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  Como em mais um fim de tarde, a luminosidade natural do sol deixava o apartamento, dando lugar à escuridão e à frieza de mais uma noite solitária no apartamento de He Tian, de fato, apenas as luzes de fora tentavam invadir, mas não fazia os cômodos passarem de uma penumbra.

  A cabeça do moreno doía, talvez por fome, talvez ansiedade, talvez irritação, ele não sabia, apenas suspirou e encostou sua nuca no encosto do sofá, fechando os olhos e desistindo de se manter acordado naquela noite vazia para ele.


  Foram, pelo menos, duas longas horas naquele sono sem sonhos que apenas o desgastou mais e o deixou com uma bela dor no pescoço, até ouvir alguém quase esmurrando sua porta, certamente essa pessoa estava esperando de pé por longos minutos.

  Com um suspiro exageradamente longo e uma pouca disposição que nem imaginava ter, levantou-se preguiçosamente e, mais devagar ainda, abriu a porta, surpreendendo-se com o ser em sua frente.

  — Se eu soubesse que iria demorar tanto para abrir eu nem teria me dado ao trabalho de vir, He puto Tian. — Disse claramente descontente, apesar de não parecer tão irritado quanto normalmente ficaria. — Estava dormindo? Você está com olheiras... Se estiver cansado eu posso-

  Foi cortado com um belo sorriso da parte do He, esse que abriu mais a porta e puxou seu pequeno para dentro, fechando a porta em seguida.

  — Eu não sabia que estava vindo, me desculpe por te deixar esperando, pequeno Mo. — Ditou com um humor claramente revigorado, observando o rosto bonito do ruivo e descendo para algumas sacolas que ele carregava. — Ao que devo a honra de sua visita, hum?

  — Bom... Hoje é véspera e eu achei que seria interessante passar o Natal contigo, mas não se ache muito, minha mãe precisava descansar e resolvemos que seria bom ela rever a família nesse período de festas e como eu estava sozinho e de bom humor e você estava trancafiado no seu apartamento, achei que seria uma boa ideia. — Disse enquanto se dirigia para a cozinha, acendendo as luzes no processo e também fugindo para que o outro não visse a vermelhidão que instalou-se em suas bochechas após a revelação.

  He Tian não poderia dizer que não estava contente, na verdade, estava quase radiante, dirigindo-se para a cozinha logo após o Mo, esse que tirava ingredientes e pratos parcialmente prontos das sacolas.

  Cortava e preparava tudo com bastante maestria, mesmo com as piadinhas e comentários do moreno, ao menos era bom ver o seu He Tian ali, apesar que nunca admitiria em voz alta.

  — O pequeno Mo cozinha tão bem. — Inalou o cheiro. — Seria uma ótima esposa. — Sorriu ladino, provocando o ruivo, mas não desgostando do própria pensamento, ele seria "sua esposa".

  — Esposa é o caralho, He Tian! — Esbravejou, mesmo que sua atenção ainda estivesse quase toda na comida.

  — Não xingue, pequeno Mo, não nas épocas de festa. — Riu divertido.

  — Então não me provoca, porra.

  Os minutos passaram rápido enquanto He Tian observava seu ruivo de costas, reparando em seu corpo muito bem desenhado, principalmente a cintura, a qual possuía uma vontade imensa de apertar, provocando-o e brincando consigo.

  — Já que você tá cheio de graça e bastante animado, vai pôr a mesa, vai. Eu vou limpar aqui rapidinho.

  O moreno o fez sem questionar, estava feliz que passaria o tempo com o seu pequeno e iria aproveitar como pudesse. Impressionantemente, o Mo também não estava diferente, seu estômago revirava em uma ansiedade da qual ela não conseguia conter e, vez ou outra, alguns sorrisos rápidos e contidos adornavam seus lábios nas vezes que observava discretamente o mais alto.

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