Era Uma Vez...Contos de Natal

A Lista dos (nem tão) Malvados

⭐ Vencedora do Segundo Lugar: Natacha_Assis

A noite parecia ter sido um sucesso. Para qualquer direção que se olhasse, um duende esgotado podia ser visto, seja escorado em uma prateleira vazia (que poucas horas atrás estava abarrotada de brinquedos dos mais diversos tamanhos), deitado no chão lindamente estampado com pedaços coloridos de embalagem de presente, ou deitado em cima da mesa de trabalho puxando um belo de um ronco (quem poderia julga-los? Cada véspera de Natal aparentava ser mais e mais trabalhosa com o passar dos anos, e nada dava indícios de que uma hora isso iria ficar mais tranquilo).

O pequeno Duie tinha acabado de chegar com sua equipe, sua área de entrega era uma das mais desafiadoras e delicadas, já era costume seu grupo ser o último a voltar da missão da madrugada de Natal. Sua função era árdua, mas não fazia com que o duende gostasse dela menos ou pecasse em sua maestria. Voltava ao Pólo Norte exausto, mas sempre de peito erguido e orgulhoso com seu desempenho e o de seu time, que nunca falhou desde que conseguiu o cargo de "Líder de equipe das entregas desafiadoras".

- Duie, o senhor Noel pediu para que fosse conversar com ele assim que voltasse das entregas. - Bom... pelo menos até agora.

- O chefe - O duende responde quase que sussurrando, torcendo para que estejam todos cansados o bastante e não tivessem ouvido a fala da secretária -, chegou a comentar sobre o que queria conversar comigo?

- Não faço ideia. Mas provavelmente seja sobre alguma criança, ou presentes, ou os dois - desdenha a nariguda baixinha, sem prestar muita atenção no outro.

- Isso não é possível, eu nunca esqueço algum bonzinho e na bagagem da minha equipe não sobrou nenhum presente! - Se exalta um pouco, como se ela estivesse culpando-o de algo que ele nunca faria em um milhão de anos.

- Credo, garoto - diz virando de costas dando um tapa no rosto de Duie com seu rabo de cavalo loiro - Não tenho nada a ver com o seu assunto com Noel, se você pisou na bola dessa vez a culpa é toda sua. Eu, hein! Você sabe o caminho para a sala do chefinho, espero que sua comida de rabo não seja muito grande. Tchauzinho! - Sai mostrando as costas de sua mão direita para ele, enquanto a balança fazendo o sinal de adeus.

A secretária devia ter entendido errado, Duie tinha CERTEZA que todos os presentes haviam sido entregues e que todos os bonzinhos da sua lista acordariam com um sorriso no rosto no dia seguinte. Ninguém os vira, deixaram tudo intocado em todas as casas, era como se os pedidos tivessem sido entregues magicamente, como se tivessem brotado do chão! O duende tinha supervisionado tudo e até ajudado alguns de seus companheiros com dificuldade, Noel deve ter se enganado ao falar seu nome, certeza.

O ser ansioso caminhou até a sala de Papai Noel tentando se convencer de que tudo ocorrera tão perfeitamente quanto era possível. Repassou cada etapa do dia em sua mente e refez o trajeto todo em pensamento, cada detalhe, cada curva. Nada, nenhum erro foi cometido.

Decidiu focar em outra coisa, começou a apreciar os detalhes de toda a fábrica. O ano todo aquele lugar já tinha uma vibe natalina, os equipamentos de manutenção, as máquinas e até os computadores daqueles que trabalhavam no escritório seguiam as cores verde e vermelho. Mas a partir de novembro (que é quando o local começa a pegar fogo mesmo), no teto instalavam-se piscas piscas de cascata, que funcionavam 24/7. De dia a diferença era muito sutil, mas ao entardecer fazia toda a diferença no ambiente, o reflexo que as luzes desenhavam nas paredes e no teto davam a impressão de que vagalumes passeavam por ali, dando uma sensação de aconchego gostosa. Sinos apareciam na entrada da fábrica, assim como no refeitório, acompanhados por guirlandas em todas as portas, uma diferente da outra, mas de certa forma todas ornavam em um único belo conjunto natalino. E um gigantesco pinheiro totalmente enfeitado com as mais brilhantes e belas bolas natal era encontrado bem no centro do edifício, mostrando a todos em qualquer ambiente que a melhor época do ano (e a mais trabalhosa para os duendes) havia finalmente chegado.