Capítulo 1 - Prazer, Jeon Jungkook.

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"Para todos aqueles que tem problemas com a família."

Jeon Jungkook queria sinceramente sumir. O motivo? Sua mãe, não era surpresa nenhuma que a mulher de 33 anos sempre conseguia achar uma forma de brigar com o japonês, seja por uma roupa no chão de seu quarto ou de indiretas nos status de seu Whatsapp. O garoto conseguia facilmente imaginar a mãe como uma adolescente de 15 anos que ainda nem sabia conjugar um verbo; as frases escritas das formas mais erradas possíveis vinham sempre com uma série de emojis, que surpreendente o irritava ainda mais.

As coisas que a senhora postava iam de "Sextou" para "Meu filho só vai me amar quando eu estiver dentro de um caixão" — sempre com uma imagem qualquer de um lobo em preto e branco— em questões de minutos, deixando o menino ainda mais puto da vida com a mulher de fios loiros.

O som abafado de "Are You Satisfied?" de Marina ecoava no máximo pelas paredes grossas de seu quarto, e como se a cantora pudesse escutá-lo, Jeon respira fundo e diz ao meio de lágrimas:

— Não Marina, eu não estou satisfeito. Para ser sincero eu poderia me jogar de qualquer ponte em um raio de 10km daqui, ou simplesmente ficar na neve esperando congelar até a morte, tem também a possibilidade de subir em um terraço e cair de lá acidentalmente. — Ditou com raiva, pegando o urso de pelúcia que carinhosamente apelidou de "Peluda", o socando com toda a força que tinha em seus punhos, mas, logo se arrependendo da ação e abraçando Peluda, murmurando diversos pedidos de desculpas, sem se importar de estar parecendo completamente idiota e mesquinho.

Não se orgulhava da forma que agia quando estava com raiva ou triste, a cena patética do garoto sentado no chão do quarto com qualquer música indie de 2000 tocando como trilha sonora de sua patética vida poderia ser facilmente comparada com qualquer episódio patético de algum drama coreano em que a protagonista acidentalmente descobre algo terrível de seu parceiro que havia conhecido a 20 minutos. Mas enfim, Jungkook sabia que não iria adiantar nada ficar sentado ali e que uma hora ou outra sua mãe iria voltar para terminar seu esporro — sentia os olhos pesarem só de imaginar tal ação da mãe —, e antes disso acontecer uma lâmpada acendeu em sua cabeça. Ele tinha 20 anos, podia muito bem sair de casa e ir para uma kitnet, ainda mais que havia começado seu estágio em uma loja de informática. A lâmpada rapidamente se apagou quando lembrou do valor que receberia, a quantia suada do moreno não conseguiria pagar ao menos o aluguel e as compras do mês, isso sem contar com as contas de água e energia. Voltou a abraçar o urso, deitando no chão e suspirando pesadamente, criando mil e um cenários onde não precisava conviver com sua mãe alcoólatra e seus três irmãos mais novos, que acreditando-se ou não, eram tratados como reis.

Levantou com rapidez e viu a lâmpada se acender novamente acima de sua cabeça, poderia morar com sua avó, desde que o menino era criança a senhorinha o tratava como um filho e mesmo que passando dos limites as vezes era melhor do que sua mãe, qualquer coisa era melhor que ela.

E era exatamente isso que iria fazer, jogou as roupas dentro de sua mochila junto com o notebook velho que poderia ser considerado relíquia, seus fones e o carregador, vestindo um moletom e saindo do quarto, mas logo voltando para pegar peluda e abraçar a pelúcia, saindo de casa sem olhar para trás e sem dizer para qualquer um.

O vento frio batia em seu rosto pálido, as bochechas vermelhas pelo frio e as mãos tremendo, seria poético um garoto de 20 anos com um pouco mais de 1,70 de altura saindo de casa em busca de sua independência, mas naquele momento só conseguia pensar em uma coisa: "Que idéia de merda ele teve pra fazer isso?", não sabia ao menos para qual caminho seguir, a única coisa que se lembrava era que a casa da avó era em um bairro novo, ao lado da casa onde seu pai morava com sua madrasta e em frente de uma construção em que a arquiteta era atraente demais. Mas, não fazia q mínima idéia de como aquelas informações podia ajudá-lo.

