Três portas e muita luz, eram tudo o que a pequena conseguiu enxergar, a temperamental Morgana, a filha mais velha da casa dos ferreiros. Nada fazia sentido para a menina, em seus 19 anos nada tinha a incomodado tanto quanto a situação na qual se encontrava, tudo estava confuso demais, já estava achando que tinha morrido.
Momentos antes...
Uma jovem no dia de seu décimo nono aniversário, mexia inúmeras vezes em seus cabelos, sabendo como são já imaginava o volumes de seus cachos, vagava pelos cantos de uma biblioteca antiga em Belém do Pará, buscando um pouco de magia, querendo a emoção de um amor de guerra. Seu vício em livros funcionava tão bem que quase podia se teleportar para qualquer mundo, passava tanto tempo naquele local que acabou criando um carinho pela bibliotecária, por favor não imagine uma doce senhora de 80 e bolinhas. Agnes, tem apenas 21 anos cabelos longos e escuros, olhos castanhos e uma energia quase contagiante , após muito tempo sendo estagiária conseguiu um emprego fixo quando fez 18 anos foi tudo o que a Morgana soube da jovem e encantadora funcionária do local.
Uma capa brilhante lhe chamou a atenção, pegou o livro em suas mãos analisando com cuidado os desenhos, as fases da lua, uma estrela no centro, um arco, detalhes tão delicados que pareciam contar uma história, havia também na moldura a silhueta de uma mulher, colocando o que parecia uma coroa, num altar embaixo do arco. Focada em levar o mesmo para casa não percebeu que o livro estava sem etiqueta, foi barrada pela morena.
- Calma ai Ratinha, esse não tem código. - Com aquele sorriso que fazia a baixinha balançar.
- Mas é lindo como você não o viu antes?! - Retrucou tentando endireitar sua postura que agora estava por um fio "Céus! Como pode ser tão linda? Ela nem força, meu deus. " Pensava nisso todos os dias, já começava a duvidar se era apenas uma amizade mesmo que sentia pela senhorita a sua frente.
- Ei! Ratinha? Se continuar me encarando assim eu vou me apaixonar. - As bochechas da mais nova pegaram fogo, após o comentário da bibliotecária.
-Agnes Figueira! Eu irei te agredir se continuar. -
- Estou contando com isso, Mon amour! -
- Estamos a sós, vamos ler juntas, o que acha? - Pediu a mais nova das duas tentado fazer com que seu coração se acalmasse.
Agnes concordou e avisou que teria de fechar um pouco a biblioteca enquanto matavam a curiosidade pelo mais novo tesouro das duas.
Já sentadas numa mesa bem no centro do espaço de leitura, combinaram de contar a três e abrirem juntas.
O livro tinha páginas douradas, com detalhes em lilás, tão delicado que não parecia real.
- É tão lindo! Grata universo! - Disse a cacheada sorrindo de orelha a orelha, sem reparar na morena babando por ela.
- Sim e muito... Ai senhor. - Concordou a bibliotecária.
De repente a luzes piscaram, a página na qual pararam começou a brilhar."Esperei muito por vocês..."
As duas estavam sem entender, um pouco agitadas, continuaram lendo.
"O portal já vai se abrir, é necessário que isso aconteça, que a casa de ouros me poupe.
Espero que lembrem-se de mim...
Boa viagem"
OXE! - Deixaram escapar ao mesmo tempo.
Tentaram soltar o livro porém já era tarde, a luz continuava a aumentar forçando as duas a fecharem seus olhos, sons de coisas caindo, cadeiras sendo arrastadas, de repente quando tudo parou abriram os olhos devagar e perceberam que estavam de mãos dadas. Uma pequena pausa, soltaram se uma da outra sem problemas, porém a falta incomodou tanto uma quanto a outra, tentaram não pensar nisso.- Onde estamos? O chão é branco, isso deve dar um trabalho pra limpar, céus! - Comentou a pequena.
- Aconteceu aquilo tudo e tu me repara no chão? Garota! - A morena se interrompeu, para reparar no local que estavam e também em suas roupas.Antes que o diálogo continua-se saíram andando analisando tudo, procurando por um espelho e também por alguém que pudesse explicar o que raios estava acontecendo ali. Enquanto caminhavam as duas ficaram encantadas com o local que mais se parecia com um enorme castelo medieval , paredes em mármore, com detalhes em ouro, talvez as pilatras fossem feitas de marfim pensaram. Aterrorizadas e encantadas assim se encontravam as duas moças sem saber do que as esperava.