Carta ao tempo inquieto

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Você ensina todos os dias a sermos fortes e corajosos, mas confesso que estou com medo nesse momento, estou com medo de não da tempo de eu poder te dizer tudo o que eu quero, e tudo que esta guardado aqui, medo de eu não conseguir te mostrar algo de bom que há em mim, medo de esperar e não superar esse medo. Estou brava com tudo isso, e mais brava comigo por sentir infinito, eu tenho experiência em perdas em vida.

Mesmo que tudo tenha um proposito, eu não estou preparada para viver eles sem você para me encorajar, sem você para dizer que estou errada e ficar sem falar comigo por algumas horas que na verdade parecem dias, é que o teu silencio fala mais que você possa pensar.

Porque a vida nos prega peças, onde muitas vezes não sabemos qual nosso papel, apenas estamos lá, para protagonizar. Não é que você não tenha tempo a perder, não tem "momento a perder", é diferente. Você até poderia desperdiçar dois ou três anos. Mas você não aceita mais esse desperdício de vida, você chegou a uma fase da vida em que a máxima resume sua conduta: o que não tem futuro não merece o presente.

Pessoas inconvenientes, maldosas e frustradas (e geralmente, o pacote vem os três em um) podem existir. Mas elas precisam ser colocadas no mudo em nossa vida. Podem ate falar, nós é que não podemos ouvir, é que, enquanto isso, a gente sorri, dança, e continua construindo nosso futuro em paz.

A vida é tão breve para queimar ou pular etapas, e para chorar por tapas que a gente levou. A vida é tão leve para pesa-las com dedos que apontam os erros de quem só se arriscou, a vida é tão sua para você vive-la tão só, que a garganta da nó, se você se calou. E a vida, ah a vida! A vida é tão nua para vivê-la vestido de um jeito metido e carente de amor. A leveza no caminhar não muda a estrada, muda a caminhada. No fim das contas, as contas fecham, as portas se abrem, a fé aumenta e o medo, aquele medo diminui.

Lamentar é uma opção, agradecer, escolher, obedecer, e permanecer também. Às vezes a saúde não é rir, não responder, não conviver. Quem nunca teve uma empresa não sabe o que é ser empresário, quem nunca estudou para concurso não deve criticar quem estuda, quem nunca foi casado não deve dilacerar com a língua quem se divorcia. Apontar o fracasso dos outros nos projetos que não tiveram coragem de executar, é só o ápice da covardia.

E às vezes, argumentamos, insistimos, sustentamos, mas o nosso ouvinte é surdo de alma. A arrogância não lhe permite ouvir, nesse caso, só o tempo ira convence-lo. Porque por vezes o tempo é o melhor orador. E que existem acontecimentos que não merecem memoria e, muito menos, noticia. Se os fatos estão feitos, cabe a nos cuidar das feridas, e não abrir novas a cada espetáculo do pensamento, apenas viva e siga.

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