Estava preste a desistir e voltar para casa quando avistou fios claros deitado em um banco, e por incrível que pareça a primeira idéia que teve foi ir acordar a pessoa para pedir ajuda, ignorando totalmente o perigo que poderia estar, o rapaz do banco podia ser um E.T enviado para matá-lo, ou alguma cópia do Thanos só que coreano e ruivo.

— Com licença... — Sussurrou tocando o ombro do menino, sentindo um arrepio em sua espinha quando o rapaz abriu os olhos e olhou diretamente para Jeon. Uau... Ele é estranhamente atraente, pensou e rapidamente balançou a cabeça tirando esses pensamentos de sua mente, afinal ele não era nenhuma Lily do livro da Collen para se apaixonar por um mendigo ou qualquer coisa do tipo. — Que merda é você? — Voltou para a terra quando a voz grossa do ruivo saiu dos lábios estranhamente rosados do garoto a sua frente.

— Perdão atrapalhar... Hm, eu sou Jungkook — Bateu a mão na testa se repreendendo rapidamente e xingando-se internamente por dizer seu nome para um estranho. — Enfim... eu queria saber se você poderia me ajudar a chegar na casa da minha avó, eu meio que me perdi.... — Chutou uma pedra perto de si e desviou o olhar.

— Você realmente acha que eu vou perder meu tempo ajudando um estranho com a aparência de um adolescente rebelde de série da Disney? Vê se vai embora e não me enche, gatinho. — Específico demais, foi o que Jungkook pensou antes de entrar em completo pânico com a forma que o outro o chamou, e logo em seguida ficar com raiva do garoto ter sido tão arrogante. Claro, o menino não tinha nenhuma obrigação com si, mas poderia ser pelo menos educado.

— Desculpa atrapalhar seu sono, bela adormecida. — Resmungou antes de voltar a andar pela rua escura, apertando ainda mais o urso em seus braços, xingando vários palavrões e palavras desconexas.

Parou bruscamente quando sentiu uma mão puxar seu braço, não conseguindo conter um grito nada másculo de sua parte, mas logo ficou aliviado por ver que era o loiro de antes.

"Ah merda, ele vai me sequestra ou coisa assim?"

Não conseguiu pensar em mais possibilidades tenebrosas de como o loirinho atraente poderia matar e enterrar seu corpo ali mesmo, já que logo a voz grossa voltou a sair dos lábios do maior.

— Tem um grupo de ladrões a uns 20 metros de distância daqui, você realmente quer ser assaltado? — Sentiu o olhar do garoto percorrer todo seu corpo e antes de dizer qualquer coisa o menino continuou. — Mesmo não parecendo ter muita coisa, não quero que eles coloquem a mão em você, gatinho. Sabe, eu vi primeiro, se alguém for te assaltar deveria ser eu.

— Uau, muito carinhoso da sua parte. — O tom sarcástico saiu de seus lábios com rapidez, a mesma rapidez em que o outro pegou em suas mãos e o puxou para um prédio, subindo até um apartamento com as portas brancas e alguns detalhes em dourado, Jeon sabia que se a qualquer momento o loiro falasse que era neurocirurgião iria correr dali, porque como disse mais em cima, não estava em um livro da Collen para transar com um mendigo, se é que poderia chamar o outro assim. Mas, pelo contrário do que esperava, o menino apenas o levou para dentro do apartamento surpreendente arrumado e caro. — Que merda... Isso não é tipo uma invasão, né? Olha eu não quero me meter em confusão, cara. — Se distanciou um pouco para olhar em volta, estupefado com a situação toda.

— Sim gatinho isso aqui é roubado, você vai ser preso e eu vou fugir em um iate. — Jungkook revirou os olhos se sentando no sofá que tinha atrás de si. — Olha, esse apartamento é do meu melhor amigo, não é roubado e eu não vou te assaltar, melhor? — Continuou o menino, logo se sentando ao lado do coreano.

— Tanto faz, mas se você não vai me ajudar porque me trouxe aqui? E para de me chamar de gatinho, por favor.

— Primeiro, você ia ser roubado e eu fiquei com dó. Segundo, você disse seu nome com a voz tão baixa que não consegui entender, gatinho.

— Jungkook, meu nome é Jeon Jungkook. —Jogou a mochila no chão e respirou fundo, fazer aquilo para aliviar o estresse já tinha se tornado rotina. — Taehyung, prazer. — Jeon não conseguiu segurar o sorriso ao descobrir o nome do loiro que tanto o encantou, logo estendendo a mão para que outrem apertasse.

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⏰ Última atualização: Dec 30, 2021 ⏰

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