Capítulo 4

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- Do que você está falando maluca? – minha amiga me encarava como se eu tivesse perdido o juízo de vez.

- Eu sabia que você não estava bem. – Lucca veio até mim e me segurou pelos braços. – Do que você está falando? Viagem no tempo? Endoidou Tina?

- Não gente! – falei animada. – Eu entendi o que a vovó quis dizer quando me deu esse medalhão.

- O que ela disse? – meu amigo me encarou com medo da resposta.

- Ela disse "Valentina, esse medalhão é mágico, como as fases da lua. Ele vai te mostrar o caminho certo quando chegar a hora, minha filha. E você vai perceber que sua felicidade sempre esteve bem a sua frente. Guarde-o com cuidado.".

- E o que ela quis dizer? – minha amiga se sentou no sofá esperando minha resposta.

Eu puxei o Lucca e o fiz se sentar ao lado de Emily. Me sentei no chão e cruzei as pernas estilo borboleta. Tirei o medalhão do pescoço o analisando e mostrando em seguida para meus amigos que ainda me olhavam sem entender absolutamente nada.

- Acho que ela quis dizer que eu posso mudar o meu passado viajando no tempo com o medalhão. Só preciso descobrir como é que acontece a mágica.

- Você acha que ela quis dizer isso? – minha amiga me olhou intrigada. – Tina, você tinha que ter certeza. E se não for isso? E se você só estivesse lembrando de algo do passado?

- Não, era real. Eu viajei no tempo. Eu sei que viajei. – eu disse tentando parecer convicta. – Tinha duas eu, duas Valentina. Eu não estou louca, aquilo não foi uma lembrança. Porque eu iria me lembrar de como conheci o Henry? Isso não tem importância agora.

- Ah meu deus! – Emily jogou a cabeça sobre as pernas e resmungou mais alguma coisa que não ouvi.

- Você está me dizendo que viajou no tempo para quando você e Henry se conheceram? – Lucca perguntou tentando entender.

- Sim! Só que isso não faz sentido algum. Porque eu iria viajar no tempo só para ver como nós nos conhecemos? – falei pensativa. – E se eu tivesse viajado pra impedir?

- Não entendi amiga, explica. – Emily me olhou com atenção.

- E se o medalhão estiver me dando a chance de eu não conhecer o Henry? Talvez eu deva voltar pra impedir que isso aconteça. O Lucca tentou e não conseguiu. E se for isso?

Meus amigos se entreolharam e Lucca acenou com a cabeça parecendo concordar, enquanto Emily olhava para nós querendo dizer que isso tudo é loucura. Mas, para mim não parecia loucura, era o mais coerente motivo para o medalhão me levar para quando conheci aquele canalha.

Eu estava decidida, iria descobrir como aquilo funcionava e tentaria impedir que eu fosse até o Henry naquela noite. Eu tentaria de tudo para mudar o meu passado, nem que para isso eu tenha que dizer para mim mesma que sou do futuro e contar tudo o que vai acontecer. E ninguém iria me impedir de fazê-lo.




***





Eu estava deitada na minha cama fitando o teto do meu quarto cheio de estrelinhas coloridas e pensando em como tudo aconteceu na casa do Lucca. Eu tentava passar exatamente tudo o que eu fiz, desde a hora que eu entrei até o momento que voltei para o passado. Mas, nada fazia sentido.

- Se você estivesse de olhos fechados diria que está morta. – Emily fala entrando no quarto e me fazendo pular da cama com o susto.

- Merda Mily! Você me assustou. – me sentei na cama com a mão no peito sentindo o coração bater tão forte como se fosse pular para fora. – Eu estava concentrada tentando descobrir como fui para o passado.

- Ainda nisso? – minha amiga sentou na cama me olhando sem acreditar em tudo o que eu disse horas antes. – Vamos esquecer um pouco disso, tá bom? Preciso de você para uma coisa.

- O quê?

- A lua está crescente, preciso que corte meu cabelo. Pelo menos uns dois dedos. Ele não quer crescer de jeito algum, e como sei que você só corta se souber em que fase a lua está, já vim preparada. – ela levantou em uma mão o calendário e na outra a tesoura e o pente.

Dei risada e me levantei da cama, indo em direção ao banheiro para amarrar o meu longo cabelo cacheado, que minha amiga dizia que era encaracolado. Amarrei o cabelo em um coque frouxo e voltei para o quarto encontrando Emily de frente ao grande espelho perto da porta. Ela penteava os cabelos jogando-os para trás.

- Venha, eu faço isso. – puxei a cadeira da escrivaninha para ela sentar e assim ela o fez. – Você quer somente dois dedos?

- Sim, acho que já é o necessário para ver se ele cresce. – ela deu de ombros.

- Está bem.

Fui separando as mechas como minha avó me ensinou e fui cortando aos poucos os fios de cabelo da minha amiga. Depois de uns 10 minutos terminei e mandei ela ir se olhar no espelho para caso quisesse cortar mais um pouco. Ela jogou o cabelo para frente e ficou analisando por alguns segundos.

- Tina, acho que vou cortar mais dois dedos. Não estou sentindo diferença.

- Então vem, senta aqui que eu corto mais.

Ela se sentou novamente e quando arrumei os cabelos de Emily para cortar me dei conta. Era lua crescente. A vovó tinha o hábito de dizer que nessa fase da lua a gente sentia e fazia alguns questionamentos dentro de nós, como se estivesse em negação ou descrença por causa da fase crescente, que na perspectiva dela nos fazia pensar para crescer em relação a algo. Era isso!

Fiquei com aquilo na cabeça enquanto cortava os cabelos da minha amiga e assim que terminei a virei de frente para mim bruscamente assustando-a.

- É a lua. A fase da lua. – eu disse com animação e ela me olhava sem entender.


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⏰ Última atualização: Jan 04, 2022 ⏰

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