°•° A Procura da Felicidade °•° Pjm + Jjk

°•°Benjamin°•°

°•°Conteúdo sensível°•°

- Eu não aguento... não aguento mais.

O nó em minha garganta aperta fazendo meus olhos transbordarem lágrimas espessas, se tornando uma nascente de águas correntes que saem sem controle e sem rumo, invadindo meus lábios com seu gosto salgado antes de escorrer pelo meu queixo.

Cada vez sou tomado por mais soluços forte que me destroem de dentro para fora, me sufocando, trazendo com eles dores em meu peito e solavancos que me fazem sentir com mais precisão a ponta gélida da arma no meio de minha testa.

Meu olhar antes perdido se encontra com a figura a minha frente refletida no espelho.

"- Mia pare de bobeira você não é garoto coisa nenhuma, é a minha princesa. Minha princesinha."

Sua voz ecoa na minha cabeça. Por que mãe? Você prometeu me amar do jeito que eu sou! Prometeu me ouvir e me apoiar... Ah como eu queria não ser uma decepção. Eu sou nojento. Porque eu só não aceito que sou uma menina? Que eu não tenho um pau entre as pernas e sim uma vagina? Que eu tenho peitos e um útero?

A dor na minha garganta aumenta gradativamente me fazendo segurar firmemente o gatilho que tem o poder de destruir o que eu não aceitei.

"- Eu não quero nenhum anormal na minha casa! Você é uma garota e pronto! Vai pro seu quarto agora e põem o vestido que sua mãe comprou, antes que eu arrebente esse seu rostinho de merda."

Pai... você sempre disse que queria um filho menino para que vocês pudessem jogar futebol juntos. Por que você não me deixa ser o garoto que tanto quis?

"- Você é uma menina."

Não...

"- Você é uma menina."

Não.

"- Você é uma menina."

- NÃO!

- Mia? Filha abre a porta, por favor. - A mulher que um dia chamei de mãe fala, me deixando com raiva.

- 1° Meu nome é Benjamin.

- ABRE A PORRA DA PORTA! - fala o homem cujo dei o meu amor e confiei meus segredos.

-2° Eu. Sou. Um. Ga-ro-to!- digo vendo a porta ser empurrada brutalmente para frente.

- Você é uma garota! VOCÊ NASCEU COM UMA BUCETA E VAI MORRER ASSIM!

- É infelizmente eu nasci com uma buceta. - Tento me manter firme porém sinto minha voz fraquejar.- Mas isso não muda o fato de eu ser um garoto.- O nó em minha garganta aperta mais, me deixando sem ar. - Eu mênstruo todo mês e tenho peitos, mas isso não tira o fato de eu ser um menino... - Ajeito meus dedos trêmulos no gatilho, me assustando ao ver a porta sendo empurrada novamente.- Sabe... Eu não queria ter nascido assim, me desculpem. Eu tentei ser uma menina mas não consegui. Porque... não importa o quanto eu me esforce, eu não consigo me sentir bem dessa forma. Não consigo me ver uma menina. Mas que droga! Não suporto o meu próprio corpo! Quase cortei meus peitos com uma faca! Mas tudo isso vai acabar e eu não vou ser mais um fardo, merecedor de vergonha e nojo para vocês. Espero de verdade que me desculpem por ser tão insuficiente a ponto de não conseguir viver com o corpo que eu nasci.   - Suspiro já sabendo o meu fim. - Me desculpem... Por favor.

Talvez tenha sido o mistos de emoções do momento ou o cansaço emocional e físico. Mas... minha mente estava tão nublada que eu não pensei nas minhas ações, eu só fechei meus olhos e apertei o gatilho.

Me senti tonto e uma sensação de eu estar caindo se fez presente. Uma brisa fria beijou meu rosto molhado pelas lágrimas recentes, fazendo eu sentir um leve frescor. Meu corpo estava sendo envolvido por braços desconhecidos. E eu senti uma leve ardência em minha testa enquanto meu peito se enchia com um sentimento de amor, conforto e paz, que me fez sentir seguro. Mas lembrei do ocorrido a segundos atrás e abri meus olhos me afastando minimamente dando de cara com uma moça de aparência jovial, que sorriu gentilmente pra mim. Mas aquele sorriso só me fez querer chorar novamente. Eu havia morrido? Ela era um anjo e aqui era o Céu?