cap 1: 𝑻𝒂𝒓𝒆𝒇𝒂 𝒔𝒆𝒔𝒔𝒆𝒏𝒕𝒂 𝒆 𝒒𝒖𝒂𝒕𝒓𝒐

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☀︎︎ Any gabrielly

📍 Dias atuais

E não é que eu me saí bem mal como um cupido? Quem diria! Talvez o meu erro fosse tentar justiçar os amores não correspondidos e isso acabava fazendo com que eu criasse um mar de corações quebrados. Eu deveria ser o anjo das ilusões amorosas, caso o cargo existisse.

Foram exatamente sessenta e três tarefas falhas. E mesmo que Klaus se negasse a admitir, eu tinha certeza de que ele estava pensando em como me enfiar em um daqueles cubículos com os termômetros, os anjos do clima. Eu ainda tinha mais trinta e sete chances e não podia desistir assim, apesar do desânimo.

- Vai, fala logo! - eu gritei para o monitor enquanto caminhava de um lado para o outro da sala.

Sarah Grace estava tendo o seu quinto encontro com o terceiro homem em quem eu dei uma flechada. Ele a estava deixando em casa e eles tinham acabado de dar um beijo de boa noite. Tudo o que ela precisava fazer era convida-lo para entrar e elevar a relação para um outro nível.

- Você quer...

- Isso, fala! - implorei.

- Desculpe, Sarah. Acho que devíamos ver outras pessoas.

- O que? Não! Não! Não! - bati em minha mesa com força.

E mais uma vez a cena se repetia. O flechado terminava tudo e o meu humano acabaria a noite chorando e se perguntando qual o sentido da vida.

Fervilhei de raiva quando a notificação "status atual: incompatíveis" apareceu na parte de cima da tela. Agora era a hora mais chata: cuidar do relatório detalhado e encaminhar Sarah Grace para outro cupido. Eu odiava a parte da burocracia.

Depois de relatar os meus erros e passar a minha humana para outro, eu merecia relaxar um pouco e para isso eu fui até a área de recreação do céu, um espaço criado para os anjos descarregarem as energias e espairecerem um pouco depois de trabalharem tanto. Era um lugar que mais parecia um bar, mas sem a bebida alcoólica, o que foi terrível para mim nos primeiros dias, até eu começar a me acostumar com o suco celestial que eles serviam.

Quando entrei, avistei Klaus ao balcão tomando um drink daquela coisa indescritível.

- Dia difícil? - ele perguntou quando eu sentei no banco ao seu lado.

- Falhei com a Sarah Grace também. - bufei. - E lá se vai a tarefa sessenta e quatro.

- Sabe, Any, eu gosto de você. Não gostei no início, mas você se mostrou bem parecida comigo. Eu também não tenho muita paciência.

- E você costumava negar esse seu lado. - ri.

- De fato. - concordou. - E por gostar de você, eu quero te oferecer um update.

- Como assim?

- Não ofereço isso para todos os anjos e a maioria não aceita, mas é algo que realmente pode dar certo. Você pode descer até a Terra e ajudar o seu próximo humano pessoalmente, como se você fosse só uma amiga aconselhadora. Mais eficaz do que só observar e dar flechadas, uh? Você pode literalmente sussurrar no ouvido do seu humano.

- Isso parece ótimo. Eu gostaria de fazer isso.

- Tem um preço.

- Claro, nada que é bom vem de graça aqui. - revirei os olhos.

- Você vai ter que abdicar de todas as suas outras trinta e tantas tarefas, além de perder o direito ao cargo de anjo do clima. Se falhar com o humano na Terra, voltará aos céus direto para o limbo. Sem trabalho, sem reencarnação.

𝗘𝘀𝘁𝘂́𝗽𝗶𝗱𝗼 𝗖𝘂𝗽𝗶𝗱𝗼 (𝑎𝑑𝑎𝑝𝑡𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜 𝑏𝑒𝑎𝑢𝑎𝑛𝑦)Onde histórias criam vida. Descubra agora