Um

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Shisui não teve certeza sobre quando exatamente as coisas começaram a ficar sinistras, mas foi depois que Itachi começou a estudar com um veterano — que por sinal ele odiava — que tudo começou a dar errado na sua vida.

O nome do elemento era Yahiko, um sujeito perigoso, uma péssima influência, não duvidaria se alguém lhe dissesse que ele já havia perdido o réu primário. Não era segredo para ninguém que odiava aquele homem, e Shisui odiar alguém com sangue nos olhos era a coisa mais difícil do mundo porque, aparentemente, de acordo com seus familiares, ele era a criatura mais dócil, gentil e meiga que já existiu no planeta.

Mas seu ódio por Yahiko não começou por ciúmes, embora ele sentisse ciúmes, e nem por desconfiança, embora ele desconfiasse também, foi por um episódio estranho, muito suspeito, que teve início em uma quarta-feira às 19h da noite quando estava quase dormindo.

Ele e o namorado estavam jogados na cama, esperando o espírito voltar para o corpo depois de terem feito três ou quatro vezes, Itachi finalmente havia entregado seus quatrocentos trabalhos, feito as quinhentas provas e encerrado o semestre com louvor como já era de costume; então estavam recuperando o tempo perdido porque mesmo que tivessem dado uma rapidinha aqui e ali pelo sofá, no banheiro, na cozinha e no carro.

Estava quase hibernando, ou entrando em algo semelhante ao início do coma quando ouviu a porta do banheiro sendo aberta, logo em seguida, a cama afundou ao seu lado e corpo quente de Itachi se juntou ao seu. Shisui estava de bruços, ele sempre dormia de bruços, e ficou ainda mais difícil não apagar completamente quando sentiu os dedos longos e pálidos acariciando seu couro cabeludo enquanto Itachi murmurava algumas coisas que ele não conseguiu entender pelo estado avançado de sonolência.

Gostava quando ele fazia aquele tipo de coisa, seu namorado conhecia todos os pontos sensíveis que lhe causavam relaxamento, bastava fazer um cafuné, dar um beijo no pescoço, fazer uma massagem aqui ou ali, que ele apagava como um defunto.

Os dedos desceram pelas costas, indo um pouco mais para baixo na sua coluna e Shisui sentiu uma leve tensão nos músculos ao sentir a mão dele indo sorrateiramente para baixo do lençol fino em direção sul, e extremo sul. Teve um pressentimento, um calafrio estranho percorreu sua coluna e ele arregalou os olhos, assustado, quando sentiu um objeto não identificado deslizando para suas confidencias.

Ágil como um gato, ele se esquivou fugindo de Itachi e seu dedinho do mal.

Os olhos negros se encontraram, Shisui estava chocado, o coração acelerado, olhando para o rosto suave, sereno e tranquilo que nem tremia com sua melhor expressão de paisagem.

— O que você tá fazendo? — perguntou arqueando as sobrancelhas.

Itachi deitou na cama e deu uma risada, balançando a cabeça.

— Nada, desculpa, não queria te acordar.

— Você tava enfiando o dedo no meu cu — disse chocado, levando as mãos para trás, protegendo sua retaguarda.

— Desculpa! — e desatou a rir. — É que...

— Você tá rindo do quê? Isso não tem graça.

Itachi balançou a cabeça outra vez querendo se explicar, mas só de olhar para o semblante assustado à sua frente, não conseguia manter a compostura. Shisui, a pessoa mais corajosa que ele conhecia, assustado até a morte porque fez uma brincadeirinha inofensiva.

Flex (ShiIta)Onde histórias criam vida. Descubra agora