Capítulo 1 - A Noite

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Era uma noite fria e tortuosa, sem lua, vazia e seca, somente o que á iluminava eram alguns conjuntos de estrelas, que mesmo sendo poucas nos fascinam e nos fazem pensar na razão de estarmos aqui. Esta quase tudo quieto só ouvimos o som do vento e os grilos, outros animais noturnos se calam parece que tudo esta morto e então conseguimos pensar.
" Qual a razão de estarmos aqui ? O por que de nossa existência ? ". E esta é a pergunta que não se cala no nosso subconsciente. Deitada na grama acabo caindo no sono.
" Corro. Os punhos das ondas rasgam a areia enquanto forço pesadamente um pé à frente do outro. Escalo, escorrego, repito o processo. Mais rápido. Olhos fixos nas dunas à minha frente. Não olhe para trás. Não devo olhar. Respiração ofegante; inspira, expira; inspira, expira. Ainda sim eu corro.
Quando os pulmões estão prestes a entrar em combustão e coração a explodir, uma estrela carmesim na areia, tropeço.
Um homem retorna. Ergue-me e apressa-me.
Está chegando mais perto.
Não posso aguentar, e caio novamente. Não consigo mais correr.
Ele se ajoelha para me pegar e olha em meus olhos.
-Está na hora. Rápido, agora! Erga a parede.
Está perto.
Então eu a construo, tijolo a tijolo. Fileira a fileira. Uma torre alta, como a de Rapunzel, mas esta não tem janela, nenhum lugar para jogar os meus cabelos.
Sem chance de resgate.
-Jamais esqueça quem você é! - ele grita, segura meus ombros com firmeza e me sacode com força. Um manto de terror suprime o mar. A areia. Suas palavras, as contusões em meus braços, a dor em meu peito e pernas. É aqui ".
A agonia golpeia meus olhos, contorcendo-os como a lâmina de uma faca. Tento abri-los mas eles queimam como se o sol tivesse caido do céu, não há uma luz a não ser a das poucas estrelas que vagam pelo universo. Meu relógio apita, o olho, 3:45 h, está frio e o horizonte nebuloso, então me encolho ao pé de uma árvore, ainda estou golpeada pelo sonho, então me ocorre algo " Preciso sair daqui o mais rápido possivel" assim me levanto, arrumo meu casaco, e saio andando com os olhos ainda meio embaçados.
Ando e ando até chegar à um posto de gasolina velho e praticamente deserto só não se transforma em tal pela inúmera quantidade de insetos em cima de algo que meus olhos não conseguem ver, resolvo entrar na loja de conveniência já que o cheiro apodrece todo o ar do lado de fora, ouço um barulho vindo dos fundos, e muito ingênua mas ainda sim coberta pelo manto de medo resolvo ir averiguar o que está acontecendo. Apesar da aparência deserta do local ouço gritos desesperados.Coloco as mãos nos ouvidos desesperadamente para tentar abafar o som dos gritos, mas parece que eles estão ficando cada vez mais altos, e quando menos percebo acabo encolhida entre duas prateleiras na parede.
Uma mão fria como a da morte toca meu ombro e então olho para cima desesperada e assustada:
-Quem é você menina ? O que está fazendo na cena de um crime ? Foi você que nos telefonou ?
Um polícial havia me tocado e era dele aquela mão fria. Muitas perguntas. Não tenho certeza se conseguirei responde-las. Penso, "A cena de um crime?", demoro para raciocinar então novamente ele me pergunta:
-Responda-me! Quem é você? O que esta fazendo aqui? Nos telefonou?
-E...Eu sou... - Tento-lhe responder mas as palavras fogem de minha boca.
-Como se chama? - Pergunta-me erguendo sua sobrancelha esquerda.
-Me chamo Katherine porém... Só me recordo disto
-E o que você está fazendo aqui Katherine?
-Só me lembro de acordar em um gramado às 3:45 h da manhã senhor, e então por causa do frio resolvi sair andando e me abrigar em algum local, até que cheguei aqui.
-Então não foi você que nos telefonou?
-Não senhor - Não sei como mas as palavras haviam voltado.
-E você viu alguém aqui?
-Não senhor, cheguei a pensar que o local estava deserto, já que não vi ninguém.
Leio o crachá do polícial e nele está escrito "Mark Tompson". Ele me da a mão e me ergue, mas pede que eu o acompanhe, ele me leva para fora, e no caminho olho para o cadáver. Ele está todo comido pelos insetos e já está se dissolvendo, levo um grande susto, desmaio.
" Corro. As ondas lançam suas garras na areia sob meus pés, sem parar. Respiro de forma tão irregular que meus pulmões estão prestes a explodir, mas continuo correndo.
A areia dourada abre caminho sob meus pés e se estende até onde meus olhos conseguem ver, e ainda assim eu me arrasto, escorrego e corro.
O terror está em meus calcanhares.
Ele se aproxima. Eu poderia me virar e encará-lo, ver o que era.
Corro "
-Shhh, está tudo bem.
Eu luto, depois me dou conta de que é apenas um polícial tentando me acordar para sairmos do carro.
A porta se abre e a luz jorra das lâmpadas que ficam nas paredes da frente da delegacia. Desço e nós entramos.
-O que está havendo? - Pergunta um outro polícial
-Apenas um sonho ruim - Responde Mark - Mas agora já está tudo bem, não é mesmo Katherine? - Mark responde o outro polícial olhando para mim
Meu batimento cardiaco esta lento; a visão está clareando. Eu a afasto
-Sim, estou bem - As palavras saem da minha boca, mas parte de mim ainda está correndo.

Aquela menina...Onde histórias criam vida. Descubra agora