One Shot

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Uma das regras da empresa em que eu trabalho, é a de não poder ter um relacionamento entre colegas de trabalho, independentemente do setor ou cargo. A razão é para que não haja distrações dentro do escritório, que os funcionários apenas se concentrem no trabalho.

– Bora, pode entregar esses papéis pro Sr. Im? – Jooheon pediu quando me levantei da mesa.

Quem criou essa regra foi meu chefe, Im Changkyun, a causa dos meus pensamentos noturnos.

Changkyun me chamou a atenção desde a primeira vez que eu o vi, uma entrevista antes de minha contratação. Um homem sério com boa postura e uma voz grossa que certamente mexe com qualquer pessoa que fale com ele, inclusive eu mesma.

Não sei muito sobre a vida dele, sempre muito centrado, sei que entrou na empresa por ter um exímio currículo e ter morado fora por um bom tempo, também chegou ao cargo de chefe do setor por ser muito bom no que faz. Fora o trabalho, sei que gosta de malhar e tem um corpo muito bem esculpido.

Como sei disso? Não é difícil notar pelas camisas visivelmente justas. Uma vez no meio de uma reunião um dos botões estourou. Por sorte, eu sempre carrego um kit costura na bolsa e o ajudei no dia.

Devo confessar que não foi a primeira vez que o vi sem camisa. Ele também é meu vizinho, a sacada do apartamento é de frente para a minha, ele tem costume de beber café logo após que acorda nesse espaço, apenas vestindo uma calça de moletom, mesmo em dias frios.

Eu sempre tentei evitá-lo nas dependências do condomínio, mas ele acabou por descobrir que eu tinha me mudado algumas semanas depois do fim da mudança, em uma assembleia para decidir a pintura dos prédios que iriam ser refeitas. Foi quando ele começou a me oferecer carona.

Acabo aceitando, mas tenho acostumado a sair de casa mais cedo que ele, pra evitar utilizar da carona, e na volta acabo fazendo hora extra, ou eu saio e dou desculpa que vou ao mercado, nas sextas eu saio com meus colegas para beber, um costume que era de vez em quando, e agora é toda semana. Talvez seja meu orgulho e o medo de que ele perceba essa atração que eu tenho por ele.

Não achem que sou uma stalker, ou coisa do tipo, não fico o observando da sacada todo dia, eu mal o vejo nos fins de semana. Eu apenas o vejo quando passo perto e ele está do outro lado, sendo... Ele. Eu também o vejo todas as manhãs por ser o horário que eu gosto de praticar yoga na sacada, fazer exercícios com o sol da manhã sempre me fez bem. As vezes eu o pego me observando também.

Hoje eu aceitei a carona. Não porque eu estava atrasada, ou porque parecia que ele estava desconfiando que eu estava o evitando de propósito. Mas porque na sexta-feira Jooheon e Minhyuk beberam muito e revelaram o namoro, e Changkyun chegou bem na hora de um beijo bagunçado, junto de Hyungwon, chefe do setor de T.I, o mesmo que Minhyuk trabalha.

Não seria um problema se não fosse a regra contra relacionamentos dentro da empresa. Jooheon trabalha no meu setor.

Por isso estou aqui, sentada no banco do passageiro, criando coragem para entrar no assunto e o convencer de pegar leve com Jooheon.

– Quer me falar algo? – a voz grossa ecoou no carro, Changkyun não tirava os olhos da avenida.

– Na verdade... – respirei fundo e pensei bem no que falar – sobre o que aconteceu na sexta... Jooheon vai ser muito prejudicado?

– Você tá preocupada com ele?

– Bom, ele é meu amigo, um dos únicos na empresa.

– Então você já sabia que ele estava namorando?

– Não! – falei um pouco desesperada – eles nunca me falaram nada, tipo, eu até imaginava que eles se gostavam, sempre foi meio óbvio, mas por conta das regras da empresa, acho que eles tinham medo de contar. – me expliquei rapidamente.

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