio do caralho.

— Ei, Stuns, isso é um humano? — Ihlu correu até a criatura diminuta e começou a observar com olhos estudiosos. — Fascinante.

— Claramente temos visões diferentes.

— Vocês são alienígenas? — Os olhos do humano brilhavam tanto quanto o do Ihlu.

Alien o que? Não, somos Tiktoknianos.

— Incrível...

— Ihlu, quanto tempo? Já estou agoniado de ficar neste planeta. O que são essas coisas cheio de pontas amarelas? Parece bosta de Ulphat.

— Deixa eu ver... considerando o tamanho desse planeta... Pelo menos duas rotações planetárias.

— Milho — o garoto interrompeu.

— Que?

— É como se chamam essas coisas, dá para comer.

— Vocês comem bosta? Não acredito que vou ter que ficar tanto tempo nesse lugar.

— Então vocês vão ficar? Minha família vai adorar conhecer vocês.

Totalmente contra minha vontade, Ihlu aceitou o convite da criatura, nós nos movemos pelo milharal e nos aproximamos de uma casa tão simples que me fez pensar o quão subdesenvolvido eles ainda eram.

Só havia um detalhe que realmente me chamou atenção. Pontos de luz coloridos brilhavam para todo lado, tão fascinantes quanto as flores elétricas que brilhavam aos olhos de minha amada.

— Que diabo é isso?! — Uma fêmea gritava após me atingir na cabeça com um pedaço de metal circular.

— Eu vou estourar seus miolos se bater em mim de novo, tá entendendo?

— Não é verdade, nós nem temos armas. Prazer, meu nome é Ihlu, fico muito feliz de finalmente conhecer criaturas tão... exóticas quanto vocês.

— Que merda é essa, Arthur? Dá para você me explicar antes de eu te deixar de castigo para o resto da sua vida?

— Mãe, eles foram atingidos por fogos de artifício, a nave deles quebrou, pensei que eles poderiam ficar aqui até consertarem.

— Deixa eu ver se entendi, você viu um OVNI cair, com aliens dentro — ela sussurrou como se não pudéssemos escutar —, e sua melhor ideia foi convidá-los para jantar?

— É... mas tá tudo bem, eles não são maus, são Tik Tokers.

— Tiktoknianos — corrigi.

— Meu Deus, não sei nem o que seu pai vai fazer quando souber que acabou com nosso Natal.

Aquela palavra resgatou memórias em minha mente que há muito tempo não me lembrava.

— O que você disse?

— Natal?

— Isso, acho que já escutei essa palavra antes. O que é?

— Natal é a melhor data do ano! — Arthur comentou sorridente. — É uma época de alegria, comida e muitos presentes.

— Como conhece essa palavra, Stuns? Nunca ouvi falar.

— Foi alguém do meu passado que me disse. — Um de meus corações bateu mais forte.

— Eu não tô acreditando nisso... Esse garoto está louco — A mulher caminhou para residência batendo o pedaço de metal de leve em tudo que estava ao redor.

— Ihlu, acho melhor irmos embora...

— Tá louco? É a minha maior chance. Eu vou consertar a nave e vamos aprender o máximo possível sobre eles. Deixa comigo. — Ele se aproximou da mulher. — Senhora, sabemos que somos tão estranhos para vocês quanto vocês são para nós. Não é, Stuns?

— Sim, repugnantes.

— Mas não viemos para o seu planeta para causar qualquer mal, tudo o que pedimos é que possamos ficar por um tempo para consertar a nossa nave e ir embora.

— Eu terei que falar com meu marido, mas... Tudo bem, fiquem. Só que qualquer sinal de ameaça eu vou chamar a polícia.

— Com certeza! Nós agradecemos.

Ambos saímos da casa para conversar. A primeira grande questão é se teríamos o que era necessário para consertar nossa nave, mas Ihlu me garantiu que sempre foi o melhor nesse assunto e conseguiria resolver o problema até mesmo com carcaça de animal, se fosse necessário. O segundo ponto importante era como iríamos completar nossa missão, afinal, havíamos sido enviados para coletar informações específicas que poderiam curar uma doença muito rara de nosso planeta. Sem o funcionamento da nave, seríamos incapazes de localizar esse componente, o que poderia significar o fim da vida.

— Bom, eu irei correr para arrumar. Não adianta nos preocuparmos antes disso.

— Tudo bem, confio em você. — Ihlu até sorriu ao escutar aquilo.

Após um segundo de silêncio ele voltou a falar.

— Stuns, o que é polícia?

— Não faço ideia.

Um Alien de NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora