Crazy Desire - Duo-shot

O jogo de dados do Nanadaime

   Estou novamente perdido em mais uma pilha de documentos que parecem não ter mais fim, minhas pálpebras ficam cada vez mais pesadas e acabo deixando um bocejo escapar. A porta a frente de minha mesa se abre e revela Shikamaru que impressionantemente está com um sorriso de orelha a orelha.

   — Bom dia Nanadaime – O Nara pronuncia com um entusiasmo fora do comum, ergo minha cabeça e o analiso por alguns segundos.

   — Estou sonhando? 

   — Pra alguém quem tá parecendo um zumbi você está bem engraçadinho hoje baka – Shikamaru dá de ombros – E pra sua informação, Shikadai está em missão essa semana, então a folga ontem veio bem a calhar se é que me entende… Saiba que hoje não irá me tirar do sério tão facilmente!

   — Ótimo, um pouco de ânimo pode ser útil hoje. Mas não esqueça que temos muito trabalho pela frente! 

   — Relaxa cara, sabe que isso é sempre um saco, mas vamos ver pelo lado bom – o observo com uma cara de mal humor. era só o que me faltava, Shikamaru Nara vindo com papo furado a uma hora dessas – Tudo bem, não tem um lado bom, trabalho é sempre um saco, mas em minha defesa, acho que um dia de folga lhe cairia bem pra melhorar essa carranca de estresse – Ele levanta as mãos em sinal de trégua, e segue até uma pilha de documentos no canto da mesa a fim de apanha-lá.

   — Claro, como se isso fosse possível - Viro os olhos em desaprovação – O exame Chunin ta se aproximando novamente e daqui uma hora mais uma pilha de documentos deve chegar – Apóio meu rosto sob minha mão direita e o olho na direção do Nara bocejando me sentindo cada vez mais exausto.

   — Olha  – Ele suspira preguiçosamente, aí está o velho e bom Shikamaru – Sei que irei acabar me arrependendo, mas, você precisa, cara. Tire uma folga amanhã, eu cubro sua parte do trabalho!

   A frase me pega de surpresa, mas não posso negar que um grande peso parece deixar meus ombros. Um dia de descanso, é isso não seria nada mal, me permito se esparramar pela cadeira do modo mais desleixado possível, fecho meus olhos e aproveito a sensação de alívio que a possibilidade de uma folga me proporciona.

   — Tá falando sério? – Pergunto me sentindo até meio emocionado – Tem certeza mesmo?

   — Sim, mas, não pergunte novamente, ou, eu volto atrás!

   — Shikamaru, você é o melhor ´ttebayo!

   — Disponha – ele dá de ombros e se retira da sala.

   Uma folga, isso vai ser bom, eu posso dormir até mais tarde e passar o restante do dia com as crianças… Mas, espera um minuto, as crianças, elas não vão estar em casa amanhã. Isso significa que eu e a Hina estaremos sozinhos.

   Uma série de pensamentos impróprios surge na minha cabeça no mesmo instante, eu e ela, sem as crianças, talvez uma bebida ou outra. Meu interior já começa a se animar com as possibilidades.

   Mas será mesmo? Quer dizer, a um tempo atrás as faíscas causariam um incêndio naquela mulher, mas nas últimas vezes em que tivemos algum tipo de intimidade, foi tão "automático". Não foi ruim, mas eu gostaria de saber pra onde foi todo aquele fogo do início.

   Suspiro derrotado…  será mesmo que eu me tornei tão insuficiente a ponto de nem mesmo conseguir despertar os desejos da minha esposa? 

   Meus pensamentos são novamente interrompidos pela porta que é aberta sem aviso prévio. O que me faz retornar ao presente momento e lembrar que deveria estar trabalhando.