Capítulo 9

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- Esperem vocês dois!

Uma figura esguia havia aparecido no topo da mesma encosta em que June aparecera, e saltou os vinte metros para baixo, também aterrisando com muita graciosidade. – Deixe-o comigo, Shun, eu lutarei!

- Hyoga! – exclamou Shun com muita alegria e alívio. Na mesma hora apagou o seu cosmo e se deixou cair ajoelhado no chão. Estava muito cansado e sabia que se tivesse levado sua atitude até o fim, poderia ter morrido.

- Não se preocupe mais, Shun, pode descansar ao lado de June, que eu derrotarei este farsante. – Hyoga falava com determinação e confiança, e seu cosmo estava visível, como uma luz azulada que contornava todos os seus movimentos.

Bashi, que também estava envolto em seu cosmo escuro, examinou Hyoga de cima a baixo. Até que desdenhou.

- Humpf. Você é Hyoga? O cavaleiro da constelação de Cisne? Aquele que derrotou Hagen de Mérak, o senhor do fogo e do frio? Não creio. Acho que quando me chamou de farsante, na verdade estava se referindo a você mesmo.

- Cale a boca. Dá-me nojo ver a armadura do meu mestre Câmus sendo infectada por ter você dentro dela. Uma pessoa suja como você, que macula a honra de pessoas nobres, não merece respeito! Então explique-se agora, antes que eu arranque as respostas de você a força! Por que roubou a armadura de Aquário?

Bashi percebeu que havia agressividade no cosmo do cavaleiro do Cisne, mas não detectava intenção eminente de lutar, e se surpreendeu:

- Hã? Você quer mesmo respostas? Não vai lutar? Você veio aqui para ouvir o que eu tenho a dizer, é isso?

Hyoga respondeu com calma.

- É claro que não. Eu estou curioso para ouvir por que você fez isso, mas como aposto que nenhuma desculpa neste mundo é suficiente para te perdoar, vou acabar com você logo em seguida e levar a armadura de volta para o Santuário. Agora diga, farsante, quem é você e o que pretende?

Bashi sentiu o cosmo e as palavras de Hyoga impregnadas de certeza. Este com certeza não era um simples mercenário, tampouco um fraco sentimental como os outros dois semi-mortos ali ao lado.

Após alguns segundos de silêncio, respondeu.

- Certo, eu vou te dizer. Julgo que você merece saber o meu nome. Eu sou Bashi, e fui por muito tempo aspirante a guerreiro-deus de Asgard. Sempre me comovi com os martírios que o povo daqui das terras nórdicas sofria, e desde pequeno jurei que protegeria as pessoas até que o Grande Odin retornasse para nos resgatar do eterno gelo. Eu abandonei cedo as brincadeiras e treinei por toda a minha infância. Aprendi sobre o cosmo ouvindo as palestras da senhorita Hilda, no Palácio Valrala, e desenvolvi por mim mesmo a capacidade para expandir aminha energia. Passei horas na biblioteca do palácio, estudando sobre as estrelas ao redor da estrela polar, guardiã de Hilda, e escolhi como minha estrela-guardiã a estrela Alcor, gêmea da estrela Zeta.

Hyoga ouviu com atenção e concluiu:

- Claro... agora tudo faz sentido. A estrela Alcor era a estrela de Bado, irmão de Shido, não era? Aquele que sempre ficava nas sombras, apenas esperando o momento adequado para atacar. Por isso ninguém sentiu o seu cosmo no Santuário, do mesmo modo como Aldebaran não sentiu o de Bado na luta contra Shido, até que ele o atacasse.

Bashi concordou com um leve sorriso malicioso ao se lembrar de Bado.

- É isso mesmo. Eu desenvolvi técnicas relacionadas às sombras com o intuito de ser a carta na manga da senhorita Hilda, o trunfo secreto de cuja existência nem mesmo os outros guerreiros-deuses saberiam.

- Assim como Bado o foi.

- Sim. No entanto, Bado tinha uma fraqueza: ele amava o irmão, apesar de não admitir. Muito poucos conheceram Bado e Shido, e eu fui uma dessas pessoas. Era nítido que o ódio que Bado dizia sentir por Shido nada mais era que amor reprimido. Amor – cuspiu essa última palavra. – Humpf, não sei por que Hilda escolheu Bado e não a mim para receber a armadura da estrela Alcor. Mas isso não importa agora, porque eu vou ascender ao meu posto de guardião desta terra!

O Guerreiro-Deus de Ouro [CdZ]Onde histórias criam vida. Descubra agora