Novas descobertas

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Quase como um impulso, eu corri para o Lawrence e pulei em seus braços, abraçando-o com toda a minha força.

- Lawrence!? Como assim, você está vivo? Meu Deus! Eu pensava que você tinha morrido naquela hora - quando me apercebi, as lágrimas já aqueciam o meu rosto, a medida que desciam, tal como a minha voz assumiu um tom choroso.

- Eu também não pensei voltar a ver você, S/N - percebi que ele sorria em meio do abraço.

- Você me deixou preocupada naquela hora - eu olho nos seus olhos castanhos - Nunca mais repita isso, ok?

- Ok S/N - ele me olhou do mesmo jeito, enquanto limpava as minhas lágrimas com todo o cuidado do mundo.

- Er....o que tá a acontecer? - a Camila se inclinou para o lado, numa tentativa de chamar a atenção de alguém,  conseguindo captar a minha. 

- Longa história, durante a epidemia - dou um sorriso fraco, ainda abraçada ao Lawrence.

- Ain, nem me falem disso. Podem continuar a melosidade aí, desde que não falem sobre isso - ela fez uma careta e eu ri, afastando-me do Lawrence e voltando para perto dela.

- Está com ciúmes? - o Lawrence riu, iniciando uma brincadeira, a medida que ia entrando na passagem da bancada para ir para o interior da cafeteria. A Camila corou pela pergunta do Lawrence, endireitando a sua postura e cruzando os braços, inflando as bochechas e desviando o rosto, numa tentativa que parecer rebelde.....mas só ficou fofo.

- Claro que não! Uma pessoa como eu, com ciúmes? Quem é que você pensa que eu sou? 

- Uma pessoa bem sensível.... - o Lawrence aproximou-se dela. A Camila abriu os seus olhos e olhou-o, ele se inclinou perto do ouvido dela e mordiscou lá, causando um arrepio nela enquanto a mesma estaria corada igual a um pimentão, e um sorriso divertido nele - .....e que não aguenta "brincadeiras" nos seus sweet spots.

- I-idiota! - ela colocou a mão no peito do Lawrence e afastou-o com cuidado.

- Hehe mas não negou - ele deu um sorriso divertido e se afastou, continuando o seu caminho anterior, mas sem antes, piscar o olho para a Camila, que corou mais ainda (como se isso fosse possível).

- O que....? - apontei o Lawrence, que já tinha entrado para a zona apenas de funcionários, e depois, a Camila, repetindo o processo algumas vezes, até ela perceber a que eu me referia.

- Bem...vou explicar resumidamente. Eu e o Lawrence fomos para a cama e bem....a partir desse dia, quando ele descobriu meus sweet spots, ele começou a provocar-me no trabalho, como uma espécie de distração idiota - ela bufou e o seu cotovelo apoiou-se na bancada, com a mão a apoiar o queixo.

- Nossa....mas o Lawrence não tem cara de ir para a cama com alguém, assim de cara. Como rolou? - dou uma risada divertida pela história.

- Bem, estavamos os dois bêbados - ela encolheu os ombros - Acabou a acontecer.

- Hm....e como é?

- O quê? - ela olhou para mim com confusão e eu senti as minhas bochechas esquentar por estar a falar realmente daquilo.

- Você sabe... - eu faço um círculo com 2 dedos, depois pegando o meu dedo indicador e movendo-o, para passar pelo círculo. Olhei ela com bastante vergonha e ela tinha um sorriso divertido, como se se estivesse quase para rir.

- Aaaaaaaaaaa sexo?

- S-sim.

- Tu é virgem? - ela olhou para mim, espantada, falando num tom baixo para o Lawrence não acabar a ouvir. Já eu, apenas corei e baixei o olhar, começando a brincar com as minhas mãos para aliviar o estresse.

- É....

- Nossa...você não tem nada cara disso - ela riu.

- Isso quer dizer o quê? - olhei-a.

- Oh nada nada - ela riu e elevou as mãos, em rendição - Eu não falei nada.

- Sei né - fiz uma careta e ela riu.

- Não se preocupa, um dia, eu te ajudo nisso - ela piscou para mim e eu senti as minhas bochechas arder igual ao fogo.

- O-obrigada.

- Nossa....eu estava a brincar....você quer mesmo isso? - ela se inclinou para a frente, na bancada, com um sorriso sacana no rosto enquanto me olhava com interesse.

- Q-que!? NÃO! - bufei e desviei o olhar. Sentia-me como um gatinho apanhado depois de apanhado a quebrar um jarro. Tão indefesa. Tão curiosa. Testando os limites até ao máximo. Amaldiçoava esse meu interesse por descobrir novas coisas, novas pessoas, novas sensações e novas experiências. Tinha acabado de conhecer a Camila e já estava a pensar num se....isso torna-me impulsiva?

- Do que estão a falar? - o Lawrence entrou, já com a roupa própria do emprego.

- NADA! - eu apressei-me a responder, endireitando a  minha posse. Senti o olhar da Camila queimar-me e uma risada divertida paira pelo ar.

- Huhum... - o Lawrence ficou  do lado da Camila, apoiando-se na bancada também. - Enfim, me fala, como sua vida está?

- Bem....depois que erradicaram aquelas coisas e pegaram-se todos os sobreviventes, não encontrei a minha mãe e tive a certeza que ela tinha morrido para aquelas coisas - a minha  garganta  começou a ficar seca, mas eu mantive-me firme e  continuei - Eu comecei a viver sozinha e tudo mais, agora estou a tirar um curso. Atualmente estou de férias e vim a um concerto aqui, com as minhas amigas. Ao acaso, achei o Eugene, o Zion e a Scarlett, e acho que é isso. E você?

- Bem, consegui fugir do colégio e depois fui na Zona Segura, mais tarde. Lá, eu não achei ninguém que conhecia, então fiz novas amizades, como a Camila - olhou ela por uns momentos e ambos trocaram um sorriso - E depois arranjei emprego aqui, para ter dinheiro para entrar numa Universidade.

- E você, Camila? - eu olho para ela, que pareceu ser apanhada desprevenida.

- Eu? Eu o quê?

- O que você fez depois da epidemia e antes.

- An... - ela inspirou fundo e depois sorriu - Eu estive com um grupo de 10 pessoas, só que fomos atacados por aqueles bixos do capiroto e a única pessoa que sobreviveu, fui eu. Com isso, eu fui sozinha e acabei a viver em casas, depois de desinfetar e sempre a mudar de cada vez que as condições de sobrevivência ficavam mais escassas e enfim...isso durou até achar a minha cadela, Ronny, e bem...ela veio comigo para a Zona Segura. Como o Lawrence falou, a gente se conheceu lá e tudo mais, ficamos num grupo e tals. Quando a epidemia terminou, eu comecei a trabalhar aqui para pagar um curso profissional de design.

- Nossa, isso foi muito duro - eu suspirei.

- É...o que vale é que não fiquei louca, graças a Ronny - a camila sorriu.

- An...já é hora de abrir a cafetaria...daí não dá mais tempo para conversar - o Lawrence foi até na  porta e mudou o sinal, indicando que a cafeteria estaria completamente aberta a partir daquele momento - Desculpa, S/N.

- Bom dia - um casal cumprimentou, entrando pela porta e indo para perto da bancada, mas ficando atrás de mim, numa distância de 1 metro.

- Bem....qual seu pedido, senhorita S/N? - a Camila sorriu e eu soltei um suspiro divertido. Seria interessante ter de lidar com a Camila em situações diferentes....espero que possa ter essa honra, um dia.

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