. Respirar, eu não conseguia respirar, os soluços desesperados não permitiam, eu sentia que meu coração poderia explodir de tanta dor, as lágrimas eram incontroláveis, elas escorriam por meu rosto, meus gritos de dor e agonia ecoavam por toda a Torre Karpa, eu apertava a carta em minhas mãos com toda a força que tinha, a que me restava. Se foi, para sempre, não vai voltar, nunca mais vai voltar, eu perdi, eu o perdi de vez, nunca mais iria ouvir sua voz, ou vê-lo treinar com Zidian, nunca mais sentiria sua mão pousar em minha cabeça, ou ver sua expressão de raiva contida ao lidar com os anciões.
. Shizui tenta me acalmar com um abraço, mas eu o empurro para longe e aperto a carta contra meu peito, JiuJiu, eu perdi meu JiuJiu, o homem que me criou, o homem que cuidou de mim, minha família, eu o perdi. Como não percebi? Se eu tivesse percebido antes, eu teria conseguido impedi-lo? Ele era tudo o que eu tinha, e agora ele se foi, pra sempre. Não iria mais ouvi-lo xingar o líder Yao, ou ouvi-lo ameaçar quebrar minhas pernas quando aprontasse.
. Quando tinha sete anos ele começou a me ensinar a atirar, lembro de seu cuidado e zelo para que não me machucasse, lembro de quando eu adormecia em seu escritório enquanto ele trabalhava e acordava em meu quarto, eu sabia que ele tinha me levado até lá, sempre podia contar com ele para me ajudar, me acolher, para resolver meus problemas, curar minhas dúvidas e incertezas, e o que eu fiz? Nada, eu simplesmente não fiz nada para ajuda-lo. Eu sabia de suas cicatrizes, sabia o quanto ele devia estar sofrendo, mas não tive atitude para ajuda-lo, para retribui-lo por tudo, e nunca mais terei tal chance novamente, pois ele se foi.
. Agora aqui, vestido em vestes brancas, em frente ao Salão dos Ancestrais, vendo sua placa ali, ao lado de meus avós, foi que percebi o quão importante ele era, o quão importante ele é, mesmo aqui, em frente aos anciões e aos discípulos, minhas lágrimas não cessam, por que me importar? Você morreu, e não vai voltar, então de que importa? Vejo pelo canto dos olhos Wei Wuxian, lágrimas também escorriam por seu rosto, HuanGuang-Jun o confortava. Quem confortou JiuJiu depois que todos morreram? Depois que meus pais morreram? Quem se importou em ajuda-lo a cuidar de uma criança enquanto reconstruía a seita? Ninguém, em momento algum ele pediu ajuda, assim como ninguém se prontificou a confortá-lo.
. Os incensos queimavam, pouco a pouco, os discípulos e anciões iam saindo, até que apenas nós ficamos ali, eu e minha família, todos mortos. Eu permanecia em silêncio, mas em minha mente eu gritava de dor, implorava por perdão, eu não o valorizei e na primeira oportunidade, eu fugi, fui embora sem me importar de olhar para trás e ver o homem que me criou definhar.
" ME PERDOE! ME PERDOE JIUJIU! POR FAVOR ME PERDOE! "
. Minha mente gritava, eu me sinto sozinho, é frio, quero o calor do seu abraço desajeitado, por favor apenas leia mais uma história para que eu possa dormir, apenas me repreenda por bagunçar por ai, ameace quebrar minhas pernas, apenas volte, eu lhe imploro.
. Aperto Zidian em minhas mãos, agora em meu quarto na Torre Karpa, uma semana já faz, o dia é tão bonito que parece zombar da minha dor e angustia. Zidian, a última coisa que tenho para me sentir mais perto do senhor, me lembro de como você falava que um dia eu o herdaria, só não esperava que seria tão cedo, de uma forma tão dolorida.
" Eu só queria te pedir perdão, meu pai "
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623 palavras
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Respirar
FanfictionOnde Jiang Cheng não consegue respirar ~~~~//~~~~ Gatilho: Depressão!!!