Era uma vez um duende encantado,
Que vivia seus dias chateado.
Um dia pela floresta passou,
Uma fada ele avistou.
Loira em seus cabelos
E morena em seus olhos
Ela cativou o coração,
Do pequeno duende tristão
Sem coragem para lhe dizer
Esse sentimento ele tentou esconder.
Mas sábio como é seu coração,
Tal tentativa passou em vão.
Disposto então a um plano bolar,
Ele se viu a querendo conquistar.
Mas como ele poderia algo fazer,
Se nem ao menos sabia o que lhe dizer?
Com toda sua emoção,
Colheu as flores de sua estação.
Rosas e Tulipas.
Lindas Margaridas.
Um grande buque ele formou,
E uma grande reação ele esperou.
Mas assim que o buquê ele enviou,
Preocupado ele ficou
Será que aquilo bastou?
Incomodado com o não ecoando eloquente.
Um outro plano lhe veio a mente.
Uma cesta de frutas ele iria enviar.
Mas quais frutas ela iria gostar?
Colhendo sem parar as mais belas frutas que ele conseguia encontrar.
Uma cesta de morangos, bananas e laranjas ele conseguiu montar
Enviou novamente
Seu lindo presente.
Mais ainda se preocupava se aquilo era o suficiente.
Inquieto perdido e confuso,
Ele se viu entrando em parafuso.
Lembrando de repente que esquecera do bilhete
Exaltado ele gritou: Que cacet*
Sem saber mais o que fazer
O bilhete ele resolveu escrever.
Querida fada Bonita,
Adoraria uma visita,
Você cheira a verão
E roubou meu coração.
Caso recuse meus sentimentos
Me devolva os mantimentos
Pois convenhamos não é fácil achar comida
E isso nem precisa de rima.
Por dias ele esperou,
E com dor nas costas ficou.
Irritado e entediado
Resolveu ser no mínimo odiado.
Na porta da fada bateu
Mas ela não o atendeu.
Raivoso por si só
Ele não ia mais ter dó.
A casa ele começou a quebrar,
E tudo começou a voar.
Puto da vida com a desfeita
Voltou pra casa sem eira nem beira.
No caminho de volta ele viu a fada,
Voando pela alvorada.
Não satisfeito com a cagada,
Se dispôs a mais uma cara quebrada.
Correu atrás da fada que saiu em disparada.
- Ah meu Deus, que desrespeito
Gritou ele sem ar no peito.
A fada curiosa parou e perguntou:
Você me chamou?
O duende cansado e irritado
Se pôs a dizer tudo detalhado.
Ela então explicou que nunca morou
Onde ele tudo aquilo enviou
Chocado e abismado chorou sem parar
- E agora como é que vou consertar?
Triste e sem amor o duende se encontrou
E ao princípio ele retornou.
Afinal nem sempre o sábio coração
Sabe como agir em determinada ação.
