vii (A.M.)

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violet.

De volta ao trabalho. Sinto-me sozinha entre todos estes livros e pela falta de pessoas que geralmente há aqui na livraria. Tenho que repor todos estes livros e chega a um ponto que me sinto sozinha. Tantas histórias são contadas dentro destas quatro paredes e a minha, é só mais uma, portanto nem me dou ao trabalho de abrir um livro e ler.
Para além de haver livros, também temos jornais por aqui. Por alguma razão, enquanto estava a organizar um monte de jornais antigos para deitar fora mais tarde devido a estarem aqui há muito tempo, um deles chamou-me a atenção.

Na capa, estava uma foto de um senhor com os olhos verdes claros. Eu juro que já vi estes olhos em algum lado, mas por alguma razão, não sei perceber de onde. Tinha os cabelos castanhos claros e uma expressão feliz. Olhei para a frase escrita ao lado da foto que dizia "Homem brutalmente assassinado na sua própria casa". Ao olhar novamente para a foto, senti um arrepio percorrer a minha espinha. Porque é que eu tinha a sensação que eu conhecia este homem? Porque é que a cara dele não me era estranha?
Foi então que a ideia me veio à cabeça. Será o pai do Harry? Olhei uma outra vez para a foto e conseguia ver algumas semelhanças. Não pode ser...

"Violet?" Uma voz interrompeu o meu pensamento.
Olhei para trás e vi a única pessoa no mundo que eu amo verdadeiramente. A minha mãe.
"Mãe?" Corri até ela e abracei-lhe como se fosse a última vez que a visse. Tenho saudades dela.
"Como estás?" Ela interrogou-me. Olhei para a cara dela e vi algumas nódoas negras e não pude deixar de pensar que foi aquela amostra de pai que lhe fez isto.
"Como achas que estou mãe? O pai magoa-te e querias que eu estivesse bem? Eu não te queria deixar sozinha com ele lá em casa, mas enquanto ele estiver lá, eu não volto."
"Filha, tens que voltar..."
"Mas mãe, eu não o quero lá em casa, ele faz-te mal!"
"Eu sei Violet, e vamos fazer algo sobre isso, mas eu quero que voltes para casa, eu preciso de ti comigo." Lágrimas caiam dos olhos da minha mãe e o meu coração partia-se só de a ver assim.
"Pelo menos anda lá a casa para conversarmos, sei que tens algo para me contar." Ela limpou as lágrimas e sorriu.
"Está bem, deixa-me só ir buscar as minhas coisas."
Ela acenou e antes de eu sair da sala, peguei no jornal que tinha a notícia sobre o tal senhor morto e levei comigo até onde estava a minha mala e guardei-o. Eu precisava de descobrir mais sobre este assunto, quero descobrir se foi isto realmente que aconteceu, preciso de descobrir a razão por trás da tristeza do Harry.

********

Após contar os últimos eventos à minha mãe sobre o beijo do Harry, ver o pai no café e o quanto gosto de estar na companhia do Harry e do Zayn, decidi perguntar-lhe sobre a notícia do tal senhor que foi morto.
"Mãe, ouviste falar sobre este acontecimento?" Interroguei-lhe dando o jornal para as suas mãos.
Ela examinou o jornal e a sua expressão ficou curiosa.
"Porque queres saber sobre isto?" Perguntou-me.
"Porque suspeito que esse senhor é o pai do Harry. Ele tem um trauma com o pai e o Zayn contou-me que ele tinha morrido mas nenhum deles me contou a razão. O Harry apenas me disse que não estava pronto para contar o que se passou e eu aceitei, claro. Mas eu quero descobrir o que o tornou nesta pessoa fechada e se essa for a razão, quero saber mais."
"A cara deste senhor não me é estranha... Mas acho que o certo a fazer é dar-lhe tempo. Se isto for mesmo o pai dele, é tudo muito recente e foi algo brutalmente horrível. Dá-lhe tempo Violet, deixa-o voltar a encontrar-se primeiro para depois ter a certeza que quer falar sobre o assunto."
Ela voltou-me a devolver o jornal e eu apenas fitei a foto deste homem que pode ou não pode ser o pai do Harry, absorvendo as palavras da minha mãe.
"Tens razão. Ele ainda está muito frágil e tenho que dar tempo ao tempo. Só quero que ele esteja bem e seja feliz, mas acho que vai ser difícil até ele conseguir superar tudo o que se passou."
"Eu sei que tudo vai ficar bem Vi, tanto cá em casa tanto como com o Harry. Tudo se vai resolver." A minha mãe disse-me com um sorriso fraco.
"Como é que consegues fazer isso?" Interroguei-lhe.
"O quê?" A expressão dela era curiosa.
"Sorrir apesar de tudo. Sorrir apesar das coisas que o pai te faz e mesmo assim teres forças para tudo."
Ela ficou a olhar para mim séria e depois baixou a cabeça e começou a brincar com a minha mão, que estava na sua. Passado uns segundos, voltou a olhar para mim.
"Porque te tenho a ti. Tu és a melhor coisa que tenho na minha vida e, independentemente do que se passar, a tua felicidade é a minha felicidade. Se tu estás bem, eu sei sorrir com isso." Ela sorriu genuinamente.
Aquelas palavras encheram-me de alegria e por alguma razão, mesmo com tudo isto do meu pai e a tristeza do Harry, eu sentia-me feliz. Foi neste momento que sabia que ia garantir que a minha mãe, o Harry e o Zayn estariam felizes, porque eles são as pessoas que mais merecem.

********

Cheguei a casa e por alguma razão, ninguém estava por lá. Provavelmente o Zayn levou o Harry a sair, o que me deixa feliz. Fui até ao meu computador e eu sabia exactamente o que eu ia pesquisar. A morte daquele homem. Tirei o jornal da mala e lá estava aquele sorriso e aqueles olhos daquele senhor que eu tinha a certeza que são os mesmos do meu Harry. Comecei a ler a notícia do jornal mas não dava grandes pormenores. Apenas dizia que o senhor tinha sido assassinado na sua própria casa, que não se sabia quem era o assassino e que as buscas iriam continuar até encontrarem o homem que cometeu o crime. Estranho como não dizia o nome, nem a cidade em que o senhor morava. Antes de concluir que não tinha nenhuma pista, vi a data do jornal que dizia "15 de dezembro de 2012" e então decidi pesquisar na internet assassinatos nessa data.
Após alguns minutos a pesquisar, encontrei um artigo que tinha a mesma foto que a publicação do jornal. Antes de ler, respirei fundo.

"

Homem assassinado brutalmente dentro da própria casa.

Suspeita-se que o assassino possa ter fugido sem deixar qualquer rasto.

Des Styles foi encontrado morto na madrugada de 15 de dezembro na sua própria casa. O assassino, que não deixou qualquer rasto no qual possa ser identificado, pode andar por cidades próximas ou mesmo na mesma cidade em que ocorreu o assassinato, Cheshire.

De momento, a polícia não divulgou a causa de morte, apenas afirmou que "Des foi morto de uma forma fria e brutal". A policia afirma também que, após várias pesquisas, não há ninguém que possa estar associado à morte de Des, que morava sozinho, e que as únicas pessoas que o visitavam regularmente eram os seus dois filhos.

A procura pelo assassino continua até encontrarem novas pistas que possam identificar quem causou o crime. "

Após ler o artigo consegui chegar a uma conclusão. Aquele era o pai do Harry.




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